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22/06/2003
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09h12
free-lance para a Folha de S.Paulo, em Beirute
Antes de me encontrar com o xeque Hassan Nasrallah, fui entrevistada por dois oficiais do Escritório de Informação Central do Hizbollah, em Beirute.
Meu passaporte, fotocopiado, foi devolvido por um recepcionista que me ofereceu um "cafezinho", em um português com sotaque paranaense. Sem apertar minha mão, como é o costume entre os muçulmanos mais estritos, ele colocou a mão sobre o peito, fez uma reverência e disse que amava o Brasil e os brasileiros.
Na primeira entrevista, com o oficial de comunicação Haidar Dikmak, fui vestida como me haviam recomendado amigos e jornalistas: sobriamente, de preto.
Na segunda vez, fui de camisa branca mesmo, aberta nos dois primeiros botões, e calça jeans. Fui surpreendida por Dikmak: "Você fica muito melhor de branco, realça o seu rosto".
No dia da entrevista com Nasrallah, cheguei com uma hora de antecedência, conforme pedido, e tive tempo de conversar com Dikmak e Hassan Ezzieddine, o chefe de comunicação. Simpáticos, mas muito distintos e respeitosos, perguntaram se havia alguma pergunta que eu quisesse fazer antes de ver o xeque.
Respondi que sim e levantei a questão do aperto de mão. "Você sabe por quê [não apertamos sua mão]?", perguntou Ezzieddine. Arrisquei: "Por que eu sangro?" Todos riram. "Não, porque só apertamos as mãos de nossas mãe, mulher, irmãs e filhas. É por respeito, não por repulsa."
"Taí uma vantagem", eu disse. "Pelo menos a mulher fica segura de que o marido não vai sair por aí apertando mãos." "Você ainda vai acabar se convertendo", eles completaram.
Em seguida, fui levada de carro a outro prédio, onde tive de tirar todos os anéis, deixar a bolsa na entrada e levar apenas um gravador para a sala de entrevista, que foi feita com a presença de dois seguranças gigantescos e três funcionários do partido.
Especial
Saiba mais sobre o conflito no Oriente Médio
Entrevista com líder do Hizbollah só ocorreu após duas reuniões
PAULA SCHMITTfree-lance para a Folha de S.Paulo, em Beirute
Antes de me encontrar com o xeque Hassan Nasrallah, fui entrevistada por dois oficiais do Escritório de Informação Central do Hizbollah, em Beirute.
Meu passaporte, fotocopiado, foi devolvido por um recepcionista que me ofereceu um "cafezinho", em um português com sotaque paranaense. Sem apertar minha mão, como é o costume entre os muçulmanos mais estritos, ele colocou a mão sobre o peito, fez uma reverência e disse que amava o Brasil e os brasileiros.
Na primeira entrevista, com o oficial de comunicação Haidar Dikmak, fui vestida como me haviam recomendado amigos e jornalistas: sobriamente, de preto.
Na segunda vez, fui de camisa branca mesmo, aberta nos dois primeiros botões, e calça jeans. Fui surpreendida por Dikmak: "Você fica muito melhor de branco, realça o seu rosto".
No dia da entrevista com Nasrallah, cheguei com uma hora de antecedência, conforme pedido, e tive tempo de conversar com Dikmak e Hassan Ezzieddine, o chefe de comunicação. Simpáticos, mas muito distintos e respeitosos, perguntaram se havia alguma pergunta que eu quisesse fazer antes de ver o xeque.
Respondi que sim e levantei a questão do aperto de mão. "Você sabe por quê [não apertamos sua mão]?", perguntou Ezzieddine. Arrisquei: "Por que eu sangro?" Todos riram. "Não, porque só apertamos as mãos de nossas mãe, mulher, irmãs e filhas. É por respeito, não por repulsa."
"Taí uma vantagem", eu disse. "Pelo menos a mulher fica segura de que o marido não vai sair por aí apertando mãos." "Você ainda vai acabar se convertendo", eles completaram.
Em seguida, fui levada de carro a outro prédio, onde tive de tirar todos os anéis, deixar a bolsa na entrada e levar apenas um gravador para a sala de entrevista, que foi feita com a presença de dois seguranças gigantescos e três funcionários do partido.
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