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03/09/2003
-
14h20
da Folha Online
Especialistas britânicos em inteligência estavam preocupados que o governo exagerasse alguns aspectos de um dossiê que afirmava que o Iraque poderia lançar armas de destruição em massa em um prazo de 45 minutos, declarou hoje uma testemunha no inquérito que apura a morte do cientista David Kelly.
Kelly, especialista em armas do Ministério da Defesa do Reino Unido, aparentemente cometeu suicídio depois de ser identificado como a fonte de uma reportagem da BBC que dizia que o governo havia "apimentado" o dossiê para justificar a Guerra do Iraque.
Brian Jones, ex-chefe da equipe de especialistas em armas químicas e biológicas do Ministério da Defesa do Reino Unido, declarou hoje que em setembro de 2002 alguns de seus funcionários se queixaram dos termos duros contidos no dossiê. Jones, hoje aposentado, disse que Kelly provavelmente sabia desse descontentamento.
Segundo reportagem da BBC, uma fonte anônima dizia que a declaração sobre os 45 minutos tinha sido inserida no dossiê por autoridades do governo contra a vontade de agentes de inteligência.
Descontentes
"Eu mesmo tinha alguma preocupação sobre a menção aos 45 minutos", disse Jones durante o inquérito sobre a morte de Kelly. "Alguns dos meus funcionários disseram que estavam descontentes com todos os detalhes do dossiê. Meu analista de armas químicas expressou uma preocupação particular."
Jones disse que tomou a decisão de escrever a seus superiores para dizer que seus funcionários estavam preocupados que "suas reservas sobre o dossiê não iriam estar refletidas na versão final".
De acordo com Jones, seus funcionários não pediram a remoção da informação mais controversa do dossiê --que o Iraque poderia lançar armas químicas e biológicas em 45 minutos.
"Em momento algum nós discutimos que esse dado não deveria estar no dossiê. Pensávamos que era uma informação importante", declarou Jones. Mas Jones afirmou que achava que os termos da declaração "eram um pouco duros".
Suicídio
O policial que chefiou as investigações sobre a morte de Kelly, Michael Page, disse não ter dúvidas de que se tratou de suicídio. O legista que examinou o corpo disse que a causa provável da morte foi uma hemorragia --Kelly foi achado sob uma árvore, com um pulso cortado. Além disso, Kelly tomou até 30 comprimidos do analgésico Coproxamol, o que é uma overdose, mas não necessariamente letal, segundo os médicos.
O inquérito também recebeu vários e-mails enviados por Kelly a amigos e colegas no seu último dia de vida. Na maioria das vezes, ele dizia que esperava que o caso fosse rapidamente esquecido e que ele pudesse voltar ao Iraque, onde havia trabalhado como inspetor de armas da ONU (Organização das Nações Unidas). Em uma das mensagens, porém, o cientista falava de "muitos atores sombrios jogando".
Com agências internacionais
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Inteligência britânica estava preocupada com dossiê sobre Iraque
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Especialistas britânicos em inteligência estavam preocupados que o governo exagerasse alguns aspectos de um dossiê que afirmava que o Iraque poderia lançar armas de destruição em massa em um prazo de 45 minutos, declarou hoje uma testemunha no inquérito que apura a morte do cientista David Kelly.
Kelly, especialista em armas do Ministério da Defesa do Reino Unido, aparentemente cometeu suicídio depois de ser identificado como a fonte de uma reportagem da BBC que dizia que o governo havia "apimentado" o dossiê para justificar a Guerra do Iraque.
Brian Jones, ex-chefe da equipe de especialistas em armas químicas e biológicas do Ministério da Defesa do Reino Unido, declarou hoje que em setembro de 2002 alguns de seus funcionários se queixaram dos termos duros contidos no dossiê. Jones, hoje aposentado, disse que Kelly provavelmente sabia desse descontentamento.
Segundo reportagem da BBC, uma fonte anônima dizia que a declaração sobre os 45 minutos tinha sido inserida no dossiê por autoridades do governo contra a vontade de agentes de inteligência.
Descontentes
"Eu mesmo tinha alguma preocupação sobre a menção aos 45 minutos", disse Jones durante o inquérito sobre a morte de Kelly. "Alguns dos meus funcionários disseram que estavam descontentes com todos os detalhes do dossiê. Meu analista de armas químicas expressou uma preocupação particular."
Jones disse que tomou a decisão de escrever a seus superiores para dizer que seus funcionários estavam preocupados que "suas reservas sobre o dossiê não iriam estar refletidas na versão final".
De acordo com Jones, seus funcionários não pediram a remoção da informação mais controversa do dossiê --que o Iraque poderia lançar armas químicas e biológicas em 45 minutos.
"Em momento algum nós discutimos que esse dado não deveria estar no dossiê. Pensávamos que era uma informação importante", declarou Jones. Mas Jones afirmou que achava que os termos da declaração "eram um pouco duros".
Suicídio
O policial que chefiou as investigações sobre a morte de Kelly, Michael Page, disse não ter dúvidas de que se tratou de suicídio. O legista que examinou o corpo disse que a causa provável da morte foi uma hemorragia --Kelly foi achado sob uma árvore, com um pulso cortado. Além disso, Kelly tomou até 30 comprimidos do analgésico Coproxamol, o que é uma overdose, mas não necessariamente letal, segundo os médicos.
O inquérito também recebeu vários e-mails enviados por Kelly a amigos e colegas no seu último dia de vida. Na maioria das vezes, ele dizia que esperava que o caso fosse rapidamente esquecido e que ele pudesse voltar ao Iraque, onde havia trabalhado como inspetor de armas da ONU (Organização das Nações Unidas). Em uma das mensagens, porém, o cientista falava de "muitos atores sombrios jogando".
Com agências internacionais
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