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30/04/2003 - 03h10

OMS alerta para risco de endemia de Sars

FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou ontem que a epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês) pode se transformar em uma doença endêmica, caso novos surtos não sejam contidos. Até ontem, a Sars havia matado em todo o mundo 353 pessoas, com 5.462 casos notificados.

A advertência foi feita por David Heymann, chefe do setor de doenças transmissíveis da OMS, durante encontro de emergência em Bancoc, na Tailândia, com líderes do Sudeste Asiático.

Na segunda, Heymann havia dito que o pior da epidemia já havia passado em Hong Kong, Cingapura, Toronto e Vietnã. Ontem, no entanto, ele disse que ainda não motivos para comemoração.

"Certamente, o risco de a Sars se tornar endêmica ainda é muito grande", disse Heymann.

Uma doença é considerada endêmica quando ocorre de forma constante numa região, mas sem crescimento exponencial. É o caso do mal de Chagas em algumas áreas do Brasil, por exemplo.

Alerta otimista

O virologista Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, entretanto, considera que o alerta da OMS é otimista.

"Espero que ele esteja certo, mas é muito cedo para uma afirmação dessa", disse, ressaltando que até agora se sabe muito pouco sobre o vírus causador da doença.

Para Zanotto, que está pesquisando o vírus, não está descartado o risco de a Sars se tornar uma pandemia -epidemia em escala mundial. "É preciso estar muito atento ao que está acontecendo nos países de Terceiro Mundo, principalmente Índia, África e América Latina", disse.

Opinião semelhante tem o virologista Vicente Amato Neto, professor emérito da Faculdade de Medicina da USP. "Além de ser uma previsão otimista, ela não tem sustentação, pois o surto não está bem caracterizado", afirmou.

"Preocupa o fato de a transmissão ser por via respiratória", disse Amato, que, no entanto, ressaltou a rapidez com que o vírus foi identificado e as medidas drásticas adotadas em países onde surgiram focos da doença.

Ásia

Em um esforço para restaurar a imagem da China -criticada por esconder casos de Sars no início da epidemia-, o premiê Wen Jiabao prometeu ontem em Bancoc que seu país fornecerá informações confiáveis sobre o problema no país, principal foco mundial da doença.

"O governo chinês está aqui com um espírito de sinceridade", disse Wen, no encerramento do encontro, que reuniu líderes dos dez países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) -da qual a China não participa.

Demonstrando que o governo chinês está levando o problema a sério, o premiê disse que "a epidemia de Sars será longa, complexa e reincidente". No início deste mês, Jiabao havia dito que a Sars estava "controlada".

A China e a Asean anunciaram uma série de medidas em conjunto, como inspeções rigorosas nos aeroportos internacionais.

Estados Unidos

Os EUA registraram até ontem 52 casos prováveis e 220 casos suspeitos, disse ontem a coordenadora dos Centros de Controle de Doenças (CDC), Julie Gerberding, em audiência no Senado.

Os números divulgados são bastante superiores ao casos registrados naquele país pela OMS -41 casos acumulados até o último dia 25.

"Teremos de trabalhar muito para prevenir o contágio da doença", disse Gerberding.

Segundo a virologista brasileira Teresa Peret, pesquisadora da seção de vírus respiratórios do escritório central dos CDC, em Atlanta, os dados devem ser vistos com ressalva.

"Na verdade, "provável" e "suspeito" compartilham de um conceito: ausência de diagnóstico laboratorial confirmado", afirmou.

Ela explica que os EUA adotaram "definições amplas" da Sars, para controlar melhor a doença. "Seguramente não temos 272 casos da doença, senão estaríamos sendo comparados com a China".
 

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