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27/07/2003
-
03h00
da Folha de S.Paulo
O combate ao terror é como procurar uma agulha no palheiro. O problema é que, ao invés de ajudar a encontrar a agulha, os novos programas de vigilância eletrônica só fazem aumentar o palheiro.
A comparação é do especialista em defesa norte-americano George Smith, da GlobalSecurity.org, organização não-governamental especializada em assuntos militares e de espionagem, com sede em Washington. Segundo ele, o problema não é tecnológico, mas de recursos humanos.
Sua tese é reforçada pelo relatório do Congresso americano sobre o 11 de Setembro divulgado nesta semana, que aponta falhas na análise de informações conseguidas antes dos ataques e a falta de troca de informações entre órgãos do governo. A seguir, a entrevista concedida à Folha de S.Paulo:
Folha - Recentes projetos do governo americano tentam criar imensos bancos de dados com o objetivo de abranger e analisar a vida de alguém sob todos os ângulos. O sr. acredita que isso seja possível?
George Smith - A tecnologia atual permite recolher quantidades cada vez maiores de informação em bancos de dados gigantes. Mas a análise produtiva dessas informações sem desrespeitar os direitos civis são questões que ainda não foram respondidas. Um problema desse tipo de tecnologia não muito questionado é este: o processo de localização de combatentes inimigos ou terroristas através de sistemas como TIA ou "Zonas de Combate" tenta melhorar uma espécie de busca de agulha em palheiro. Mas tudo que esses projetos realmente asseguram é a criação de palheiros cada vez maiores de informação. E esses palheiros são desnecessários.
Folha - O sr. considera que a atual ênfase em vigilância eletrônica seja a opção correta?
Smith - Não. O principal problema não está no acúmulo e na coleta de informações. Isso pode ser _e já está_ feito. A questão é a análise, a interpretação e a circulação disso no tempo certo. Os órgãos de segurança são medíocres em compartilhar e analisar o que já possuem. É um problema de recursos humanos. O acúmulo de tecnologias de vigilância não resolve. Mais não significa melhor.
Folha - Esses projetos são uma ameaça à privacidade de cidadãos americanos e não-americanos?
Smith - Caso não haja uma rigorosa supervisão de não-militares, a resposta é sim.
Folha - O Echelon existe? O que aconteceu com ele?
Smith - O Echelon tem provado que a vigilância eletrônica não é a resposta a todos nossos males.
Projetos de vigilância dos EUA são pouco eficazes, diz analista
FABIANO MAISONNAVEda Folha de S.Paulo
O combate ao terror é como procurar uma agulha no palheiro. O problema é que, ao invés de ajudar a encontrar a agulha, os novos programas de vigilância eletrônica só fazem aumentar o palheiro.
A comparação é do especialista em defesa norte-americano George Smith, da GlobalSecurity.org, organização não-governamental especializada em assuntos militares e de espionagem, com sede em Washington. Segundo ele, o problema não é tecnológico, mas de recursos humanos.
Sua tese é reforçada pelo relatório do Congresso americano sobre o 11 de Setembro divulgado nesta semana, que aponta falhas na análise de informações conseguidas antes dos ataques e a falta de troca de informações entre órgãos do governo. A seguir, a entrevista concedida à Folha de S.Paulo:
Folha - Recentes projetos do governo americano tentam criar imensos bancos de dados com o objetivo de abranger e analisar a vida de alguém sob todos os ângulos. O sr. acredita que isso seja possível?
George Smith - A tecnologia atual permite recolher quantidades cada vez maiores de informação em bancos de dados gigantes. Mas a análise produtiva dessas informações sem desrespeitar os direitos civis são questões que ainda não foram respondidas. Um problema desse tipo de tecnologia não muito questionado é este: o processo de localização de combatentes inimigos ou terroristas através de sistemas como TIA ou "Zonas de Combate" tenta melhorar uma espécie de busca de agulha em palheiro. Mas tudo que esses projetos realmente asseguram é a criação de palheiros cada vez maiores de informação. E esses palheiros são desnecessários.
Folha - O sr. considera que a atual ênfase em vigilância eletrônica seja a opção correta?
Smith - Não. O principal problema não está no acúmulo e na coleta de informações. Isso pode ser _e já está_ feito. A questão é a análise, a interpretação e a circulação disso no tempo certo. Os órgãos de segurança são medíocres em compartilhar e analisar o que já possuem. É um problema de recursos humanos. O acúmulo de tecnologias de vigilância não resolve. Mais não significa melhor.
Folha - Esses projetos são uma ameaça à privacidade de cidadãos americanos e não-americanos?
Smith - Caso não haja uma rigorosa supervisão de não-militares, a resposta é sim.
Folha - O Echelon existe? O que aconteceu com ele?
Smith - O Echelon tem provado que a vigilância eletrônica não é a resposta a todos nossos males.
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