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21/08/2003 - 04h20

FBI liga atentado em Bagdá a arsenal de Saddam Hussein

da Folha de S.Paulo

A explosão que atingiu a sede da ONU em Bagdá anteontem foi provocada por material proveniente do arsenal do ex-ditador Saddam Hussein --uma bomba de 225 kg, granadas e morteiros da era soviética--, segundo disse ontem Thomas Fuentes, agente do FBI (polícia federal dos EUA).

Autoridades americanas disseram que ainda era muito cedo para afirmar quem orquestrara o ataque. Os principais suspeitos são terroristas estrangeiros e combatentes fiéis a Saddam. Soldados e paramédicos, que ainda vasculhavam os escombros para procurar corpos ontem, encontraram os restos de uma pessoa que, segundo eles, seria o terrorista suicida responsável pela ação.

Vários agentes do FBI, que também participaram das buscas, disseram que seu trabalho tinha de ser realizado com muito cuidado --para não provocar novas explosões--, já que, até então, ninguém sabia se toda a carga de explosivos fora detonada. A explosão matou ao menos 20 pessoas, incluindo o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representante especial da ONU no Iraque, e deixou cerca de cem feridos.

Vestígios de granadas foram achados no local da explosão, segundo Fuentes. Ele disse que havia mais de 450 kg de explosivos no caminhão-bomba ao todo.

"Esses armamentos provavelmente pertenciam aos militares iraquianos durante o regime de Saddam. Alguém que tem acesso a um grande esconderijo militar os colocou no caminhão, levando-os, em seguida, ao local do atentado", afirmou Fuentes.

Esconderijos de armas foram encontrados com tanta frequência no Iraque, nos últimos meses, que militares americanos já classificam o país de um enorme depósito de munição.

O atentado de anteontem teve características que levaram autoridades americanas e analistas a pensar que combatentes fiéis a Saddam o orquestraram. Mas o chefe da Autoridade Provisória da Coalizão (APC), o americano Paul Bremer, disse que ainda era cedo para afirmar quem organizara o ataque. Porém ele não descartou a hipótese de o atentado ter sido cometido por "terroristas" estrangeiros.

Funcionários do Pentágono (que não quiseram ser identificados) afirmaram à rede de TV CNN que o grupo terrorista Ansar al Islam, que é ligado à rede Al Qaeda, é o principal suspeito de ter ordenado o ataque e que ele poderia até tê-lo realizado.

O grupo foi expulso do Iraque durante a guerra, mas crê-se que centenas de seus membros já tenham retornado ao país. Eles poderiam estar por trás de algumas ações dos grupos que protagonizam a resistência iraquiana.

Os mesmos funcionários do Pentágono disseram que, nas últimas duas semanas, relatórios dos serviços de inteligência davam conta de que o Ansar al Islam planejava atacar interesses americanos no Iraque.

Bremer disse também que a explosão de anteontem provocou uma revisão do aparato de segurança e que autoridades dos países que compõem a coalizão, que é liderada pelos EUA, se reunirão amanhã para discutir o tema. Eles se encontrarão com diplomatas de vários países para determinar as necessidades de segurança de cada missão diplomática.

Após uma reunião do Conselho de Governo Iraquiano, um de seus membros, chamado Mouwafak al Rabii, afirmou que os primeiros relatórios dos investigadores indicavam que o atentado à sede da ONU fora cometido por pessoas leais a Saddam.

"Há impressões digitais que indicam que a ação terrorista foi cometida por pessoas que faziam parte do antigo regime. Além disso, relatórios dos investigadores parecem confirmar essa hipótese", disse Al Rabii.
Para Ahmed Chalabi, outro membro do conselho, a linha que separa militantes islâmicos estrangeiros de guerrilheiros ligados ao ex-ditador iraquiano já não é mais tão clara.

Com agências internacionais

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