Publicidade
Publicidade
07/08/2003
-
19h05
Uma tensa calma reinava hoje em Chiapas (sudeste) a um dia do início de uma concentração zapatista na comunidade de Oventic, onde o subcomandante Marcos pretende proclamar ''de fato'' o autogoverno nas zonas dominadas por sua guerrilha desde 1994, diante da atitude cautelosa do governo mexicano.
Marcos, que não aparece em público desde o ''tour'' zapatista de fevereiro e março de 2001, está decidido a aproveitar o ''impasse'' político atual. O presidente Vicente Fox foi prejudicado pelo fortalecimento do partido oposicionista PRI (majoritário em Chiapas) no Congresso após as eleições de 6 de julho.
O reaparecimento dos zapatistas em Oventic, um pequeno povoado dos Altos de Chiapas, será em massa, segundo os analistas locais, e sem a presença do Exército mexicano, afirmam fontes oficiais.
Oventic é a principal zona zapatista nessa região e, segundo os planos da guerrilha, será uma das cinco sedes das autodenominadas Juntas de Bom Governo que serão inauguradas no sábado (9).
As Juntas correspondem ao desejo dos zapatistas de avançarem em sua autonomia, após o fracasso das negociações, que atribuem ao governo federal.
Apesar da aprovação, em 2000, das reformas constitucionais que culminaram em uma Lei de Direitos Indígenas, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) continua reivindicando os Acordos de San Andrés, localidade perto de Oventic onde governo e guerrilha assinaram uma série de compromissos históricos, em 1996.
As Juntas zapatistas constituem a concretização de uma autonomia já ampla dos municípios em seu poder, um quadro entre as comunidades e a direção, segundo destacou o subcomandante encapuzado em um comunicado divulgado na semana passada.
Há anos, as comunidades zapatistas rejeitam em sua maioria as ajudas estatais, e preferem o apoio internacional dado pelas ONGs.
Com essas Juntas, os zapatistas pretendem dirimir problemas de propriedade da terra, arrecadar impostos, organizar a educação, reger as relações com outros municípios alheios ao movimento e inclusive distribuir identificações para seus militantes e simpatizantes.
A concentração coincide simbolicamente com duas datas importantes, muito ao gosto da estratégia de mídia que tem caracterizado as ações de Marcos ao longo de nove anos de rebeldia.
Nesta sexta-feira (8), se comemora o nascimento do guerrilheiro Emiliano Zapata, principal figura da revolução mexicana, e no sábado é o Dia Internacional das Populações Indígenas.
Comparecerão ao ato, previsivelmente, milhares de ''bases de apoio'' zapatistas, que nas últimas manifestações locais, no final de 2002, não passaram de 20 mil pessoas em uma região de mais de 4 milhões de habitantes.
No total, o EZLN domina 30 municípios na parte mais selvagem e pobre do Estado, por sua vez um dos mais marginalizados no sudeste do México.
Estes municípios não são territórios liberados pela guerrilha em confrontos armados, mas populações já existentes ou de nova criação, cujos moradores reivindicaram a causa zapatista.
As autoridades mexicanas reagiram com cautela ao desafio de Marcos. O governo de Chiapas anunciou ontem que ''serão evitadas patrulhas ou atividades rotineiras'' da polícia ''que possam ser entendidas como uma hostilidade aos participantes''.
O Exército tampouco estará presente, afirmou o subsecretário de governo, Rubisel Guillén.
Por sua vez, o secretário do Interior Santiago Creel garantiu que a administração de Fox está disposta a fazer respeitar a Constituição, mas se recusou a dizer se seria utilizada a tropa em caso de distúrbios.
Apesar de vários deputados mexicanos terem expressado seu interesse em ir ao encontro de Oventic, em princípio aberto à imprensa e observadores, Marcos decidiu ignorá-los.
''Não pensamos em nos reunir com nenhum membro da classe política, nem, certamente, convidamos nenhum deles'', afirmou o líder rebelde em um comunicado divulgado ontem.
