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24/08/2003 - 06h13

Eleição para prefeito de Buenos Aires testa Kirchner

ELAINE COTTA
da Folha de S.Paulo, de Buenos Aires

O presidente argentino, Néstor Kirchner, passará hoje pelo primeiro grande teste de popularidade. Com três meses de mandato, Kirchner ainda trabalha para consolidar poder e garantir governabilidade. É na eleição para a Prefeitura de Buenos Aires que o presidente mostrará se o apoio à recondução do atual prefeito, Anibal Ibarra, terá efeito nas urnas.

"Uma vitória de Ibarra é mais do que um teste de popularidade para Kirchner. É o termômetro de sua capacidade de captar apoio político", disse a cientista política Graciela Romer. "Kirchner disputa com [o ex-presidente Eduardo] Duhalde a liderança do PJ [Partido Justicialista]. O partido está muito fragmentado, e Kirchner tenta unificá-lo ao seu redor."

Ibarra, 45, é o candidato da Força Portenha, uma aliança de centro-esquerda. Conta, além de Kirchner, com o apoio da ex-candidata presidencial Elisa Carrió, deputada de um partido de oposição, mas aliada do presidente.

O principal adversário de Ibarra, Maurício Macri, 45, da sigla Compromisso para a Mudança, se identifica com uma ala mais de centro-direita e tem ao seu lado o setor mais conservador do PJ, o partido de Kirchner.

Boa imagem

"Essa eleição mostra o estado de fragmentação da política nacional, apesar de haver certa recuperação de Ibarra nas pesquisas, depois que passou a contar com a boa imagem da qual goza o presidente", afirma o analista político Ricardo Rouvier.

"A eleição de Buenos Aires coloca em jogo a política nacional, dada sua importância. Uma derrota na cidade reduziria a margem de manobra de Kirchner para negociar acordos", avalia Rouvier.

De acordo com ele, os recentes desentendimentos entre o presidente e o vice, Daniel Scioli, mostraram que existe uma disputa de poder dentro do governo. Scioli fez declarações que desagradaram a Kirchner sobre a anulação das leis de anistia a militares e o aumento de tarifas públicas. Foi desautorizado e perdeu poder.

"A ala de centro-direita do PJ [ligada a Scioli] respalda Macri. [O ex-presidente Carlos] Menem e Duhalde também preferem a sua vitória, já que isso representaria um enfraquecimento de Kirchner", afirma o analista político Rosendo Fraga.

Outras eleições

O pleito em Buenos Aires antecede as eleições que acontecem em várias Províncias neste ano. No início de junho, Kirchner já teve uma primeira vitória com a reeleição de José Manuel de la Sota, em Córdoba. Na Terra do Fogo, sul do país e seu reduto eleitoral, o presidente teve uma derrota. Seu candidato, Carlos Manfredotti, perdeu para Jorge Colazo, da UCR (União Cívica Radical).

Hoje, além da Prefeitura de Buenos Aires, haverá eleição para governador nas Províncias de Salta e Catamarca. A agenda de disputas eleitorais se intensificará em setembro. A primeira será no dia 7, em Santa Fé, onde o presidente apóia o candidato da UCR, Jorge Obeid, rival do peronista Carlos Reutemann, que virou adversário político de Kirchner após apoiar Menem na disputa presidencial.

No dia 14, o atual governador da Província de Buenos Aires, Felipe Solá, tentará se reeleger com o apoio de Kirchner. No mesmo dia, haverá disputas em Jujuy, Chaco e Santa Cruz, que é a Província natal do presidente.

Desde que assumiu, em 25 de maio, Kirchner tem se esforçado para conquistar apoio popular e, assim, compensar a governabilidade que não lhe foi garantida nas urnas, já que chegou ao poder com apenas 22% dos votos.

Ele também buscou apoio na oposição, por não contar com a simpatia da ala menemista do PJ, que é majoritária no partido. Tem enfrentado ainda restrições entre os partidários do ex-presidente Duhalde, que foi o padrinho de sua candidatura e, agora, passou a atuar como adversário político.
 

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