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23/06/2003 - 17h02

Hamas está prestes a aceitar trégua, dizem autoridades palestinas

da Folha Online

O grupo extremista islâmico Hamas e outros grupos palestinos estão prestes a aceitar uma suspensão dos ataques contra israelenses, disseram hoje autoridades palestinas, ao mesmo tempo em que Israel alertava que pode não aceitar o que considera um cessar-fogo tático para dar às milícias tempo de se reagruparem para mais violência.

Os termos do provável acordo entre o primeiro-ministro palestino Abu Mazen (Mahmoud Abbas) e os grupos não estão claros. Um mediador palestino que esteve em contato com ambos lados disse que a trégua teria um final em aberto e se aplicaria não só a Israel, mas também à Cisjordânia e à faixa de Gaza --condição importante para Israel.

Porém, o líder de um dos grupos armados, que pediu anonimato, disse que o Hamas aceitará apenas uma trégua de três meses. Líderes do grupo Jihad islâmico estariam tentando convencer seus membros a aceitar um acordo limitado, mas enfrentariam oposição.

Autoridades palestinas, incluindo o ministro das Relações Exteriores Nabil Shaath e o ministro da Informação Yasser Abed Rabbo, estavam otimistas, dizendo esperar uma resposta positiva dos grupos. Um líder do Hamas, Mahmoud Zahar, disse que o anúncio não seria feito hoje --contradizendo informações anteriores de autoridades palestinas-- mas disse que a decisão viria logo.

Resposta

Mais cedo, autoridades palestinas disseram esperar uma resposta positiva do Hamas à proposta de cessar-fogo com Israel, talvez até o final do dia, e fontes diplomáticas egípcias afirmaram que o anúncio seria feito no Cairo.

Líderes do Hamas desligaram seus telefones e se negaram a dar entrevistas.

Um cessar-fogo é crucial para a implementação do plano de paz elaborado pelo Quarteto (Rússia, EUA, ONU e União Européia), que prevê a criação de um Estado palestino até 2005. Na primeira fase, os palestinos devem combater os grupos militantes, enquanto Israel deve deixar gradualmente os territórios ocupados depois do início da Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense), em setembro de 2000.

Mas ondas de violência e esforços de cessar-fogo têm sido provocados tanto pelo Hamas como por Israel. A concordância de grupos militantes palestinos em suspender seu levante armado poderia ser um importante passo para sair do impasse.

Israel disse que aceitaria um cessar-fogo. Porém, autoridades israelenses continuam a suspeitar profundamente, dizendo que uma trégua seria apenas um plano para os militantes ganharem tempo para se reagruparem para mais ataques.

Mazen declarou que não usaria a força contra militantes, temendo o início de uma guerra civil.

Duração

Uma fonte palestina envolvida nas negociações de cessar-fogo afirmou hoje que uma cópia da proposta de cessar-fogo foi enviada a Khaled Mashal, dirigente do Hamas em Damasco (Síria).

A proposta não especifica a duração do cessar-fogo, que será deixada para mediadores egípcios negociarem, afirmou a fonte. O documento declara que os grupos armados estão querendo dar a Mazen uma chance para alcançar um acordo com israelenses, disse a fonte.

O acordo de cessar-fogo foi elaborado por Marwan Barghouti, líder da Intifada detido por Israel, segundo a fonte. Barghouti mantém contato com Mashal por meio de intermediários, enquanto o Egito supervisiona as negociações.

Fontes diplomáticas egípcias disseram que Mashal viajaria ao Cairo hoje ou amanhã, acompanhado por Ramadan Shalah, líder do grupo extremista palestino Jihad Islâmico.

Diversos membros da Autoridade Nacional Palestina expressaram otimismo.

Vingança

Há contradições entre porta-vozes do Hamas sobre a data em que divulgariam sua resposta à proposta de cessar-fogo, após a morte ontem à noite de quatro militantes das Brigadas de Mártires de Al Aqsa no povoado de Beit Janun, ao norte de Gaza.

Alguns, como Majmud Zahar, diziam que a resposta somente será dada depois de o Hamas se vingar da morte do líder do grupo em Hebron, Abdullah Kawasme, morto por soldados israelenses no sábado (21).

Também nos organismos de segurança de Israel, citados pela imprensa local, existe a impressão de que será uma resposta afirmativa devido às pressões dos Estados Unidos e da Europa.

Fontes palestinas diziam que os quatro mortos em Beit Janun foram vítimas de um projétil israelense, mas as autoridades militares de Israel, que desmentiram a informação, atribuem a morte a um "acidente de trabalho", quando manipulavam explosivos.

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, citado hoje pelo jornal "Maariv", de Tel Aviv, declarou que os próximos dias serão "muito importantes" e que restam apenas "duas semanas para salvar" o plano de paz.

Com agências internacionais

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