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27/08/2003 - 08h45

Ministro britânico diz que dossiê sobre Iraque causou "mal-estar"

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da Folha Online

O ministro da Defesa do Reino Unido, Geoff Hoon, admitiu hoje ante o juiz James Hutton, encarregado de esclarecer o caso Kelly, que dois membros dos serviços secretos mostraram mal-estar pela "linguagem" usada no dossiê do governo britânico sobre o Iraque.

Hoon se tornou hoje o primeiro ministro do governo britânico a comparecer ante o juiz Hutton, que investiga a morte do cientista David Kelly, um dia antes do aguardado testemunho do premiê Tony Blair.

Segundo vários meios de comunicação britânicos, Hoon deverá pedir demissão quando Hutton apresentar suas conclusões e será a principal baixa do governo trabalhista que vive seu momento mais difícil desde que, há seis anos, chegou ao poder.

Kelly, especialista em armas de destruição em massa e assessor do Ministério da Defesa, Kelly, foi encontrado morto, com o pulso esquerdo cortado, em um bosque perto de sua casa, no dia 18 de julho. Ele foi fonte de uma reportagem da rede BBC que acusava Blair de ter exagerado a ameaça iraquiana em um dossiê publicado em setembro para justificar a Guerra do Iraque.

Quatro meses após a derrubada de Saddam Hussein, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no Iraque, levantando dúvidas sobre a justificativa de Washington e Londres para a ação militar.

Preocupação

A BBC disse no final de maio que o governo --principalmente Alastair Campbell, chefe de comunicações de Tony Blair-- forçou que se incluísse no dossiê que Saddam Hussein era capaz de lançar armas de destruição em massa em 45 minutos.

Ante o juiz Hutton, Hoon reconheceu hoje que dois integrantes do serviço de inteligência britânico expressaram "alguma preocupação sobre certa linguagem utilizada no dossiê".

Hoon disse que nunca soube do "mal-estar" antes da publicação do dossiê, em setembro passado, e que o descontentamento desses funcionários estava relacionado sobre o fato de incluir no texto que a informação de inteligência "indicava, sugeria ou mostrava".

Hoon admitiu que em abril passado conheceu pessoalmente Kelly, quando se encontraram por acaso no restaurante do Ministério da Defesa. Segundo Hoon, Kelly elogiou a política do Reino Unido sobre o Iraque.

Hoon, que inicialmente afirmou desconhecer Kelly, afirmou hoje ao juiz: "Não sabia quem era, falamos sobre o Iraque, debatemos a política do governo, que afirmou apoiar, mas não foi um ocasião oficial, absolutamente".

Revelação

A investigação de Hutton revelou que o ministro da Defesa foi responsável pela divulgação do nome de Kelly como suposta fonte da BBC. A revelação, segundo a imprensa britânica, criou um clima tão forte de pressão que levou ao aparente suicídio de Kelly.

Hoon, porém negou hoje ter contribuído para revelar a identidade de Kelly.

O corpo de Kelly foi encontrado no dia 18 de julho em um bosque perto de sua casa em Oxfordshire (norte de Londres), com o pulso esquerdo cortado, em um aparente suicídio.

A declaração de Hoon ocorre um dia depois que o chefe do Comitê de Inteligência Conjunto, John Scarlett, assumiu sua responsabilidade sobre o dossiê e negou que o governo tivesse pressionado funcionários.

Amanhã, ocorre o depoimento mais aguardado. Tony Blair arrisca sua carreira política com este testemunho ante o juiz Hutton, que durante sua investigação tem dado mostras de independência e meticulosidade.

Com agências internacionais

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