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17/04/2003
-
03h30
da Folha de S.Paulo, em Nova York
O governo americano começou a enviar notas de US$ 1 e de US$ 5 para os primeiros trabalhos de reconstrução do Iraque.
O dinheiro sai do Federal Reserve de Nova York, um dos braços do banco central dos EUA, e vai de avião para o país, onde será usado no pagamento de servidores civis, segundo publicou o "Wall Street Journal", numa informação confirmada ontem por oficiais americanos em Bagdá.
A atitude, na prática, dá início a um processo de dolarização da economia iraquiana e responde a uma das muitas dúvidas que há sobre os caminhos que o governo dos EUA adotará no pós-guerra. Resta saber, por exemplo, se a dolarização será total ou parcial e se será provisória.
Os primeiros dólares serão utilizados ainda nesta semana. O salário médio será de US$ 20 -um profissional de nível superior ganhava cerca de US$ 50.
Os carregamentos estarão lastreados no US$ 1,7 bilhão em investimentos iraquianos recentemente confiscados pela administração de George W. Bush. O Fed de Nova York se recusou a detalhar quanto dinheiro está sendo enviado ao Iraque.
"Não havia outra escolha para o governo americano", afirma Benn Steil, diretor do Centro para Estudos Geoeconômicos Maurice R. Greenberg. "Até mesmo o mais nacionalista dos iraquianos gostará agora de ter dólares em vez de dinares", diz ele.
Até o início da guerra, havia duas moedas no Iraque, ambas chamadas dinar. Uma delas era emitida pelo governo de Bagdá e trazia a imagem do ditador Saddam Hussein estampada em suas notas. Outra, conhecida como "dinar suíço" em referência ao país onde suas notas eram impressas, circulava, sob limitações de volume, no norte do país, na área controlada pelos curdos.
A moeda do regime de Saddam conheceu enorme flutuação durante a última década.
Antes do embargo determinado pela ONU na sequência da Guerra do Golfo (1991), um dinar valia US$ 3,20. A desvalorização, porém, fez com que antes do início do atual conflito fossem necessários 2.500 dinares para comprar um dólar. Com os saques a bancos após a tomada de Bagdá, a cotação chegou a atingir picos de 16 mil dinares por dólar, e a moeda foi à venda no eBay, site de leilão na internet, como relíquia.
Embora seja plausível supor que o governo americano queira tirar do mercado as notas que trazem a imagem de Saddam, isso pode levar tempo. "Mecanicamente, não é fácil fazer isso. Primeiro, porque tem de ser trocado por algo. Além disso, não sabemos nem mesmo quanto desse dinheiro existe", afirma Steil.
O mais provável, aponta ele, é que o Iraque conviva nos próximos dois anos com três moedas (o dólar e os dois dinares). A escolha da moeda definitiva do país seria feita após a instalação de um novo governo, mas há dúvida sobre as repercussões que o uso do dólar no Iraque terá nos vizinhos árabes, já que a medida pode ser vista como imperialista.
Após o conflito na antiga Iugoslávia, a Bósnia introduziu como meio de pagamento o marco, da Alemanha, a maior economia da Europa.
Especial
Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
EUA iniciam "dolarização" do Iraque
ROBERTO DIASda Folha de S.Paulo, em Nova York
O governo americano começou a enviar notas de US$ 1 e de US$ 5 para os primeiros trabalhos de reconstrução do Iraque.
O dinheiro sai do Federal Reserve de Nova York, um dos braços do banco central dos EUA, e vai de avião para o país, onde será usado no pagamento de servidores civis, segundo publicou o "Wall Street Journal", numa informação confirmada ontem por oficiais americanos em Bagdá.
A atitude, na prática, dá início a um processo de dolarização da economia iraquiana e responde a uma das muitas dúvidas que há sobre os caminhos que o governo dos EUA adotará no pós-guerra. Resta saber, por exemplo, se a dolarização será total ou parcial e se será provisória.
Os primeiros dólares serão utilizados ainda nesta semana. O salário médio será de US$ 20 -um profissional de nível superior ganhava cerca de US$ 50.
Os carregamentos estarão lastreados no US$ 1,7 bilhão em investimentos iraquianos recentemente confiscados pela administração de George W. Bush. O Fed de Nova York se recusou a detalhar quanto dinheiro está sendo enviado ao Iraque.
"Não havia outra escolha para o governo americano", afirma Benn Steil, diretor do Centro para Estudos Geoeconômicos Maurice R. Greenberg. "Até mesmo o mais nacionalista dos iraquianos gostará agora de ter dólares em vez de dinares", diz ele.
Até o início da guerra, havia duas moedas no Iraque, ambas chamadas dinar. Uma delas era emitida pelo governo de Bagdá e trazia a imagem do ditador Saddam Hussein estampada em suas notas. Outra, conhecida como "dinar suíço" em referência ao país onde suas notas eram impressas, circulava, sob limitações de volume, no norte do país, na área controlada pelos curdos.
A moeda do regime de Saddam conheceu enorme flutuação durante a última década.
Antes do embargo determinado pela ONU na sequência da Guerra do Golfo (1991), um dinar valia US$ 3,20. A desvalorização, porém, fez com que antes do início do atual conflito fossem necessários 2.500 dinares para comprar um dólar. Com os saques a bancos após a tomada de Bagdá, a cotação chegou a atingir picos de 16 mil dinares por dólar, e a moeda foi à venda no eBay, site de leilão na internet, como relíquia.
Embora seja plausível supor que o governo americano queira tirar do mercado as notas que trazem a imagem de Saddam, isso pode levar tempo. "Mecanicamente, não é fácil fazer isso. Primeiro, porque tem de ser trocado por algo. Além disso, não sabemos nem mesmo quanto desse dinheiro existe", afirma Steil.
O mais provável, aponta ele, é que o Iraque conviva nos próximos dois anos com três moedas (o dólar e os dois dinares). A escolha da moeda definitiva do país seria feita após a instalação de um novo governo, mas há dúvida sobre as repercussões que o uso do dólar no Iraque terá nos vizinhos árabes, já que a medida pode ser vista como imperialista.
Após o conflito na antiga Iugoslávia, a Bósnia introduziu como meio de pagamento o marco, da Alemanha, a maior economia da Europa.
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