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14/05/2003 - 10h38

Sobe para 20 número de mortos em novo atentado na Tchetchênia

da Folha Online

Um novo atentado suicida deixou mais de 20 mortos na Tchetchênia, disse hoje a administração tchetchena pró-Rússia, segundo a agência de notícias Interfax.

O ataque foi realizado por uma mulher no povoado de Ilasjan Yurt (40 km ao leste da capital tchetchena, Grosni), na região de Vedeno (sudeste da Tchetchênia), durante a celebração de uma festa religiosa, disse Chamsail Saraliev, conselheiro do chefe da administração tchetchena leal a Moscou, Ajmad Kadyrov.

Segundo Saraliev, Kadyrov estava no local do atentado, mas saiu ileso do incidente.

Saraliev anunciou que o ministro do Interior do governo pró-russo tchetcheno, Alu Aljanov, foi enviado para Ilasjan Yurt e que foram adotadas medidas para deter possíveis cúmplices da terrorista suicida.

O fiscal da Tchetchênia, Vladimir Kravchenko, disse que a mulher-bomba detonou a carga explosiva na praça central da cidade no meio da multidão.

Reuters
Imagem da TV RTR mostra prédio destruído após explosão de caminhão-bomba na Tchetchênia


Na segunda-feira (12), um caminhão-bomba explodiu em uma área habitada por membros favoráveis ao governo da Rússia, no norte da Tchetchênia, deixando 58 mortos (entre eles seis crianças e o suicida) e mais de cem feridos (57 deles em estado grave).

As autoridades tchechenas e russas atribuíram o ataque a grupos rebeldes, mas nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado até o momento.

Após o ataque, o presidente russo, Vladimir Putin, encontrou-se com membros do Kremlin e disse que a ação [o atentado] visa desestabilizar o governo tchetcheno.

"Todas as ações desse gênero têm apenas um objetivo: parar o processo de colonização da Tchetchênia, parar o processo de reformulação política da região...Nós não podemos permitir ações como essa e nós, obrigatoriamente, não vamos permitir isso", disse Putin a uma rede de TV russa.

Em dezembro, dois atentados suicidas com caminhões-bomba, em circunstâncias similares ao atentado de hoje, atingiram a parte externa do quartel-general do governo pró-Moscou em Grozni, matando 70 pessoas.

No mês passado, uma explosão matou 16 pessoas que viajavam em um ônibus, em um ataque que foi filmado e posteriormente mostrado no site de um grupo rebelde.

Violência

O atentado de segunda-feira é um dos piores acontecimentos na crise de violência entre a Tchetchênia e a Rússia, que já dura 44 meses.

A explosão, que ocorreu por volta das 10h (3h de Brasília) --no primeiro dia de trabalho após uma séria de feriados na região--, dá sinais de que a violência na Tchetchênia continua, apesar de o Kremlin tentar mostrar que há mais de três anos e meio a guerra entre os dois países acabou e a vida volta ao normal.

A explosão destruiu complemente dois andares de um prédio onde vivem oficiais do Serviço Federal de Segurança (serviço de inteligência que conduz a campanha do governo russo na Tchetchênia) na cidade de Znamenskoye. Ademais, a explosão danificou outros quatro prédio administrativos próximos ao local.

Teatro

No dia 23 de outubro, um grupo de rebeldes tchetchenos tomou um teatro de Moscou e fez cerca de 800 pessoas reféns durante 58 horas. Os rebeldes reivindicavam a retirada imediata das forças russas da Tchetchênia. Sem chegar a um acordo, a polícia de Moscou lançou um gás a base ópio dentro do teatro e deu início à operação de resgate: o gás causou a morte de 129 reféns. Outros dois reféns morreram baleados pelos terroristas. Todos os 41 rebeldes que invadiram o teatro também morreram no incidente.

O Exército russo entrou na Tchetchênia no final de setembro de 1999, alegando combater grupos terroristas islâmicos. Após quase dois anos de combates, Moscou domina a maior parte da região, incluindo a capital, Grosni, e as principais cidades.

A Tchetchênia, de maioria muçulmana, é formalmente uma república russa, mas havia conquistado autonomia após o conflito travado com Moscou entre 1994 e 1996. A região foi anexada pela Rússia no século 18, ainda na época dos czares.

Organizações internacionais criticam, desde o início da ofensiva russa, o desrespeito aos direitos humanos. Civis e rebeldes tchetchenos teriam sido barbaramente torturados e mortos por soldados russos.

O presidente russo, Vladimir Putin, se tornou a figura mais popular na política do país graças à sua ação na ofensiva na Tchetchênia e ganhou a eleição presidencial ocorrida em março de 2000.

Conflito

Em dezembro de 1994 a Rússia desencadeou a guerra contra a República independentista da Tchechênia. O conflito durou 21 meses, deixou milhares de mortos e terminou com a retirada dos russos. A Tchetchênia, que faz parte do território russo, passou a gozar de ampla autonomia.

Em setembro de 1999, Putin ordenou nova ofensiva militar contra a Tchechênia, considerada uma república rebelde, alegando que a Província abrigaria rebeldes islâmicos que pretendiam estabelecer uma República fundamentalista no Daguestão, região vizinha à Tchechênia. Segundo o governo da Rússia, os rebeldes seriam os responsáveis pelos atentados terroristas que deixaram quase 300 mortos em 1999.

No mês passado, cerca de 14 rebeldes tchetchenos e dois soldados russos morreram em dois dias de confrontos. Dez rebeldes foram mortos durante tiroteios com o Exército russo, e dois soldados russos morreram na explosão de uma mina na região de Chali (sudeste).

O último balanço oficial russo é de 4.249 mortos desde julho de 1999, data em que começou a intervenção das forças federais no Cáucaso do Norte.

Com agências internacionais

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