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16/10/2003
-
03h33
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo
Muita gente disse isso, mas agora quem diz é o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres: ao ocupar o Iraque, os EUA, a curto e médio prazos, aumentaram o risco de atentados terroristas e criaram mais apoio à organização terrorista Al Qaeda entre os muçulmanos.
Ontem o instituto lançou a mais nova edição do seu consagrado anuário sobre as forças armadas do planeta, "The Military Balance 2003-2004". O anuário não se limita a descrever arsenais, mas faz análises estratégicas e comentários sobre os conflitos existentes.
O diretor do instituto, John Chipman, alertou para a possibilidade de um atentado terrorista de grandes proporções contra as forças anglo-americanas no Iraque, no estilo do caminhão-bomba que matou 241 marines no Líbano, em 1983.
Seria um substituto, na visão dos terroristas, de um novo ataque em território dos EUA, algo agora mais difícil de realizar do que em 11 de setembro de 2001.
Matéria-prima não falta, para Chipman. Havia uma quantidade enorme de armamento e munição no Iraque, e a confusão causada pela invasão pode ter facilitado o acesso de terroristas a esse arsenal. "A invasão do Iraque liderada pelos EUA trouxe um colapso nas estruturas de segurança do país, incluindo as estruturas para a guarda de depósitos de armas e das fronteiras", disse Chipman.
"A coalizão estava despreparada para a escala do problema, e não tinha meios de manter a segurança da grande quantidade de locais de estocagem de armas e munições", diz ele, que lembra que mesmo agora a situação pouco melhorou. Mais uma vez é algo que vários especialistas já tinham dito: a quantidade de armas disponíveis no Iraque tornaria a ocupação algo extremamente difícil.
Chipman alerta para um dos armamentos particularmente perigosos: os mísseis antiaéreos disparados do ombro. Guiados pelo calor dos aviões, podem causar desastres de grandes proporções.
O conflito que dá a tônica ao livro é essa "guerra ao terrorismo" patrocinada pelos EUA, de longe a maior potência militar da Terra.
Segundo o anuário, apesar de a economia global ter crescido pouco, os gastos militares foram 7% maiores de 2001 a 2002. A maioria do aumento foi obra dos EUA, ou da valorização do Euro --"dando a ilusão de um aumento significativo de gastos pelos membros europeus da Otan". Apesar disso, os europeus estariam começando a rever sua política de defesa.
Na teoria, um relatório sobre o tema da União Européia se aproxima das teses americanas, ao comentar os riscos para a segurança mundial do terrorismo, da proliferação de armas de destruição de massa e de Estados "fracassados".
Na prática, pequenas intervenções militares na África --como uma francesa na República Democrática do Congo (ex-Zaire) e outra britânica em Serra Leoa--, já demonstrariam uma maior disposição européia a pôr soldados em regiões de conflito.
Guerra ao terror aumenta apoio à Al Qaeda entre muçulmanos, diz estudo
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da Folha de S.Paulo
Muita gente disse isso, mas agora quem diz é o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres: ao ocupar o Iraque, os EUA, a curto e médio prazos, aumentaram o risco de atentados terroristas e criaram mais apoio à organização terrorista Al Qaeda entre os muçulmanos.
Ontem o instituto lançou a mais nova edição do seu consagrado anuário sobre as forças armadas do planeta, "The Military Balance 2003-2004". O anuário não se limita a descrever arsenais, mas faz análises estratégicas e comentários sobre os conflitos existentes.
O diretor do instituto, John Chipman, alertou para a possibilidade de um atentado terrorista de grandes proporções contra as forças anglo-americanas no Iraque, no estilo do caminhão-bomba que matou 241 marines no Líbano, em 1983.
Seria um substituto, na visão dos terroristas, de um novo ataque em território dos EUA, algo agora mais difícil de realizar do que em 11 de setembro de 2001.
Matéria-prima não falta, para Chipman. Havia uma quantidade enorme de armamento e munição no Iraque, e a confusão causada pela invasão pode ter facilitado o acesso de terroristas a esse arsenal. "A invasão do Iraque liderada pelos EUA trouxe um colapso nas estruturas de segurança do país, incluindo as estruturas para a guarda de depósitos de armas e das fronteiras", disse Chipman.
"A coalizão estava despreparada para a escala do problema, e não tinha meios de manter a segurança da grande quantidade de locais de estocagem de armas e munições", diz ele, que lembra que mesmo agora a situação pouco melhorou. Mais uma vez é algo que vários especialistas já tinham dito: a quantidade de armas disponíveis no Iraque tornaria a ocupação algo extremamente difícil.
Chipman alerta para um dos armamentos particularmente perigosos: os mísseis antiaéreos disparados do ombro. Guiados pelo calor dos aviões, podem causar desastres de grandes proporções.
O conflito que dá a tônica ao livro é essa "guerra ao terrorismo" patrocinada pelos EUA, de longe a maior potência militar da Terra.
Segundo o anuário, apesar de a economia global ter crescido pouco, os gastos militares foram 7% maiores de 2001 a 2002. A maioria do aumento foi obra dos EUA, ou da valorização do Euro --"dando a ilusão de um aumento significativo de gastos pelos membros europeus da Otan". Apesar disso, os europeus estariam começando a rever sua política de defesa.
Na teoria, um relatório sobre o tema da União Européia se aproxima das teses americanas, ao comentar os riscos para a segurança mundial do terrorismo, da proliferação de armas de destruição de massa e de Estados "fracassados".
Na prática, pequenas intervenções militares na África --como uma francesa na República Democrática do Congo (ex-Zaire) e outra britânica em Serra Leoa--, já demonstrariam uma maior disposição européia a pôr soldados em regiões de conflito.
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