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21/05/2003 - 14h40

Putin comemora os 300 anos de São Petersburgo

LUC PERROT
da France Presse, São Petersburgo

Ao dar grande brilho à sua cidade natal, São Petersburgo, o presidente russo Vladimir Putin, distante das altas esferas políticas moscovitas, quer cultivar a reputação de modernidade da antiga capital imperial, concorrente inveterada há 300 anos de Moscou.

São Petersburgo foi privada de seu status de capital depois da transferência das autoridades bolcheviques para Moscou em janeiro de 1918. Por isso a cidade, ao receber os principais chefes de Estado por ocasião da celebração de seu tricentenário, quer fazer-se lembrar mais do que nunca pelo título de "capital do norte", como é conhecida em grande parte da Rússia.

"Janela para a Europa" e o Ocidente, assim foi chamada São Petersburgo na época dos czares. Desde sempre, a cidade marca sua diferença com Moscou, vista como lugar de intrigas do poder e do dinheiro, capital de um país ancorado na Ásia e refratário aos valores ocidentais.

O presidente Putin, que valoriza acima de tudo a racionalização, a luta contra a corrupção e a integração ao Ocidente, quando chegou ao Kremlin não era hábil nos meandros do poder moscovita por duas razões: sua origem petersburguesa e sua ligação com a ex-KGB, o poderoso serviço de inteligência soviético.

O presidente levou para Moscou várias autoridades do meio petersburguês, como por exemplo seu homem de confiança, o ministro da Defesa Serguei Ivanov.

A escolha da cidade fundada por Pedro o Grande em 1703 para a reunião, no fim de maio, de cerca de 40 chefes de Estado e de Governo, é muito "simbólica", segundo Oleg Barabanov, do Instituto de pesquisa política.

Barabanov diz que "São Petersburgo sempre foi o símbolo da Rússia européia, da fidelidade aos valores da Europa".

Os predecessores de Putin no Kremlin também não eram moscovitas. Mikhail Gorbachev é da região de Stavropol e Boris Ieltsin da zona dos Urais, mas nenhum deles utilizou a imagem de sua terra natal como faz Putin.

"A imagem política de Putin está unida a São Petersburgo", e "recebe cuidados especiais do Kremlin", estima Dmitri Trenin, do escritório russo do Centro Carnegie.
A reunião do tricentenário culminará com uma série de encontros que Putin preferiu organizar em sua cidade, à beira do Báltico.

Os milhões de dólares destinados à restauração do palácio Konstantin, em março de 2000, provocaram boatos de que planejava-se a transferência da capital russa para São Petersburgo.

Para Trenin, os boatos foram simplesmente um "teste" para ver a reação popular. A transferência representaria uma verdadeira "reinvenção do país", afirma uma analista que dúvida que Putin tenha a intenção e os meios para sustentar uma medida tão revolucionária.

 

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