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26/04/2003 - 03h02

Economista de Menem quer ligação com EUA

CLÓVIS ROSSI
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Buenos Aires

Os dois períodos de Carlos Menem como presidente argentino, de 1989 a 1999, ficaram celebrizados, em relações internacionais, com a afirmação de que a Argentina pretendia manter "relações carnais" com os Estados Unidos, frase atribuída a seu chanceler, Guido di Tella, já morto.

Agora, se Menem ganhar de novo, as relações carnais tendem ao orgasmo múltiplo, posto que Pablo Rojo, tido hoje como principal economista do ex-presidente, quer um acordo com Washington que preveja alinhamento total.

Em segurança, combate ao terrorismo, relações comerciais (leia-se Alca, Área de Livre Comércio das Américas), a Argentina seguiria estritamente as posições norte-americanas. Em troca, ganharia uma ajuda financeira substancial, entre US$ 25 bilhões e US$ 30 bilhões.

É claro que Rojo precisa, primeiro, combinar com os norte-americanos e, depois, com o próprio Menem, que hoje parece menos inclinado a um relacionamento tão íntimo com Washington.

De todo modo, é uma indicação preciosa das dificuldades que provocará para a relação Brasil/ Argentina uma eventual vitória de Menem.

Ainda mais que outro assessor importante do ex-presidente, Jorge Castro, que foi seu chefe de Inteligência, defende uma ação conjunta Brasil/Argentina na Colômbia, em respaldo ao Plano Colômbia, liderado pelos Estados Unidos e visto com forte desconfiança por Brasília.

Como é natural nos bons diplomatas, o embaixador brasileiro em Buenos Aires, José Botafogo Gonçalves, trata de manifestar a mais completa naturalidade.

"Não vejo nenhum dos candidatos com um viés anti-Mercosul", diz o embaixador, em referência ao projeto que é a menina dos olhos da diplomacia brasileira desde José Sarney até Lula.

É uma maneira de não acentuar a impressão de que Menem, por ser pró-EUA, acabaria por sepultar o Mercosul.

Relações bilaterais

O embaixador acha que Menem (como qualquer candidato) poderia, sim, causar um enorme problema nas relações bilaterais e no bloco sulista se adotasse uma política cambial diferente do câmbio flutuante que hoje vigora nos dois países.

Mas, ao que tudo indica, o ex-presidente abandonou a idéia de dolarizar a economia argentina, o que de fato seria o último prego no caixão do Mercosul.

Quanto aos outros quatro principais candidatos, todos falam bem do Mercosul.

Ricardo López Murphy conhece bem o Brasil e gosta do país, com o qual tem relações afetivas: sua mãe foi chefe de comissárias de bordo da Varig.

Mas, sobre o Mercosul, a coisa pode ser mais complicada: López Murphy está disposto a propor a revisão da TEC (Tarifa Externa Comum), que é o imposto de importação igual para todos os quatro países do Mercosul.

Ele não diz, mas o alvo mais provável são os bens de capital, que hoje a Argentina pode importar com tarifa zero, concessão brasileira durante a crise de 2001.

Acontece que, para modernizar as fábricas argentinas, qualquer governo disposto a recuperar a produção não vai querer onerar, com tarifa alta de importação, justamente a compra no exterior de máquinas e equipamentos.

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