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03/09/2003
-
03h59
ELAINE COTTA
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
Uma caixa de surpresas. Eis a definição dada ao comportamento do presidente argentino, Néstor Kirchner, que ontem completou cem dias de mandato.
Ao contrário do que muitos esperavam, o novo presidente não se tornou um títere do anterior, Eduardo Duhalde, que o lançou como candidato. Kirchner também não se mostrou apático e sem carisma, características que o marcaram durante a campanha.
Aproximou-se do eleitor e goza de índices de popularidade que superam os 70% de aprovação. Isso, após ter chegado ao poder com apenas 22% dos votos, já que que o candidato Carlos Menem desistiu de disputar o segundo turno das eleições.
"Kirchner está sendo melhor presidente do que candidato. Coisa que nunca ocorreu na Argentina", afirma o cartunista Carlos Caloi, cujo polêmico "Clemente", um dinossauro torcedor do Boca Juniors que é apaixonado por uma mulata brasileira, está diariamente no jornal "Clarín".
"A lua-de-mel que o governo vive com a população torna mais difícil o nosso trabalho. Não encontramos pontos fortes de crítica. Só nos resta as características físicas do presidente", afirma Cristian Dzwonik, conhecido na Argentina como Nik, chargista político do diário "La Nación".
Foi Nik quem primeiro explorou o "lado patagônico" do presidente ao explicá-lo como um pinguim: "além de ser do Sul, tem nariz pontudo e olhos arregalados". "Kirchner preserva sua intimidade e não nos deixa outra brecha para explorar."
Miguel Rep, do jornal "Página 12", concorda com os colegas. "Tento ao máximo não fazer um humor oficialista. Não votei em Kirchner, mas ele tem cumprido promessas de campanha. Coisa que nunca aconteceu neste país. Estamos num momento de trégua. Vamos ver quanto dura".
O humor também é parte do dia-a-dia do presidente. Segundo seus assessores mais próximos, Kirchner nunca perde o senso de humor e sempre que possível faz brincadeiras, mesmo com os jornalistas. "Uma vez beliscou o traseiro de um colunista econômico e o fez esquecer a pergunta que faria", informou uma revista local.
Kirchner também manteve hábitos de quem vive em cidades do interior. Todos os dias, reserva ao menos uma hora para a sesta e faz questão, sempre que pode, de passar os finais de semana em sua casa, na Província de Santa Cruz, onde faz churrascos para a família e recebe amigos mais íntimos.
Mas nem tudo é perfeito no governo Kirchner. O "estilo K" de governar também sofre críticas. Os mesmos gestos adotados pelo presidente para demonstrar autoridade são vistos como autoritarismo por alguns analistas.
"Sozinhas, as ações do presidente conseguiram mudar o humor da sociedade. O ânimo coletivo está quase eufórico", escreveu no diário "La Nación" o historiador Félix Luna. "Preocupam ações desmedidas como a adotada contra o vice. Kirchner precisa afastar toda tentação de autoritarismo e populismo, vertentes venenosas que sempre tentam o coração de qualquer peronista".
O historiador referia-se à decisão de Kirchner de destituir todo o comando da Secretaria de Turismo, que estava sob tutela de seu vice, depois que Daniel Scioli fez declarações que contrariavam o presidente.
Popular, Kirchner completa cem dias de governo
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da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
Uma caixa de surpresas. Eis a definição dada ao comportamento do presidente argentino, Néstor Kirchner, que ontem completou cem dias de mandato.
Ao contrário do que muitos esperavam, o novo presidente não se tornou um títere do anterior, Eduardo Duhalde, que o lançou como candidato. Kirchner também não se mostrou apático e sem carisma, características que o marcaram durante a campanha.
Aproximou-se do eleitor e goza de índices de popularidade que superam os 70% de aprovação. Isso, após ter chegado ao poder com apenas 22% dos votos, já que que o candidato Carlos Menem desistiu de disputar o segundo turno das eleições.
"Kirchner está sendo melhor presidente do que candidato. Coisa que nunca ocorreu na Argentina", afirma o cartunista Carlos Caloi, cujo polêmico "Clemente", um dinossauro torcedor do Boca Juniors que é apaixonado por uma mulata brasileira, está diariamente no jornal "Clarín".
"A lua-de-mel que o governo vive com a população torna mais difícil o nosso trabalho. Não encontramos pontos fortes de crítica. Só nos resta as características físicas do presidente", afirma Cristian Dzwonik, conhecido na Argentina como Nik, chargista político do diário "La Nación".
Foi Nik quem primeiro explorou o "lado patagônico" do presidente ao explicá-lo como um pinguim: "além de ser do Sul, tem nariz pontudo e olhos arregalados". "Kirchner preserva sua intimidade e não nos deixa outra brecha para explorar."
Miguel Rep, do jornal "Página 12", concorda com os colegas. "Tento ao máximo não fazer um humor oficialista. Não votei em Kirchner, mas ele tem cumprido promessas de campanha. Coisa que nunca aconteceu neste país. Estamos num momento de trégua. Vamos ver quanto dura".
O humor também é parte do dia-a-dia do presidente. Segundo seus assessores mais próximos, Kirchner nunca perde o senso de humor e sempre que possível faz brincadeiras, mesmo com os jornalistas. "Uma vez beliscou o traseiro de um colunista econômico e o fez esquecer a pergunta que faria", informou uma revista local.
Kirchner também manteve hábitos de quem vive em cidades do interior. Todos os dias, reserva ao menos uma hora para a sesta e faz questão, sempre que pode, de passar os finais de semana em sua casa, na Província de Santa Cruz, onde faz churrascos para a família e recebe amigos mais íntimos.
Mas nem tudo é perfeito no governo Kirchner. O "estilo K" de governar também sofre críticas. Os mesmos gestos adotados pelo presidente para demonstrar autoridade são vistos como autoritarismo por alguns analistas.
"Sozinhas, as ações do presidente conseguiram mudar o humor da sociedade. O ânimo coletivo está quase eufórico", escreveu no diário "La Nación" o historiador Félix Luna. "Preocupam ações desmedidas como a adotada contra o vice. Kirchner precisa afastar toda tentação de autoritarismo e populismo, vertentes venenosas que sempre tentam o coração de qualquer peronista".
O historiador referia-se à decisão de Kirchner de destituir todo o comando da Secretaria de Turismo, que estava sob tutela de seu vice, depois que Daniel Scioli fez declarações que contrariavam o presidente.
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