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21/08/2003 - 16h43

David Kelly previu que morreria em caso de guerra, diz diplomata

da Folha Online

O cientista britânico especialista em armas David Kelly, encontrado morto no mês passado, teria previsto sua morte há seis meses, dizendo ao diplomata britânico David Broucher que, se Bagdá fosse atacada, ele seria encontrado "morto no bosque".

A informação foi dada hoje por Broucher durante o inquérito sobre o aparente suicídio do cientista, envolvido em uma polêmica sobre se o governo do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, teria exagerado informações sobre as supostas armas do Iraque para justificar a guerra.

Reuters
O cientista David Kelly, assessor do governo britânico
Blair, que enfrenta a pior crise de seu governo, deve depor na semana que vem, e o inquérito deve terminar no final de setembro, disse hoje o juiz Lord Hutton.

Kelly, ex-inspetor de armas da ONU (Organização das Nações Unidas), que foi encontrado com o pulso esquerdo cortado em um bosque perto de sua casa, no dia 18 de julho, disse a Broucher em fevereiro ter alertado autoridades iraquianas, afirmando que se cooperassem com os inspetores de armas não teriam nada a temer.

"Posição moralmente ambígua"

"O problema seria se a invasão fosse adiante, isso faria dele um mentiroso e ele teria traído seus contatos, alguns dos quais poderiam ser mortos como resultado de suas ações", disse Broucher ao depor.

Broucher disse ter perguntado a Kelly o que aconteceria se o Iraque fosse atacado apesar das afirmações do cientista às autoridades iraquianas. "Sua resposta --que não levei a sério-- foi: 'Serei encontrado no bosque'".

"Achei que ele quisesse dizer que correria o risco de ser atacado pelos iraquianos de alguma forma", disse Broucher. "Agora vejo que ele poderia estar pensando algo diferente".

Broucher disse ainda que Kelly sentia-se com "dificuldades pessoais ou embaraçado (...) porque sentia que a invasão poderia ocorrer de qualquer forma, e isso de algum modo o colocava em uma posição moralmente ambígua".

Armas de destruição em massa

Broucher disse que Kelly, fonte de uma reportagem da BBC que acusava Blair de ter exagerado informações de um dossiê para justificar a guerra, acreditava que os serviços de inteligência britânicos foram pressionados para produzir provas.

Menos de um mês após a conversa de Kelly com o diplomata, forças dos EUA e do Reino Unido invadiram o Iraque, dizendo que o então presidente iraquiano, Saddam Hussein, tinha perdido sua última chance de provar ter acabado com seus programas de armas de destruição em massa.

Quatro meses após a derrubada de Saddam, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no Iraque, levantando dúvidas sobre a justificativa de Washington e Londres para a ação militar.

Com informações da Reuters

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