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01/06/2003 - 03h47

Londrinos aprovam cobrança de pedágio no centro da cidade

MARIA LUIZA ABBOTT
Free-lance para a Folha de S.Paulo, de Londres

Duramente criticado por políticos, especialistas, motoristas e mídia antes de entrar em vigor, o pedágio urbano em Londres conseguiu reduzir em cerca de 20% o volume de tráfego diário no centro, em média.

Pesquisas indicam que 75% dos executivos que trabalham no centro da cidade aprovaram o esquema, que começou no dia 17 de fevereiro, embora os pequenos comerciantes instalados na área reclamem do aumento de seus custos.

Mas até o primeiro-ministro Tony Blair, tido como desafeto do prefeito de Londres, Ken Livingstone, reconhece que o sistema está funcionando. "Acho que era uma experiência sobre a qual muita gente tinha dúvidas. Francamente, inclusive eu, mas acho que ele [Livingstone] merece crédito por ter implantado", disse o premiê ao jornal "Financial Times".

As diferenças de Blair com o prefeito não são novas e o elogio não deve ter sido fácil. O primeiro-ministro não queria Livingstone como candidato trabalhista para a prefeitura. Livingstone acabou expulso do partido e se elegeu como candidato independente em 2000.

Fiscalização rígida

Desde que o pedágio começou, para entrar em uma área de 20 quilômetros quadrados no centro da cidade, entre 7h e 18h30, de segunda a sexta-feira, os veículos têm de pagar 5 libras (cerca de R$ 25) por dia. O pagamento é antecipado, e pode ser feito pelo telefone, pela internet, no correio ou em lojas autorizadas.

Mas quem esquecer pode pagar sem multas ainda no mesmo dia em que entrou na área do pedágio. A multa para quem não pagar é de 80 libras (R$ 394). Estão isentos ônibus, táxis, motos, bicicletas, ambulâncias, carros de polícia e veículos para deficientes físicos.

O controle é feito por 900 câmeras espalhadas por 230 pontos e que tiram uma foto da placa do veículo. A foto é enviada a um centro de processamento de dados, onde o número é conferido com o pagamento.

Unidades móveis de fiscalização circulam pelo centro no horário do pedágio, também conferindo as placas e os pagamentos. Em média, 98 mil pessoas têm pagado o pedágio diariamente, e outras 3.000, a multa.

A Prefeitura de Londres estima que venha a arrecadar 100 milhões de libras (cerca de R$ 493 milhões) por ano.

Parte do dinheiro vai ser destinada ao pagamento da implantação do projeto, que custou quase 200 milhões de libras (perto de R$ 1 bilhão). O restante vai ser investido em melhoramento do transporte público na cidade. Essa foi a única maneira que o prefeito encontrou para conseguir a aprovação legal de sua proposta.

Até agora, segundo a prefeitura, mais de 20 mil veículos, por dia, deixaram de circular pelo centro da cidade. Em compensação, o número de passageiros que usam diariamente o transporte público aumentou em 20 mil, de acordo com a prefeitura.

Pelo menos 15 mil deles estão viajando de ônibus e 5.000, de metrô. A empresa de transportes urbanos colocou 300 ônibus extras para atender à demanda, e o metrô, que é um dos piores serviços de transporte da Europa, não virou um caos, como muitos esperavam.

Graças à queda no volume de tráfego, a velocidade dos ônibus na área do pedágio cresceu de 10,4 km/h para 12 km/h, agilizando todo o serviço de transporte.

"Tudo indica que os resultados são positivos e já existem muitas cidades interessadas no projeto, como Bristol e Edimburgo, aqui no Reino Unido, além de Roma, Milão e outras", contou à Folha de S.Paulo o engenheiro Sérgio Chiquetto, um brasileiro que trabalha na consultoria Steer Davies Gleave, que presta serviços à Prefeitura de Londres.

 

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