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03/10/2003 - 12h46

Igreja começa a preparar o mundo para a morte de João Paulo 2º

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da France Presse, no Vaticano

A hierarquia da Igreja Católica começa a preparar o mundo para a morte do papa João Paulo 2º e já não procura mais esconder a fragilidade do pontífice, o que está causando tensões e incertezas entre os católicos de todo o planeta.

"Seria preciso retornar a 1903 e aos meses que antecederam a morte de Leão 13, que passava dos momentos de vitalidade a outros de decaída, para entender o suspense que reina nestes momentos", publicou hoje o jornal "Il Corriere della Sera" ao descrever o clima que se vive dentro e fora do Vaticano.

"Está morrendo, restam-lhe somente meses ou talvez dias de vida", declarou o cardeal Christoph Schoenborn, 58, arcebispo de Viena, um dos "papáveis", que elogiou, em uma entrevista a uma emissora de seu país, a maneira excepcional com que o papa enfrenta a enfermidade.

Reuters - 12.set.2003
O papa João Paulo 2º, 83
"A novidade é o fato de que uma pessoa se aproxime do momento final ante os olhos da opinião pública mundial. O mundo inteiro pode ver o papa doente, incapacitado, desfalecido, chegando a seus últimos dias ou meses de vida", declarou o cardeal.

Além do cardeal austríaco, outros cardeais comentaram as delicadas condições de saúde do pontífice, entre eles o alemão Joseph Ratzinger, um dos principais colaboradores do papa em um quarto de século do pontificado, que guiou com mão dura todos os assuntos relacionados com a doutrina.

Orações

O papa "está mal", disse o cardeal alemão, que pediu aos católicos de todo o mundo orações pela saúde de João Paulo 2º, segundo entrevista publicada na terça-feira (30)por uma revista alemã.

"Está esgotado, mas não seu espírito e sua coragem", declarou outro cardeal, o belga Gustaaf Joos.

Outro cardeal importante, o italiano Giovanni Battista Re, responsável pelos bispos no mundo, que figura na relação dos "papáveis" e que almoçou na véspera com o pontífice, tranquilizou os católicos, afirmando que o papa continua sendo "um homem forte lúcido, com uma visão clara do mundo, apesar de seus problemas para caminhar e para falar, principalmente quando está cansado".

Tudo parece indicar que os membros da Cúria Romana, o governo central da Igreja, estão conscientes da frágil saúde do papa, de 83 anos, afetado pelas consequências do atentado de 1981, um câncer intestinal, várias quedas e o mal de Parkinson.

Imagem

Como em 1981, quando se deixou fotografar em seu leito de enfermo, João Paulo 2º se deixa agora observar minuciosamente pelas câmaras de televisão, que na quarta-feira (1º), durante a audiência geral, projetaram um pobre papa dolorido, que se desesperava por não poder articular bem as palavras e até se engasgava com a própria saliva.

A transparência que marcou o pontificado mais comunicativo da história está se tornando quase um peso, como se em vez de ser admirado, João Paulo 2º esteja sendo manuseado, vítima dos excessos dos meios de comunicação de todo o mundo, que não param de pedir e dar informações sobre a saúde do pontífice, segundo a imprensa italiana.

"Não se deve sentir mal-estar ou preocupação" com a enfermidade do papa, diz o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls, que sugere uma reflexão mais profunda: "É dramática uma cultura que valoriza tanto a juventude".

"Para ninguém, é fácil estar cara a cara com a morte, nem mesmo para o papa", escreveu um jornalista.

Como resposta a tanta tensão, as autoridades do Vaticano continuam confirmando todas as atividades do papa, entre elas a viagem do próximo dia 7 a Pompéia, no sul da Itália, a beatificação da Madre Teresa de Calcutá, no dia 19, e o Consistório, a assembléia de cardeais, no dia 21 de outubro, durante a qual entregará o barrete cardinalício a 31 novos cardeais, além das cerimônias do próximo dia 16 pelos 25 anos de seu pontificado.

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