Publicidade
Publicidade
15/06/2003
-
08h50
Enquanto Amina Lawal espera por seu recurso amparada por advogados e pelo apoio mundial, centenas de outros nigerianos já sentiram o peso da sharia. Desde a introdução do código muçulmano no norte da Nigéria, em 2000, sentenças foram determinadas e aplicadas sem repercussão.
No Estado de Kebbi, em setembro de 2001, um homem foi condenado à morte por ter violentado um garoto de sete anos. Ele foi enterrado até o pescoço, em praça pública, e apedrejado na cabeça até morrer.
Seguindo a lei de talião, um ladrão, cuja vítima perdeu um olho no assalto, foi condenado a ter seu olho arrancado sem anestesia.
Mas o rigor da sharia aparece também em pequenos furtos. Por roubarem nove jegues, animal que no Brasil chega a custar R$ 1, dois homens tiveram a mão direita amputada em Katsina.
Em Kano, 200 mulheres passaram dias na cadeia por conversarem com homens na rua.
Idade tampouco é obstáculo para as penas. Em Kebbi, um dos Estados mais rigorosos, um menino de 15 anos foi condenado a perder a mão direita por ter roubado US$ 285.
Não é só pelo fervor religioso que a sharia espalha-se pelo norte da Nigéria. Com uma Justiça tradicional caótica, o código islâmico tem mais credibilidade entre os muçulmanos. A tese é defendida por juristas locais e até pela conceituada revista britânica "The Economist".
Os problemas do sistema judiciário são a lentidão, acusações de corrupção e dificuldades de acesso para os pobres --maioria esmagadora da população do país. Soma-se a isso a ineficiência da polícia.
Por não confiarem na polícia, dominada por cristãos, os muçulmanos criam milícias, chamadas de "hisbah", para fiscalizar o comportamento das pessoas.
Na sede da Suprema Corte da Nigéria, em Abuja, acumulam-se pelos corredores pilhas de pastas com milhares de processos, sem refrigeração alguma em um lugar onde o clima é úmido e a temperatura quase sempre supera os 30. Computador, só nas salas dos juizes.
Numa dessas salas estava a juíza assistente Fatima (ela se recusou a dizer seu sobrenome), que ilustra a angústia do direito tradicional com a chegada da sharia.
"Não pergunte nada sobre isso [sharia]. Só posso falar sobre o que está nesta sala", disse, apontando para uma pilha de processos.
Rigor das penas islâmicas atinge também crimes menores
da Folha de S.PauloEnquanto Amina Lawal espera por seu recurso amparada por advogados e pelo apoio mundial, centenas de outros nigerianos já sentiram o peso da sharia. Desde a introdução do código muçulmano no norte da Nigéria, em 2000, sentenças foram determinadas e aplicadas sem repercussão.
No Estado de Kebbi, em setembro de 2001, um homem foi condenado à morte por ter violentado um garoto de sete anos. Ele foi enterrado até o pescoço, em praça pública, e apedrejado na cabeça até morrer.
Seguindo a lei de talião, um ladrão, cuja vítima perdeu um olho no assalto, foi condenado a ter seu olho arrancado sem anestesia.
Mas o rigor da sharia aparece também em pequenos furtos. Por roubarem nove jegues, animal que no Brasil chega a custar R$ 1, dois homens tiveram a mão direita amputada em Katsina.
Em Kano, 200 mulheres passaram dias na cadeia por conversarem com homens na rua.
Idade tampouco é obstáculo para as penas. Em Kebbi, um dos Estados mais rigorosos, um menino de 15 anos foi condenado a perder a mão direita por ter roubado US$ 285.
Não é só pelo fervor religioso que a sharia espalha-se pelo norte da Nigéria. Com uma Justiça tradicional caótica, o código islâmico tem mais credibilidade entre os muçulmanos. A tese é defendida por juristas locais e até pela conceituada revista britânica "The Economist".
Os problemas do sistema judiciário são a lentidão, acusações de corrupção e dificuldades de acesso para os pobres --maioria esmagadora da população do país. Soma-se a isso a ineficiência da polícia.
Por não confiarem na polícia, dominada por cristãos, os muçulmanos criam milícias, chamadas de "hisbah", para fiscalizar o comportamento das pessoas.
Na sede da Suprema Corte da Nigéria, em Abuja, acumulam-se pelos corredores pilhas de pastas com milhares de processos, sem refrigeração alguma em um lugar onde o clima é úmido e a temperatura quase sempre supera os 30. Computador, só nas salas dos juizes.
Numa dessas salas estava a juíza assistente Fatima (ela se recusou a dizer seu sobrenome), que ilustra a angústia do direito tradicional com a chegada da sharia.
"Não pergunte nada sobre isso [sharia]. Só posso falar sobre o que está nesta sala", disse, apontando para uma pilha de processos.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice