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30/07/2003
-
10h08
da France Presse, em Baquba (Iraque)
Baquba, chamada de "cidade leal" pelo antigo regime de Saddam Hussein, ocupa há semanas a primeira fila da guerrilha contra os soldados americanos. Segundo autoridades locais, os combates podem intensificar-se.
As tropas americanas reconhecem que não se sentem seguras nesta cidade estrategicamente situada em meio a palmeirais, 60 km a nordeste de Bagdá, que oferecem múltiplos esconderijos a grupos antiamericanos de Bagdá, Ramadi ou Tikrit.
A marca dos combatentes leais a Saddam apareceu nos muros da cidade, seu reduto. A poucas centenas de metros da delegacia de polícia, se lê "Uday e Qusay [filhos de Saddam mortos pelos EUA], mártires do Iraque glorioso" e "Que Deus abençoe os mísseis de Ramadi e os franco-atiradores de Bagdá".
No mesmo dia, outro lema sem assinatura convoca a guerra santa: "Desembainhem as espadas da Jihad para defender os fiéis e o país dos ateus e ocupantes".
"Estamos conscientes de que a população não nos quer aqui. E nossos soldados sempre estão em estado de alerta", explica o capitão Denis Van Wey, do departamento de assuntos civis do Exército americano.
Este oficial, que diariamente recebe centenas de queixas de cidadãos, disse que "nunca baixa a guarda".
"Observo atentamente cada um de meus interlocutores para tentar adivinhar suas intenções. Sempre tenho um olho cravado na janela que fica em frente da entrada principal do complexo por temor de um ataque", disse ele, acrescentando que há dois dias um míssil dispararam um foguete contra o edifício, que não acertou o alvo.
Tensão
A tensão é palpável em Baquba, onde as tropas americanas se entrincheiraram no edifício fortificado da prefeitura. O conselho municipal se mudou para um palácio de um antigo dirigente do partido Baath, protegido por tanques.
O governador da cidade, Abdallah Khabburi, 40, dentista que voltou do exílio, reconhece que há um "recrudescimento dos ataques", embora os atribua a "gente chegada do exterior. "Há dois ou três grupos ativos nesta região, partidários do antigo regime, grupos wahhabitas e criminosos".
"Todos têm armas depois do saque de dois ou três arsenais da Província. As armas são vendidas livremente", acrescentou.
Para outro membro do conselho municipal, Fuad Cheijli, "a desconfiança dos americanos em relação aos iraquianos envenenou a situação". "Se pelo menos deixassem a polícia fazer seu trabalho, os edifícios públicos não seriam alvos tão fáceis", acrescentou.
Esta opinião parece ter sido escutada. Hoje, os soldados americanos que montavam guarda diante de dois hospitais cederam lugar a policiais iraquianos.
Mas as resistências iniciais lhes custaram caro: três soldados morreram sábado (26) em um ataque com granada na frente de um dos hospitais.
Os habitantes temem que a guerrilha se radicalize na Província de Diyala. "Não prenderam nenhum dos assaltantes, que se esconderam nos palmeirais. Acho que os ataques se intensificarão porque os americanos foram lentos demais para agir e perderam a simpatia da população", disse Cheijli.
Especial
Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
Cidade de Baquba lidera combate a soldados dos EUA no Iraque
NADRA SAOULIda France Presse, em Baquba (Iraque)
Baquba, chamada de "cidade leal" pelo antigo regime de Saddam Hussein, ocupa há semanas a primeira fila da guerrilha contra os soldados americanos. Segundo autoridades locais, os combates podem intensificar-se.
As tropas americanas reconhecem que não se sentem seguras nesta cidade estrategicamente situada em meio a palmeirais, 60 km a nordeste de Bagdá, que oferecem múltiplos esconderijos a grupos antiamericanos de Bagdá, Ramadi ou Tikrit.
A marca dos combatentes leais a Saddam apareceu nos muros da cidade, seu reduto. A poucas centenas de metros da delegacia de polícia, se lê "Uday e Qusay [filhos de Saddam mortos pelos EUA], mártires do Iraque glorioso" e "Que Deus abençoe os mísseis de Ramadi e os franco-atiradores de Bagdá".
No mesmo dia, outro lema sem assinatura convoca a guerra santa: "Desembainhem as espadas da Jihad para defender os fiéis e o país dos ateus e ocupantes".
"Estamos conscientes de que a população não nos quer aqui. E nossos soldados sempre estão em estado de alerta", explica o capitão Denis Van Wey, do departamento de assuntos civis do Exército americano.
Este oficial, que diariamente recebe centenas de queixas de cidadãos, disse que "nunca baixa a guarda".
"Observo atentamente cada um de meus interlocutores para tentar adivinhar suas intenções. Sempre tenho um olho cravado na janela que fica em frente da entrada principal do complexo por temor de um ataque", disse ele, acrescentando que há dois dias um míssil dispararam um foguete contra o edifício, que não acertou o alvo.
Tensão
A tensão é palpável em Baquba, onde as tropas americanas se entrincheiraram no edifício fortificado da prefeitura. O conselho municipal se mudou para um palácio de um antigo dirigente do partido Baath, protegido por tanques.
O governador da cidade, Abdallah Khabburi, 40, dentista que voltou do exílio, reconhece que há um "recrudescimento dos ataques", embora os atribua a "gente chegada do exterior. "Há dois ou três grupos ativos nesta região, partidários do antigo regime, grupos wahhabitas e criminosos".
"Todos têm armas depois do saque de dois ou três arsenais da Província. As armas são vendidas livremente", acrescentou.
Para outro membro do conselho municipal, Fuad Cheijli, "a desconfiança dos americanos em relação aos iraquianos envenenou a situação". "Se pelo menos deixassem a polícia fazer seu trabalho, os edifícios públicos não seriam alvos tão fáceis", acrescentou.
Esta opinião parece ter sido escutada. Hoje, os soldados americanos que montavam guarda diante de dois hospitais cederam lugar a policiais iraquianos.
Mas as resistências iniciais lhes custaram caro: três soldados morreram sábado (26) em um ataque com granada na frente de um dos hospitais.
Os habitantes temem que a guerrilha se radicalize na Província de Diyala. "Não prenderam nenhum dos assaltantes, que se esconderam nos palmeirais. Acho que os ataques se intensificarão porque os americanos foram lentos demais para agir e perderam a simpatia da população", disse Cheijli.
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