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27/09/2003 - 20h41

EUA mobilizam 10 mil soldados em dia de mais um ataque no Iraque

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da France Presse, em Bagdá

O Pentágono mobilizou hoje duas brigadas da Guarda Nacional, ou seja, um total de 10 mil homens, para enviar em breve ao Iraque e pediu o alistamento de um terceiro contingente de 5.000 homens. Enquanto isso, um hotel de Bagdá, onde se hospedam várias autoridades americanas, foi alvo na manhã de hoje de um disparo de um lança-granadas RPG, que causou danos materiais leves, mas nenhuma vítima.

"Trata-se do primeiro ataque organizado deliberadamente contra o hotel", declarou um porta-voz americano, o tenente-coronel Kevin Gainer, acrescentando que o estabelecimento já tinha sido alvo de outro ataque "sem consequências" em outra data.

A granada foi disparada contra o hotel e caiu perto do edifício, informou outro porta-voz americano, que pediu para não ser identificado.

O hotel Rashid, de 14 andares, era famoso sob o regime do ex-presidente Saddam Hussein porque abrigava o conjunto da imprensa estrangeira e as personalidades que visitavam oficialmente Bagdá.

Depois da Guerra do Golfo em 1991, foi instalado no piso da entrada um mosaico com a cara de George Bush, pai do atual presidente americano, o que obrigava todo visitante a pisá-lo para entrar no hotel. O mosaico foi destruído pelas forças americanas após sua invasão a Bagdá, no dia 9 de abril.

O estabelecimento está situado junto do palácio dos congressos de Bagdá, que abriga as instalações de imprensa das forças americanas. Em julho passado, houve um ataque com granadas no estacionamento desse centro, também sem vítimas.

Desde então, foram reforçadas as medidas de segurança em torno do setor e se proibiu o estacionamento de automóveis dentro desse perímetro.

Este é o segundo ataque em três dias contra um hotel. Ontem, um artefato explodiu diante do hotel Aike, onde se hospedava a equipe do canal americano NBC, matando um funcionário do estabelecimento e ferindo outras duas pessoas.

Segurança

Devido à falta de segurança no Iraque, um terço dos 86 funcionários estrangeiros da ONU devem deixar o país.

A questão da segurança no Iraque continua na ordem do dia da agenda do presidente Bush.

Depois que a Alemanha e os Estados Unidos se reconciliaram na quarta-feira (24), em Nova York, Bush incluiu hoje a Alemanha entre os países dispostos a ajudar a reconstruir o Iraque. O chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, ofereceu seu país para formar as forças de segurança iraquianas.

Já o presidente russo, Vladimir Putin, ao término de uma reunião de cúpula com Bush hoje em Camp David, afirmou que a eventual participação russa na reconstrução do Iraque será decidida após a votação de uma resolução das Nações Unidas.

Em entrevista coletiva conjunta com Bush, Putin disse que a Rússia deseja que a situação no Iraque se normalize "o quanto antes".

"Ao mesmo tempo, entendemos que se trata de um processo complicado que deveria fundamenta-se em uma sólida base legal e administrativa e deveria ser levado adiante passo a passo", acrescentou.

"O grau, a amplidão e o nível da participação da Rússia na reconstrução do Iraque serão determinados quando conhecermos os parâmetros da nova resolução sobre o Iraque", afirmou.

Mobilização

O Ministério da Defesa americano, por sua vez, anunciou hoje a mobilização de 10 mil homens para enviar ao Iraque e o pedido de alistamento de um terceiro contingente de 5.000 homens, uma decisão tomada porque os apelos dos Estados Unidos a outros países para que enviem mais soldados não foram atendidos.

As unidades que serão mobilizadas respectivamente nos dias 1º e 12 de outubro são a 30ª Brigada de infantaria da Carolina do Norte e a 39ª Brigada de infantaria de Arkansas, segundo o comunicado difundido ontem.

Otan

Já a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) pode vir a intervir no Iraque. O general alemão Harald Kujat, presidente do comitê militar da organização, a principal autoridade militar da aliança atlântica, considerou provável uma intervenção da Otan no Iraque, em uma entrevista publicada pelo jornal "Welt am Sonntag" em sua edição de domingo.

"Se houver uma grande necessidade de contingentes para estabilizar o país, a questão será apresentada cedo ou tarde à Otan. A aliança terá de decidir então se poderia deixar seu maior membro sozinho com suas dificuldades", disse Kujat ao jornal alemão, referindo-se aos Estados Unidos.

Manifestações

Enquanto isso, de Londres a Istambul, dezenas de milhares de pessoas protestaram hoje nas principais cidades européias contra a ocupação anglo-americana do Iraque e em apoio à causa palestina.

Em Londres, os manifestantes --que segundo os organizadores somavam 100 mil pessoas, mas segundo a polícia, não chegavam a 10 mil-- saíram de Hyde Park e caminharam até a Trafalgar Square, no centro, onde ouviram discursos contrários à participação do governo britânico na ocupação.

Vários manifestantes levavam cartazes em que pediam o fim da guerra e liberdade para os palestinos. Outros protestavam contra as supostas mentiras do governo britânico para justificar o conflito, exibindo cartazes com os dizeres "Tony Bliar", um jogo de palavras com o nome do premiê, Tony Blair, e a palavra "liar", metiroso em inglês.

Em Paris, os manifestantes gritavam palavras de ordem pedindo liberdade e soberania para os iraquianos, a retirada das forças de ocupação, paz, justiça e democracia no Oriente Médio. Participaram do protesto 8.000 pessoas, segundo os organizadores, e 3.000 segundo a polícia.

Para a noite de hoje estava marcado um concerto pela paz no Oriente Médio em uma sala da capital francesa, do qual participará a cantora israelense Sara Alexander, o camaronês Manu Dibango e a francesa Sapho.

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