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23/09/2003
-
05h13
KENNEDY ALENCAR
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Nova York
Apesar de ter dito que "não há elo direto de causa e efeito entre pobreza e terrorismo", o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se contradisse e relacionou uma coisa à outra em seu discurso em seminário sobre as causas do terrorismo ocorrido ontem, em Nova York.
"A associação automática entre terrorismo e pobreza pode levar à injusta discriminação contra países em desenvolvimento como celeiros para terroristas", disse.
Logo na sequência, porém, elencou uma série de problemas que podem ser associados à pobreza como causa do terrorismo.
"A falta de acesso a bens elementares, inclusive educação e bens culturais, corrói o tecido social e torna os indivíduos vulneráveis", afirmou.
Uma menção semelhante a essa deverá constar do discurso de Lula hoje na abertura da 58ª Assembléia Geral da ONU.
Mais incisivamente, essa correlação havia sido feita no dia anterior por seu assessor especial e coordenador de mobilização empresarial do Fome Zero, Oded Grajew. "O terrorismo prospera na miséria. É mais difícil ter a Al Qaeda na Suécia do que no Afeganistão", disse Grajew, anteontem, ao chegar a NY com o presidente.
Grajew disse ter autorização do presidente para fazer críticas duras aos EUA em relação ao combate à miséria: "Ele não pode falar, mas me autorizou a falar".
"Para combater a pobreza deveria haver [da parte dos EUA] a mesma mobilização de recursos que existe em relação às 3.000 pessoas que morreram [no 11 de Setembro] e em relação à Guerra do Iraque. É triste que tenham morrido 3.000, mas hoje [ontem] morreram, por causa da fome, no mundo 30 mil crianças com menos de cinco anos", disse Grajew.
O assessor especial criticou a iniciativa norte-americana de pedir a outros países que colaborem com recursos para um pacote reconstrução do Iraque no valor de US$ 86 bilhões.
"Se houvesse vontade política para pedir US$ 86 bilhões pela pobreza, seria diferente", afirmou Grajew.
Ele disse que Lula irá se reunir nos próximos dias com representantes de 14 multinacionais que contribuirão para o Fundo Mundial de Solidariedade com ao menos US$ 3 milhões, no total.
Por iniciativa do assessor especial, essas empresas farão a primeira contribuição para o fundo internacional de combate à pobreza criada em 2002 pelo ONU. "Não havia um centavo no fundo, zero. As contribuições organizadas pelo Brasil serão as primeiras."
Lula se contradiz sobre bases do terror em discurso
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Enviado especial da Folha de S.Paulo a Nova York
Apesar de ter dito que "não há elo direto de causa e efeito entre pobreza e terrorismo", o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se contradisse e relacionou uma coisa à outra em seu discurso em seminário sobre as causas do terrorismo ocorrido ontem, em Nova York.
"A associação automática entre terrorismo e pobreza pode levar à injusta discriminação contra países em desenvolvimento como celeiros para terroristas", disse.
Logo na sequência, porém, elencou uma série de problemas que podem ser associados à pobreza como causa do terrorismo.
"A falta de acesso a bens elementares, inclusive educação e bens culturais, corrói o tecido social e torna os indivíduos vulneráveis", afirmou.
Uma menção semelhante a essa deverá constar do discurso de Lula hoje na abertura da 58ª Assembléia Geral da ONU.
Mais incisivamente, essa correlação havia sido feita no dia anterior por seu assessor especial e coordenador de mobilização empresarial do Fome Zero, Oded Grajew. "O terrorismo prospera na miséria. É mais difícil ter a Al Qaeda na Suécia do que no Afeganistão", disse Grajew, anteontem, ao chegar a NY com o presidente.
Grajew disse ter autorização do presidente para fazer críticas duras aos EUA em relação ao combate à miséria: "Ele não pode falar, mas me autorizou a falar".
"Para combater a pobreza deveria haver [da parte dos EUA] a mesma mobilização de recursos que existe em relação às 3.000 pessoas que morreram [no 11 de Setembro] e em relação à Guerra do Iraque. É triste que tenham morrido 3.000, mas hoje [ontem] morreram, por causa da fome, no mundo 30 mil crianças com menos de cinco anos", disse Grajew.
O assessor especial criticou a iniciativa norte-americana de pedir a outros países que colaborem com recursos para um pacote reconstrução do Iraque no valor de US$ 86 bilhões.
"Se houvesse vontade política para pedir US$ 86 bilhões pela pobreza, seria diferente", afirmou Grajew.
Ele disse que Lula irá se reunir nos próximos dias com representantes de 14 multinacionais que contribuirão para o Fundo Mundial de Solidariedade com ao menos US$ 3 milhões, no total.
Por iniciativa do assessor especial, essas empresas farão a primeira contribuição para o fundo internacional de combate à pobreza criada em 2002 pelo ONU. "Não havia um centavo no fundo, zero. As contribuições organizadas pelo Brasil serão as primeiras."
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