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11/09/2003
-
07h28
BIANCA KESTENBAUM BANAI
especial para a Folha Online
"O terror é uma ameaça global, e não somente a Israel ou aos Estados Unidos. Os países que não percebem isto, é porque não entendem ou não querem entender a ameaça que existe". A afirmação é de Yoram Schweitzer, 47, especialista em terrororismo internacional.
Pesquisador do Centro Yaffe de estudos estratégicos da universidade de Tel Aviv, Schweitzer disse em entrevista à Folha Online que o fenômeno do Hamas e do Hizbollah pode se expandir ainda mais por meio da ajuda financeira dos países que dão apoio a eles.
Ele diz que o terro que atingiu os EUA em 11 de Setembro é diferente dos outros tipos de ações realizadas hoje, e que os terroristas perderam o "limite das vítimas".
Autor do livro "A globalização do terror", lançado nos Estados Unidos este ano, Schweitzer diz que a Autoridade Nacional Palestina (ANO) é um exemplo clássico de governo que não combate o terrorismo --e ainda faz uso dele.
Leia íntegra da entrevista concedida à Folha Online:
Folha Online - O que podemos aprender após dois anos do atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos?
Yoram Schweitzer - Acho que as principais coisas que aconteceram nestes dois anos estão ligadas à concepção e ao método dos terroristas. Eles já não têm limites quanto ao número de vítimas, eles quebraram o tabu. Antigamente eram dezenas ou centenas.
No entendimento deles, houve uma elevação ou avanço na escala do números de vítimas --que aumentou por causa do 11 de Setembro e do Antraz. Acho que entramos na era do terror não-convencional.
Folha Online - O que pode ser feito de agora em diante?
Schweitzer - É preciso fazer uma separação entre os terroristas da rede de Bin Laden, que cresceram no Afeganistão , e os outros grupos terroristas que se encontram fora do círculo, que não são controlados por nenhum país e não recebem proteção de nenhum país. Com o grupo de Bin Laden não há como chegar a um acordo e é preciso acabar com eles [membros da rede terrorista Al Qaeda].
Folha Online - Há muitas diferenças entre Al Qaeda e os grupos radicais palestinos como Hamas, Hizbolah e Jihad Islâmico?
Schweitzer - O fenômeno do Hamas e do Hizbollah pode se expandir por meio da ajuda financeira dos países a que estes grupos estão ligados. No caso do Hizbolah, é o Irã e a Síria que alimentam o grupo. O Hamas tem a ANP -que, se quisesse, poderia cuidar ou acabar com ele.
No caso da Al Qaeda, não é uma exemplo clássico de uma organização ligada a um país. A guerra contra eles é direta. Junto com isso, um fato novo, além do 11 de Setembro, é o problema que o mundo enfrenta com relação aos países que apóiam o terror como o Irã, a Síria, o Líbano, e outros em menor escala.
O grande problema são os países que têm dentro de seus territórios áreas sem governo, e é onde a rede de Bin Laden constrói e desenvolve suas atividades. E neste caso, é preciso vontade política para cessar estas atividades e limpar a área para cuidar destes terroristas. Este é, no meu entender, o grande problema dos últimos dois anos, após o atentado na América.
Folha Online - No caso do Hamas, é um grupo que está estabelecido dentro do território da ANP com o apoio do governo palestino?
Schweitzer - No caso dos palestinos, não chamaria de área sem governo, mas, sim, de falta de vontade política das autoridades em cuidar do problema. Aparentemente os países não podem lutar contra o terrorismo, mas eu, particularmente, não acredito que os governos não possam, se quiserem, combater o terror. É uma questão de decisão política. É provável que para alguns governos o preço seja demasiado alto e os force a entrar em conflito. No caso da ANP é um exemplo de governo que não quer se esforçar em combater o terror. É um exemplo de governo que apóia a ação dos terroristas.
Folha Online - Este apoio aos terroristas pode ser um dos motivos do fracasso de Mahmoud Abbas (conhecido como Abu Mazen), ex-primeiro-ministro palestino? Esta mesma razão pode levar ao fracasso o novo primeiro-ministro Ahmed Korei?
Schweitzer - Eu não sei o que acontecerá a Korei, mas acredito que a ANP não faz nada para acabar com as atividades do Hamas. Mas isto não é novo e o terrorismo também não. O governo palestino é um exemplo clássico de não combater o terrorismo e ainda fazer uso dele.
Folha Online - Há alguma coisa que Israel ou os Estados Unidos possam fazer para evitar um novo atentado?
Schweitzer - Sem dúvida que há o que fazer. Em primeiro lugar, é preciso entender que quando falamos em soluções para o terror não estamos falando de soluções finais. No caso dos israelenses e palestinos, é um conflito antigo, conhecido e muito problemático. A guerra contra o terror engloba a luta de informação contra o terror.
Acho que os Estados Unidos entendem a ameaça que o terror representa. No que se refere a ação terrorista mundial, os países que não prestam atenção, é simplesmente porque não entendem ou não querem entender a ameaça que existe.
O terror é uma ameaça global, não somente a Israel ou aos Estados Unidos. As consequências das ações de Bin Laden atingem todos que não aceitam o seu ideal, incluindo muçulmanos nos países árabes como Arábia Saudita, Tunísia e países da Europa.
