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28/08/2003
-
08h01
da Folha Online
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que presta depoimento hoje para o juiz Biran Hutton no processo sobre a morte de David Kelly, declarou que não sabia que o cientista se ocupou do informe de setembro de 2002 sobre o arsenal iraquiano.
Blair afirmou também que teria "merecido renunciar" se, como afirmou a BBC, o informe governamental sobre as armas iraquianas de setembro de 2002 tivesse sido alterado por seus assessores.
Kelly, cientista e especialista em armas de destruição em massa e assessor do Ministério da Defesa, foi encontrado morto, com o pulso esquerdo cortado, em um bosque perto de sua casa, no dia 18 de julho. Ele foi fonte de uma reportagem da rede BBC que acusava Blair de ter exagerado a ameaça iraquiana em um dossiê publicado em setembro para justificar a Guerra do Iraque.
Quatro meses após a derrubada de Saddam Hussein, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no Iraque, levantando dúvidas sobre a justificativa de Washington e Londres para a ação militar.
Ao voltar de três semanas de férias em Barbados com a família, Blair trancou-se na sexta-feira (22) com os advogados na residência do primeiro-ministro em Chequers, oeste de Londres, para preparar sua declaração.
As cerca de 9.000 páginas de documentos publicadas no sábado (23) na internet foram mais que comprometedoras para Blair e seu governo sobre o modo como foi revelado à imprensa o nome de Kelly, e sobre a elaboração do polêmico informe de setembro de 2002 sobre o arsenal iraquiano.
Downing Street desmentiu firmemente as acusações da BBC, baseadas nas declarações de Kelly, segundo as quais o governo britânico havia ''exagerado'' o informe sobre o armamento iraquiano para justificar a guerra.
''Mal-estar''
O ministro da Defesa do Reino Unido, Geoff Hoon, admitiu ontem ao juiz James Hutton, encarregado de esclarecer o caso Kelly, que dois membros dos serviços secretos mostraram mal-estar pela ''linguagem'' usada no dossiê do governo britânico sobre o Iraque.
Hoon foi o primeiro ministro do governo britânico a comparecer ante o juiz Hutton, que investiga a morte de Kelly.
Segundo a imprensa britânica, Hoon deverá pedir demissão quando Hutton apresentar suas conclusões e será a principal baixa do governo trabalhista que vive seu momento mais difícil desde que, há seis anos, chegou ao poder.
Com agências internacionais
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Entenda a polêmica entre BBC e governo Blair
Especial
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Blair diz que não sabia que Kelly atuava no dossiê sobre o Iraque
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O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que presta depoimento hoje para o juiz Biran Hutton no processo sobre a morte de David Kelly, declarou que não sabia que o cientista se ocupou do informe de setembro de 2002 sobre o arsenal iraquiano.
Blair afirmou também que teria "merecido renunciar" se, como afirmou a BBC, o informe governamental sobre as armas iraquianas de setembro de 2002 tivesse sido alterado por seus assessores.
Toby Melville/Reuters |
Manifestante antiguerra veste máscara com a imagem de Tony Blair durante protesto em frente à corte onde o primeiro-ministro britânico presta depoimento hoje sobre a morte do cientista David Kelly |
Quatro meses após a derrubada de Saddam Hussein, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no Iraque, levantando dúvidas sobre a justificativa de Washington e Londres para a ação militar.
Ao voltar de três semanas de férias em Barbados com a família, Blair trancou-se na sexta-feira (22) com os advogados na residência do primeiro-ministro em Chequers, oeste de Londres, para preparar sua declaração.
As cerca de 9.000 páginas de documentos publicadas no sábado (23) na internet foram mais que comprometedoras para Blair e seu governo sobre o modo como foi revelado à imprensa o nome de Kelly, e sobre a elaboração do polêmico informe de setembro de 2002 sobre o arsenal iraquiano.
Downing Street desmentiu firmemente as acusações da BBC, baseadas nas declarações de Kelly, segundo as quais o governo britânico havia ''exagerado'' o informe sobre o armamento iraquiano para justificar a guerra.
''Mal-estar''
O ministro da Defesa do Reino Unido, Geoff Hoon, admitiu ontem ao juiz James Hutton, encarregado de esclarecer o caso Kelly, que dois membros dos serviços secretos mostraram mal-estar pela ''linguagem'' usada no dossiê do governo britânico sobre o Iraque.
Hoon foi o primeiro ministro do governo britânico a comparecer ante o juiz Hutton, que investiga a morte de Kelly.
Segundo a imprensa britânica, Hoon deverá pedir demissão quando Hutton apresentar suas conclusões e será a principal baixa do governo trabalhista que vive seu momento mais difícil desde que, há seis anos, chegou ao poder.
Com agências internacionais
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