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12/09/2003 - 02h43

Apesar de alerta, NY faz ato "relaxado"

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CÍNTIA CARDOSO
da Folha de S.Paulo, em Nova York

No dia em que Nova York lembrou os dois anos dos atentados do 11 de Setembro, o Departamento de Estado dos EUA alertou os americanos sobre indícios de que a Al Qaeda estaria planejando novas ações terroristas.

O alerta foi endereçado principalmente aos cidadãos americanos no exterior, sobretudo na Europa e na Ásia. "Com o segundo aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001 contra nós, vemos crescentes indicações de que a Al Qaeda está planejando atacar interesses dos EUA no exterior", afirma o comunicado.

De acordo com o governo americano, a Al Qaeda estaria planejando realizar ataques com armas não-convencionais, como agentes biológicos e químicos.

A despeito dessas preocupações, a cerimônia oficial do 11 de Setembro em Nova York, ontem, não contou com um esquema de segurança ostensivo.

Nem as famílias das vítimas nem a imprensa --únicos que puderam se cadastrar para o evento-- passaram por barreiras com instrumentos de monitoramento, como detetor de metais. Essa, aliás, foi uma solicitação do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. "A logística para essa operação seria muito complicada. Isso levaria horas e poderia ser inconveniente para as famílias", justificou Bloomberg.

A opção por uma vigilância "mais relaxada" foi apontada como o motivo pelo qual o prefeito pediu que o vice-presidente americano, Dick Cheney, não comparecesse ao evento.

"Foi melhor o vice-presidente não ter vindo. Essa é uma cerimônia para as famílias. Nós não precisamos de políticos por aqui", afirmou Barbara Simpson, tia de John Resta, um contador morto no atentado às torres do World Tarde Center.

A cerimônia

Um rufar de tambores seguido por um longo silêncio marcou o início da cerimônia oficial do segundo aniversário dos ataques. Às 8h46 (9h46 em Brasília), outro minuto de silêncio. Nesse hora, há dois anos, o primeiro avião atingiu a torre norte do WTC.

O mesmo silêncio foi repetido outras três vezes: às 9h03, às 9h59 e às 10h29. Os horários fazem referência aos momentos em que que a torre sul foi atacada e também aos instantes em que as partes sul e norte do prédio, respectivamente, desmoronaram.

As pausas eram entrecortadas por crianças que fizeram a leitura dos nomes das 2.762 pessoas mortas no World Trade Center.

As 200 crianças escolhidas tinham algum grau de parentesco com as vítimas. À menção de cada nome, os familiares desciam uma rampa de acesso à antiga base das torres. Um total de 180 mil flores foi fornecido pela prefeitura nova-iorquina para que as famílias prestassem suas homenagens.

Toda a área foi cercada por cartazes pintados pelas próprias crianças. "Eu me lembro do meu pai me carregando no colo", lia-se em um dos cartazes.

"Sinto saudades dos piqueniques com a minha mãe", lia-se em outro. Muitos, porém, eram desenhos das torres em chamas ou apenas rabiscos. As pinturas das crianças fazem parte de um programa de terapia coletiva coordenado por psicólogos da prefeitura local e do governo do Estado de Nova York.

A cerimônia no Ponto Zero não foi um palanque de discursos inflamados. O tom solene prevaleceu em todos os momentos. Em rápida aparição, o atual prefeito mencionou que as crianças foram escolhidas para simbolizar a esperança de um futuro pacífico.

Já o ex-prefeito Rudolph Giuliani conferiu um tom algo mais político à sua fala. Parafraseando o primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1874-1965), Giuliani declarou: "As idéias de democracia vão prevalecer. Temos uma longa batalha pela frente. Temos uma vitória pela frente. Sigamos juntos."

A leitura dos nomes das vítimas prosseguiu até o meio-dia, quando um coral de crianças da cidade encerrou a cerimônia com a performance da canção "America the Beautiful". A iluminação do Ponto Zero, com dois feixes de luz ao entardecer, também fez parte do evento.

À tarde, o vice-presidente, Dick Cheney, Hillary Clinton, senadora por Nova York e ex-primeira-dama americana, e o governador do Estado, George Pataki, participaram de uma cerimônia multirreligiosa na igreja Riverside, também em Nova York.

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