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05/10/2003 - 08h40

Israel ataca faixa de Gaza e "campo" do Jihad na Síria

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da France Presse
da Folha Online

Israel lançou mísseis sobre faixa de Gaza na madrugada de hoje, em resposta ao atentado suicida palestino ocorrido ontem, que deixou 19 mortos e mais de 40 feridos na cidade de Haifa (norte de Israel). A autora da ação também morreu. O governo israelense também atacou um suposto campo de treinamento do grupo radical Jihad Islâmico, na Síria. O grupo negou possuir um campo de treinamento.

Os ataques, que tiveram menos de meia hora de intervalo, aconteceram oito horas depois do atentado, mas não causaram vítimas.

Helicópteros de combate realizaram o primeiro ataque na cidade de Gaza, segundo fontes dos serviços de segurança palestinos. O alvo era a casa de um integrante do movimento radical islâmico Hamas, que estava vazia no momento do ataque. Várias janelas de residências próximas quebraram e algumas pessoas foram atingidas pelos estilhaços.

Um pouco mais tarde, os helicópteros efetuaram um segundo ataque ao campo de refugiados de Al Bureij (centro). Dois mísseis foram disparados e algumas explosões foram ouvidas na cidade. Logo depois, o campo ficou sem luz, acrescentaram as fontes palestinas, sem falar em feridos.

De acordo com alguns moradores locais, o objetivo deste ataque era a casa de um ativista de outro grupo radical, a Jihad Islâmico, que também estava vazia no momento das explosões. A rádio pública israelense informou que o alvo era um depósito de armas e explosivos.

Campo de treinamento

Também nesta madrugada, o Exército israelense atacou um campo de treinamento de grupos radicais na fronteira sírio-libanesa, segundo fontes militares israelenses.

De acordo com fontes palestinas em Beirute (Líbano), o ataque foi realizado por aviões e deixou um homem ferido.

Segundo Isral, o campo seria utilizado pelo Jihad Islâmico, organização palestina que reivindicou o atentado suicída de ontem, no qual uma mulher-bomba causou a morte de 19 pessoas em Haifa (norte de Israel).

De acordo com o governo de Israel, as atividades no campo têm a aprovação da Síria e são financiadas pelo Irã. Uma vez treinados, os combatentes palestinos regressam à Cisjordânia e à faixa de Gaza para preparar atentados contra israelenses.

O governo da Síria criticou duramente a ação israelense. O chanceler alemão, Gerhard Schröder, disse que a retaliação israelense ao Jihad em território sírio pode ser prejudicial para a relação entre os dois países.

Schröder afirmou no Cairo (Egito) que o ataque de Israel à Síria "é inaceitável" e que o mesmo dificulta a situação no Oriente Médio.

"Violar a soberania de um terceiro país complica ainda mais o processo de paz e por isso não é possível aceitar o que aconteceu na Síria", declarou Schröder em uma entrevista coletiva da qual também participou o presidente egípcio, Hosni Mubarak.

Schröder também condenou firmemente "o terrorismo", numa referência ao atentado suicida, reivindicado pelo Jihad Islâmico ontem.

O presidente egípcio também condenou o ataque israelense, por considerá-lo uma "agressão contra um país irmão". "Condenamos a violência e a agressão ocorrida contra um país irmão, sob o pretexto da presença de organizações palestinas", declarou Mubarak.

Toque de recolher

Além da ofensiva, o Exército de Israel proibiu a circulação dos palestinos, hoje, pela principal estrada da faixa de Gaza.

Em Jenin, os militares destruíram duas casas: a da autora do atentado suicida de Haifa, uma advogada de 29 anos, e a de um chefe local da facção armada da Jihad Islâmico, a organização que reivindicou a autoria do atentado.

O atentado de ontem, que matou 19 pessoas, incluindo cinco crianças, foi cometido em um restaurante da cidade portuária de Haifa (60 km ao norte de Tel Aviv) durante o sabbat (dia de descanso semanal) e na véspera do Yom Kippur (Yom Kippur), feriado sagrado do perdão.

ONU, União Européia, Washington, Paris, Londres e Berlim condenaram o ato terrorista.

Responsabilidade

Israel culpou a Autoridade Nacional Palestina (ANP), acusando a mesma de não ter "destruído as organizações terroristas".

O vice-primeiro-ministro, Ehud Olmert, disse que Israel tinha a obrigação de reagir ao atentado e de "acabar com as infra-estruturas terroristas, primeiro em Gaza, mas também na Cisjordânia".

O presidente da ANP, Iasser, Arafat, e a direção palestina condenaram energicamente o atentado, sobretudo por ter acontecido na véspera do Yom Kipur. O primeiro-ministro palestino designado, Ahmed Korei, pediu aos grupos armados o fim "imediato" dos ataques contra civis.

Porém, Olmert não deu nenhum crédito ao pedido. "Os palestinos não querem e não têm a intenção de acabar com os grupos armados, o que significa que nós teremos que fazer isso".

O atentado de Haifa foi cometido apesar do total bloqueio da Cisjordânia e da faixa de Gaza, imposto desde sexta-feira por causa da proximidade do Yom Kipur, para o qual Israel se isola do mundo.

Israel voltou a debater a oportunidade para "livrar-se" de Arafat. Porém, o líder palestino recebeu o apoio de 30 pacifistas israelenses e estrangeiros, que atuam como escudos humanos diante do quartel-general de Ramallah, cercado há vários meses por tanques israelenses.

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