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14/07/2003 - 14h43

Chirac convoca "diálogo" e pede adaptação da França à modernidade

da France Presse, em Paris

O presidente da França, Jacques Chirac, convocou hoje os franceses ao "diálogo", em um ambiente agitado pelos problemas econômicos, movimentos sociais e a negativa de Córsega em aceitar uma reforma de seu estatuto, durante as comemorações do feriado nacional da Queda da Bastilha, na qual pediu a França para se "adaptar" ao mundo moderno.

Em meio à complexa conjuntura que enfrenta, Chirac colocou a ação do governo sob o signo do "diálogo", afirmando que não se pode esperar tudo do Estado, em uma entrevista transmitida pela televisão, na qual abordou as tensões sociais atuais.

Em seu depoimento, o presidente francês adotou um papel de pedagogo para explicar a necessidade de "adaptação" que deve ser feita pela sociedade e pela economia francesas.

Reuters - 7.jan.2003
Jacques Chirac, presidente da França
Em um "mundo difícil e incerto, a única atitude possível é o movimento, a abertura, a adaptação ao mundo", disse Chirac, opondo esta postura "ao medo, ao ataque, ao endurecimento e ao bloqueio".

A entrevista com Chirac faz parte da tradição da festa nacional do 14 de julho, centrada no desfile na avenida Champs-Élysées, que contou com a participação de cerca de 4.000 militares liderados pelo general alemão Holger Kammerhoff, comandante do Corpo europeu.

Este pronunciamento era muito esperado já que Chirac, muito ativo no cenário internacional, exerceu um papel discreto nas questões internas, deixando o primeiro-ministro Jean Pierre Raffarin à frente dos problemas.

Previdência

Raffarin lançou uma série de reformas nos setores da Previdência, educação e descentralização, que foi muito mal recebida pelos sindicatos.

Ao se referir a estes conflitos sociais, Chirac falou em primeiro lugar da crise dos funcionários temporários do setor da cultura, que provocou a suspensão do festival de teatro de Avignon e outros vários espetáculos, e propôs uma ajuda para a criação cultural para financiar os projetos nesse setor.

Cem artistas e técnicos fizeram uma manifestação hoje na praça da Bastilha, enquanto militantes antiglobalização se posicionaram perto da Torre Eiffel para exigir a libertação do líder camponês francês José Bové, condenado a dez meses de prisão por destruir plantações de alimentos geneticamente modificados.

Durante a entrevista, Chirac também defendeu a aplicação de um "diálogo" na questão da educação nacional e pediu uma "verdadeira comunicação" para avançar com a reforma no sistema previdenciário, que foi aprovada recentemente pelo Parlamento.

Déficit

Chirac reconheceu também que o problema do déficit público da França é "difícil" e se declarou a favor de uma flexibilização provisória do Pacto da Estabilidade e Crescimento, que obriga os 12 países da zona do euro a manter o rigor orçamentário.

Contudo, o presidente francês manteve sua promessa de continuar com a redução de impostos.

Por último, a questão da Córsega, cuja população rechaçou recentemente em um referendo uma modificação de seu estatuto, também foi abordada por Chirac, que disse que a "repressão da violência" deve ser a prioridade do governo na conflitiva ilha francesa do Mediterrâneo, onde separatistas continuam sua luta.

Enquanto era realizado o desfile em Paris, uma bomba com quatro quilos de explosivos foi encontrada intacta hoje por policiais nas instalações da força de segurança em Vico (sul da Córsega).
 

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