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20/04/2003 - 08h13

Rupert Murdoch vence guerra na mídia

ROBERTO DIAS
da Folha de S.Paulo, em Nova York

O presidente George W. Bush fez a guerra, mas o real senhor dela talvez seja um homem que tem um exército sem mísseis nem tanques e veio não do Texas, mas de Melbourne. Rupert Murdoch, 72, australiano naturalizado americano, sai do front como o grande vitorioso na mídia dos EUA.

É um efeito semelhante ao que aconteceu com Ted Turner, da CNN, após a primeira Guerra do Golfo, só que de forma ampliada.

Sua vitrine é a a Fox News, a emissora número 1 do país. A guerra foi o teste que há tempos se esperava para ela -parte dos analistas apostava que a CNN retomaria a liderança no conflito.

Na primeira semana de abril, a Fox News transmitiu 14 dos 15 programas mais vistos da TV a cabo, segundo a Nielsen. A CNN, que investiu US$ 30 milhões na cobertura, emplacou um único produto seu, no 13º lugar.

Um fato torna o feito da emissora de Murdoch ainda mais significativo: ela venceu justamente no nicho da mídia que foi o maior beneficiado pela guerra, o das TVs a cabo. As três principais dos EUA (Fox News, CNN e MSNBC) viram sua audiência crescer mais de 200% com o conflito.

Número 1 entre esses canais, com cerca de 500 mil espectadores a mais na média que a CNN, a Fox News baseou-se num noticiário fortemente editorializado e numa cara "patriótica".

"Eles encontraram um público que estava lá e deram a ele uma TV com a qual se identificasse", diz Peter Hart, analista do instituto Fair, um "think tank" liberal.

Sua análise fica mais clara à luz de pesquisa do Pew Research Center, segundo a qual o sentimento antiguerra é o item mais apontado pelos americanos como sendo o que está recebendo a cobertura mais exagerada da mídia -40% pensam assim.

Diversificação

Dono de um império global de comunicações, Murdoch tem, nos EUA, não só a TV a cabo mais vista, como também um braço mais estratégico, a revista "Weekly Standard", apontada como a leitura número 1 da Casa Branca.

Com isso, o grau de polarização em relação à Fox News é grande. A revista de esquerda "The Nation", por exemplo, após publicar anúncio da emissora de Murdoch, recebeu cartas iradas e perdeu leitores, a tal ponto de ter de explicar as necessidades de seu caixa em editorial.

Enquanto isso, Murdoch não pára. Na última quarta, mesmo dia em que os americanos derrubavam a estátua do ex-ditador Saddam Hussein em Bagdá, acertava a compra da DirecTV, passando a controlar a principal operadora de canais pagos via satélite dos Estados Unidos.

Com a aquisição de R$ 6,6 bilhões, Murdoch assume também as duas principais empresas do setor no Brasil, a Sky e a Directv, que juntas detêm 95% do mercado, num virtual monopólio.

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