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28/08/2003 - 15h55

ANP confirma congelamento de contas de organizações islâmicas

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da Folha Online

A Autoridade Nacional Palestina (ANP) confirmou hoje que congelou contas bancárias de nove organizações islâmicas com finalidade social para investigar se elas fornecem dinheiro a grupos radicais palestinos, como o Hamas. A informação tinha sido dada mais cedo por Abdel Aziz Rantissi, um dos líderes do Hamas.

A ordem de bloquear 39 contas de nove organizações foi dada pela ANP no domingo (24). A ação veio à tona hoje, quando centenas de palestinos que dependem de pagamentos provenientes das entidades foram trocar seus cheques mensais em bancos da cidade de Gaza. Os bancos devolveram os cheques, afirmando que as contas estavam bloqueadas.

Abdel Maguid Mashrawi, porta-voz da Autoridade Monetária Palestina, disse que o objetivo da medida era "monitorar o dinheiro que vem de fora, e assegurar que esse dinheiro é usado por essas instituições para propósitos de serviço social".

Segundo autoridades palestinas, o governo está tentando encontrar uma forma de monitorar as transferências de dinheiro, para que os pagamentos sejam retomados logo.

De acordo com as ordens da Autoridade Monetária Palestina, as nove entidades são: Al Jamiya Al Islamiya, Islamic Young Women's Association, As Salah Association, Social Care Committee, Palestinian Student Friends Association, Islamic Charity for Zakat, Al Mujamma Al Islami, Al Nour Charity Association e Al Aqsa Charity Association.

Acusação

O Hamas disse que a ANP estava agindo sob pressão de EUA e Israel. Os bloqueios "não afetarão o Hamas, e sim famílias pobres", disse Rantissi.

"Esta iniciativa da ANP foi tomada sob pressão dos norte-americanos e dos sionistas", acrescentou Rantissi.

Amir Abu Omarein, diretor da Al Mujamma Al Islami, disse que o congelamento dos fundos vai prejudicar os palestinos mais pobres. Ele disse que a organização, fundada nos anos 1970 pelo xeque Ahmed Yassin, líder espiritual e fundador do Hamas, apoia cerca de 3.000 pessoas, incluindo famílias de prisioneiros palestinos, palestinos feridos no conflito com Israel e órfãos.

Nabil Amr, ministro palestino da Informação, disse que a medida é "parte de nossa missão de implementar a lei nas instituições palestinas [...] não fecharemos nenhuma instituição nem prejudicaremos nenhum cidadão palestino", acrescentou.

De acordo com uma reportagem do jornal israelense "Haaretz" publicada ontem, 12 diretores de instituições sociais ligadas ao Hamas, que operam na faixa de Gaza e na Cisjordânia, foram comunicadas do congelamento das contas.

Míssil

Hoje, pela primeira vez, um militante palestino do Hamas lançou um míssil Qassam contra Israel. A ação não causou danos nem feridos, mas incitou mais atos violentos na fronteira entre Gaza e Israel.

Este foi o míssil Al Qassam de maior alcance lançado contra Israel desde o início da segunda Intifada [levante palestino contra a ocupação israelense], iniciada em 28 de setembro de 2000.

O míssil Qassam, de fabricação artesanal, caiu em uma zona industrial da cidade costeira de Ashkelon, cerca de 13 quilômetros da faixa de Gaza, segundo o Exército israelense.

Antes disso, o Hamas recusou o apelo feito ontem pelo presidente da ANP, Iasser Arafat, para reiniciar a trégua nos ataques contra Israel, afirmou um de seus dirigentes em Gaza hoje.

"O Hamas rejeita o apelo [de Arafat] para reiniciar a trégua, pois os ocupantes sionistas a torpedearam com seus assassinatos de mulheres, de crianças e de dirigentes políticos", declarou Rantissi.

Ontem, Arafat pediu aos grupos extremistas palestinos que renovem a trégua nos ataques contra Israel, rompida na semana passada após o reinício da violência.

Arafat pediu a todos os grupos e movimentos que se comprometam a respeitar um cessar-fogo para dar uma oportunidade aos esforços de paz internacionais para aplicar o plano internacional de solução do conflito israelo-palestino.

Ação israelense

Também hoje, 13 palestinos ficaram feridos --um em estado grave-- por disparos de soldados israelenses durante confrontos com militares israelenses na cidade de Nablus (norte da Cisjordânia), segundo testemunhas e fontes hospitalares palestinas.

De acordo com fontes militares israelenses, os soldados "abriram fogo" para responder a um ataque palestino --duas cargas explosivas teriam sido lançadas contra os militares, sem deixar vítimas. Em seguida, o Exército de Israel impôs toque de recolher obrigatório na cidade.

Apesar da medida, manifestantes palestinos teriam continuado a atirar pedras contra os militares, que entraram na cidade com jipes e tanques.

Os grupos extremistas palestinos, incluindo Hamas e Jihad Islâmico, informaram na última sexta-feira (22) que estavam suspendendo uma trégua unilateral de três meses proclamada no dia 29 de junho.

Os dois grupos puseram fim à trégua depois que Israel matou um dirigente do Hamas, Ismail Abu Chanab, em um ataque em Gaza.

Israel alega ter lançado o ataque em represália pelo atentado suicida reivindicado por Hamas e Jihad Islâmico no dia 19 de agosto contra um ônibus em Jerusalém, que causou 21 mortos e 130 feridos.

Com agências internacionais

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