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12/05/2003 - 10h06

Atentado na Tchetchênia mata 31 e fere 179

da Folha Online

Um caminhão-bomba explodiu hoje em uma área habitada por membros favoráveis ao governo da Rússia, no norte da Tchetchênia, deixando 31 mortos e ferindo 179 pessoas. O ataque foi atribuído a grupos rebeldes, segundo informações das autoridades tchetchenas.

Nenhum grupo rebelde reivindicou a autoria do atentado até o momento, mas o presidente russo, Vladimir Putin, encontrou-se com membros do Kremlin e disse que a ação visa desetsabilizar o governo tchetcheno.

"Todas as ações desse gênero têm apenas um objetivo: parar o processo de colonização da Tchetchênia, parar o processo de reformulação política da região...Nós não podemos permitir ações como essa e nós, obrigatoriamente, não vamos permitir isso", disse Putin a uma rede de TV russa.

Em dezembro, dois atentados suicidas com caminhões-bomba, em circunstâncias similares ao atentado de hoje, atingiram a parte externa do quartel-general do governo pró-Moscou em Grozni, matando 70 pessoas.

No mês passado, uma explosão matou 16 pessoas que viajavam em um ônibus, em um ataque que foi filmado e posteriormente mostrado no site de um grupo rebelde.

Violência

O atentado de hoje é um dos piores acontecimentos na crise de violência entre a Tchetchência e a Rússia, que já dura 44 meses. Segundo informações das autoridades, o número de mortos no atentado deve aumentar.

A explosão, que ocorreu por volta das 10h (3h de Brasília) --no primeiro dia de trabalho após uma séria de feriados na região--, dá sinais de que a violência na Tchetchênia continua, apesar de o Kremlin tentar mostrar que há mais de três anos e meio a guerra entre os dois países acabou e a vida volta ao normal.

O major-general Ruslan Avtayev, ministro das Situações de Emergência da Tchetchênia, disse que a explosão destruiu complemente dois andares de um prédio onde vivem oficiais do Serviço Federal de Segurança (serviço de inteligência que conduz a campanha do governo russo na Tchetchênia) na cidade de Znamenskoye. Ademais, a explosão danificou outros quatro prédio administrativos próximos ao local.

Até o momento, 30 pessoas morreram, segundo Avtayev and Sultan Akhmetkhanov, o dirigente da região de Nadterechny, onde ocorreu a explosão. Mais de cem pessoas foram hospitalizadas. De acordo com informações de oficiais, outras oito casas residenciais também foram atingidas.

Teatro

No dia 23 de outubro, um grupo de rebeldes tchetchenos tomou um teatro de Moscou e fez cerca de 800 pessoas reféns durante 58 horas. Os rebeldes reivindicavam a retirada imediata das forças russas da Tchetchênia. Sem chegar a um acordo, a polícia de Moscou lançou um gás a base ópio dentro do teatro e deu início à operação de resgate: o gás causou a morte de 129 reféns. Outros dois reféns morreram baleados pelos terroristas. Todos os 41 rebeldes que invadiram o teatro também morreram no incidente.

O Exército russo entrou na Tchetchênia no final de setembro de 1999, alegando combater grupos terroristas islâmicos. Após quase dois anos de combates, Moscou domina a maior parte da região, incluindo a capital, Grosni, e as principais cidades.

A Tchetchênia, de maioria muçulmana, é formalmente uma república russa, mas havia conquistado autonomia após o conflito travado com Moscou entre 1994 e 1996. A região foi anexada pela Rússia no século 18, ainda na época dos czares.

Organizações internacionais criticam, desde o início da ofensiva russa, o desrespeito aos direitos humanos. Civis e rebeldes tchetchenos teriam sido barbaramente torturados e mortos por soldados russos.

O presidente russo, Vladimir Putin, se tornou a figura mais popular na política do país graças à sua ação na ofensiva na Tchetchênia e ganhou a eleição presidencial ocorrida em março de 2000.

Conflito

Em dezembro de 1994 a Rússia desencadeou a guerra contra a República independentista da Tchechênia. O conflito durou 21 meses, deixou milhares de mortos e terminou com a retirada dos russos. A Tchetchênia, que faz parte do território russo, passou a gozar de ampla autonomia.

Em setembro de 1999, Putin ordenou nova ofensiva militar contra a Tchechênia, considerada uma república rebelde, alegando que a Província abrigaria rebeldes islâmicos que pretendiam estabelecer uma República fundamentalista no Daguestão, região vizinha à Tchechênia. Segundo o governo da Rússia, os rebeldes seriam os responsáveis pelos atentados terroristas que deixaram quase 300 mortos em 1999.

No mês passado, cerca de 14 rebeldes tchetchenos e dois soldados russos morreram em dois dias de confrontos. Dez rebeldes foram mortos durante tiroteios com o Exército russo, e dois soldados russos morreram na explosão de uma mina na região de Chali (sudeste).

O último balanço oficial russo é de 4.249 mortos desde julho de 1999, data em que começou a intervenção das forças federais no Cáucaso do Norte.

Com agências internacionais

Especial
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