Terrorismo é uma ameaça global, diz especialista israelense
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"O terror é uma ameaça global, e não somente a Israel ou aos Estados Unidos. Os países que não percebem isto, é porque não entendem ou não querem entender a ameaça que existe". A afirmação é de Yoram Schweitzer, 47, especialista em terrororismo internacional.
Pesquisador do Centro Yaffe de estudos estratégicos da universidade de Tel Aviv, Schweitzer disse em entrevista à Folha Online que o fenômeno do Hamas e do Hizbollah pode se expandir ainda mais por meio da ajuda financeira dos países que dão apoio a eles.
Ele diz que o terro que atingiu os EUA em 11 de Setembro é diferente dos outros tipos de ações realizadas hoje, e que os terroristas perderam o "limite das vítimas".
Autor do livro "A globalização do terror", lançado nos Estados Unidos este ano, Schweitzer diz que a Autoridade Nacional Palestina (ANO) é um exemplo clássico de governo que não combate o terrorismo --e ainda faz uso dele.
Leia íntegra da entrevista concedida à Folha Online:
Folha Online - O que podemos aprender após dois anos do atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos?
Yoram Schweitzer - Acho que as principais coisas que aconteceram nestes dois anos estão ligadas à concepção e ao método dos terroristas. Eles já não têm limites quanto ao número de vítimas, eles quebraram o tabu. Antigamente eram dezenas ou centenas.
No entendimento deles, houve uma elevação ou avanço na escala do números de vítimas --que aumentou por causa do 11 de Setembro e do Antraz. Acho que entramos na era do terror não-convencional.
Folha Online - O que pode ser feito de agora em diante?
Schweitzer - É preciso fazer uma separação entre os terroristas da rede de Bin Laden, que cresceram no Afeganistão , e os outros grupos terroristas que se encontram fora do círculo, que não são controlados por nenhum país e não recebem proteção de nenhum país. Com o grupo de Bin Laden não há como chegar a um acordo e é preciso acabar com eles [membros da rede terrorista Al Qaeda].
Folha Online - Há muitas diferenças entre Al Qaeda e os grupos radicais palestinos como Hamas, Hizbolah e Jihad Islâmico?
Schweitzer - O fenômeno do Hamas e do Hizbollah pode se expandir por meio da ajuda financeira dos países a que estes grupos estão ligados. No caso do Hizbolah, é o Irã e a Síria que alimentam o grupo. O Hamas tem a ANP -que, se quisesse, poderia cuidar ou acabar com ele.
No caso da Al Qaeda, não é uma exemplo clássico de uma organização ligada a um país. A guerra contra eles é direta. Junto com isso, um fato novo, além do 11 de Setembro, é o problema que o mundo enfrenta com relação aos países que apóiam o terror como o Irã, a Síria, o Líbano, e outros em menor escala.
O grande problema são os países que têm dentro de seus territórios áreas sem governo, e é onde a rede de Bin Laden constrói e desenvolve suas atividades. E neste caso, é preciso vontade política para cessar estas atividades e limpar a área para cuidar destes terroristas. Este é, no meu entender, o grande problema dos últimos dois anos, após o atentado na América.
Folha Online - No caso do Hamas, é um grupo que está estabelecido dentro do território da ANP com o apoio do governo palestino?
Schweitzer - No caso dos palestinos, não chamaria de área sem governo, mas, sim, de falta de vontade política das autoridades em cuidar do problema. Aparentemente os países não podem lutar contra o terrorismo, mas eu, particularmente, não acredito que os governos não possam, se quiserem, combater o terror. É uma questão de decisão política. É provável que para alguns governos o preço seja demasiado alto e os force a entrar em conflito. No caso da ANP é um exemplo de governo que não quer se esforçar em combater o terror. É um exemplo de governo que apóia a ação dos terroristas.
Folha Online - Este apoio aos terroristas pode ser um dos motivos do fracasso de Mahmoud Abbas (conhecido como Abu Mazen), ex-primeiro-ministro palestino? Esta mesma razão pode levar ao fracasso o novo primeiro-ministro Ahmed Korei?
Schweitzer - Eu não sei o que acontecerá a Korei, mas acredito que a ANP não faz nada para acabar com as atividades do Hamas. Mas isto não é novo e o terrorismo também não. O governo palestino é um exemplo clássico de não combater o terrorismo e ainda fazer uso dele.
Folha Online - Há alguma coisa que Israel ou os Estados Unidos possam fazer para evitar um novo atentado?
Schweitzer - Sem dúvida que há o que fazer. Em primeiro lugar, é preciso entender que quando falamos em soluções para o terror não estamos falando de soluções finais. No caso dos israelenses e palestinos, é um conflito antigo, conhecido e muito problemático. A guerra contra o terror engloba a luta de informação contra o terror.
Acho que os Estados Unidos entendem a ameaça que o terror representa. No que se refere a ação terrorista mundial, os países que não prestam atenção, é simplesmente porque não entendem ou não querem entender a ameaça que existe.
O terror é uma ameaça global, não somente a Israel ou aos Estados Unidos. As consequências das ações de Bin Laden atingem todos que não aceitam o seu ideal, incluindo muçulmanos nos países árabes como Arábia Saudita, Tunísia e países da Europa.
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