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20/04/2003 - 18h49

Saiba mais sobre Jay Garner, general que vai comandar Iraque

da Folha Online

Jay Garner, o general da reserva que os EUA vão colocar como governador civil no Iraque, tem uma sólida experiência no Oriente Médio, mas é frequentemente questionado por suas estreitas relações com a indústria de armas e Israel.

Ex-autoridade militar de 64 anos, de cara vermelha e redonda, Garner é jovial e fala com o típico sotaque do sul dos Estados Unidos. Responde com facilidade às perguntas e dá tapinhas nas costas de seus futuros subordinados.

Escolhido para ser o administrador civil provisório no Iraque, responsável pelo esforço inicial de reconstrução civil e de ajuda humanitária, Garner conta com ótima reputação, mas é uma figura controversa.

Amizades militares

O general da reserva, com três estrelas, aceitou retomar seus serviços junto ao chefe do Comando Central das forças americanas, general texano Tommy Franks, que será o verdadeiro homem-forte no Iraque no pós-guerra.

Amigo pessoal do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, Garner é relativamente pouco conhecido. Fez sua carreira basicamente no Exército, subindo os escalões da hierarquia militar até o posto de vice-chefe adjunto do Estado Maior conjunto do Exército.

Ocupou também o posto de chefe do comando de Defesa Estratégica e do Espaço do Exército, uma estrutura criada no contexto do famoso programa de defesa antimísseis impulsionado pelo presidente Ronald Reagan (1981-1989).

Durante a Guerra do Golfo de 1991, era responsável pelos sistemas antimísseis Patriot. Depois do conflito, foi encarregado de assegurar o retorno dos refugiados curdos para o norte do Iraque.

Seus ex-colaboradores o descrevem como um homem "de compaixão, atento e muito voltado para as pessoas".

SY Tecnology

Depois de ir para a reserva em 1997 e sem experiência alguma no setor privado, Garner foi nomeado diretor-geral da SY Tecnology, empresa de alta tecnologia militar. No ano passado, a empresa foi absorvida pelo grupo industrial de defesa L-3 Communications, do qual ele renunciou em janeiro.

Paradoxalmente, a L-3 Communications fabrica principalmente os sistemas de instrumentação de direção e comandos utilizados nos mísseis americanos, os mesmos que atingiram Bagdá durante a guerra.

A eleição do homem envolvido no complexo militar industrial para administrar civilmente o Iraque levantou perguntas sobre possíveis conflitos de interesses. Não chega a ser uma novidade um militar dirigir os esforços de reconstrução depois de uma guerra, como aconteceu com o general Douglas McArthur depois de 1945 no Japão.

O que parece inédito é a escolha, para o principal posto dos esforços de reconstrução, de alguém que recentemente dirigia uma empresa de Defesa parcialmente responsável pela destruição do país em questão.

"É um exemplo brilhante de nossa indiferença em relação ao povo iraquiano. Põe em evidência a falta de reflexão que é parte da administração Bush", deplorou David Kirp, professor de ética da Universidade de Berkeley.

Tráfico de influência

Desde a presidência da SY Technology, o general Garner foi recentemente acusado de suposto tráfico de influência. Um ex-tenente coronel do Comando Espacial, Biff Baker, acusou-o de ter obtido os contratos do departamento de Defesa por US$ 100 milhões por causa de seus contatos.

Garner retrucou dizendo que essas acusações não passavam de difamação. O espinhoso assunto foi resolvido nos tribunais mediante um acordo amigável confidencial.

Seu posicionamento político a favor da defesa do Estado de Israel e suas ligações com o Instituto Judaico para Assuntos de Segurança Nacional lhe valeram também acusações de "sionista" por parte de alguns meios árabes.

Talvez seja por esta razão que, como afirmou o Pentágono, ele deverá ficar no posto só por alguns meses, antes de ser substituído por uma "personalidade civil de reputação internacional".

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