Situação em Chiapas é calma em véspera de concentração zapatista
da France Presse, na Cidade do MéxicoUma tensa calma reinava hoje em Chiapas (sudeste) a um dia do início de uma concentração zapatista na comunidade de Oventic, onde o subcomandante Marcos pretende proclamar ''de fato'' o autogoverno nas zonas dominadas por sua guerrilha desde 1994, diante da atitude cautelosa do governo mexicano.
Marcos, que não aparece em público desde o ''tour'' zapatista de fevereiro e março de 2001, está decidido a aproveitar o ''impasse'' político atual. O presidente Vicente Fox foi prejudicado pelo fortalecimento do partido oposicionista PRI (majoritário em Chiapas) no Congresso após as eleições de 6 de julho.
O reaparecimento dos zapatistas em Oventic, um pequeno povoado dos Altos de Chiapas, será em massa, segundo os analistas locais, e sem a presença do Exército mexicano, afirmam fontes oficiais.
Oventic é a principal zona zapatista nessa região e, segundo os planos da guerrilha, será uma das cinco sedes das autodenominadas Juntas de Bom Governo que serão inauguradas no sábado (9).
As Juntas correspondem ao desejo dos zapatistas de avançarem em sua autonomia, após o fracasso das negociações, que atribuem ao governo federal.
Apesar da aprovação, em 2000, das reformas constitucionais que culminaram em uma Lei de Direitos Indígenas, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) continua reivindicando os Acordos de San Andrés, localidade perto de Oventic onde governo e guerrilha assinaram uma série de compromissos históricos, em 1996.
As Juntas zapatistas constituem a concretização de uma autonomia já ampla dos municípios em seu poder, um quadro entre as comunidades e a direção, segundo destacou o subcomandante encapuzado em um comunicado divulgado na semana passada.
Há anos, as comunidades zapatistas rejeitam em sua maioria as ajudas estatais, e preferem o apoio internacional dado pelas ONGs.
Com essas Juntas, os zapatistas pretendem dirimir problemas de propriedade da terra, arrecadar impostos, organizar a educação, reger as relações com outros municípios alheios ao movimento e inclusive distribuir identificações para seus militantes e simpatizantes.
A concentração coincide simbolicamente com duas datas importantes, muito ao gosto da estratégia de mídia que tem caracterizado as ações de Marcos ao longo de nove anos de rebeldia.
Nesta sexta-feira (8), se comemora o nascimento do guerrilheiro Emiliano Zapata, principal figura da revolução mexicana, e no sábado é o Dia Internacional das Populações Indígenas.
Comparecerão ao ato, previsivelmente, milhares de ''bases de apoio'' zapatistas, que nas últimas manifestações locais, no final de 2002, não passaram de 20 mil pessoas em uma região de mais de 4 milhões de habitantes.
No total, o EZLN domina 30 municípios na parte mais selvagem e pobre do Estado, por sua vez um dos mais marginalizados no sudeste do México.
Estes municípios não são territórios liberados pela guerrilha em confrontos armados, mas populações já existentes ou de nova criação, cujos moradores reivindicaram a causa zapatista.
As autoridades mexicanas reagiram com cautela ao desafio de Marcos. O governo de Chiapas anunciou ontem que ''serão evitadas patrulhas ou atividades rotineiras'' da polícia ''que possam ser entendidas como uma hostilidade aos participantes''.
O Exército tampouco estará presente, afirmou o subsecretário de governo, Rubisel Guillén.
Por sua vez, o secretário do Interior Santiago Creel garantiu que a administração de Fox está disposta a fazer respeitar a Constituição, mas se recusou a dizer se seria utilizada a tropa em caso de distúrbios.
Apesar de vários deputados mexicanos terem expressado seu interesse em ir ao encontro de Oventic, em princípio aberto à imprensa e observadores, Marcos decidiu ignorá-los.
''Não pensamos em nos reunir com nenhum membro da classe política, nem, certamente, convidamos nenhum deles'', afirmou o líder rebelde em um comunicado divulgado ontem.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice