Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/10/2003 - 13h10

"Foi traumatizante", diz turista brasileira resgatada na Bolívia

Publicidade

PAULO NAVES
da Folha Online

A engenheira Lana Ferreira, 38, que foi resgatada hoje de La Paz com um grupo de turistas brasileiros por um avião da Força Aérea Brasileira, disse, em entrevista por telefone à Folha Online, que foi "traumatizante" sua visita à capital da Bolívia, em meio a distúrbios políticos e sociais.

Além de presenciar violentos confrontos entre policiais e manifestantes, Lana participou de uma tentativa frustrada de chegar ao aeroporto de La Paz no domingo passado (12), quando seu ônibus foi apedrejado.

Após passar uma semana na expectativa de conseguir deixar a capital boliviana, a engenheira chegou às 11h20 em Campo Grande (MS), de onde deve seguir ainda hoje para o Rio de Janeiro, antes de voltar para casa, em São Paulo.

"Foi traumatizante", disse Lana. "É muito bom voltar ao Brasil", declarou.

Lana tinha chegado a La Paz na sexta-feira passada (10) com o objetivo de embarcar no dia seguinte para o Peru. Mas os confrontos na capital boliviana frustraram a viagem turística da engenheira.

Todos os viajantes que passavam por La Paz no último fim de semana se encontraram presos na convulsão política e social que atinge o país há um mês.

E-mail

Ao perceber as dificuldades de deixar La Paz, o grupo de turistas começou a enviar e-mail para parentes e jornalistas a fim de pedir ajuda.

Lana afirmou que o principal perigo era o trajeto do centro de La Paz até o aeroporto.

Ela contou que, junto a um grupo de 13 turistas brasileiros, tentou deixar La Paz no domingo passado (12), com a ajuda de militares bolivianos. A intenção era pegar carona até o aeroporto com um comboio militar que seguia até El Alto para buscar combustível.

"Era a única opção que tínhamos, pois soubemos que o aeroporto tinha começado a fechar", disse.

Mas o comboio, composto por oito veículos militares e um microônibus, foi interrompido por manifestantes a cerca de 3 km do aeroporto, depois de cerca de 40 minutos de viagem.

Pedras

O microônibus foi atingido por pedras, e os militares responderam ao ataque e lançaram bombas de gás lacrimogêneo. O confronto não deixou nenhum ferido, segundo Lana.

Na segunda-feira (13), a engenheira presenciou da janela do hotel em que estava hospedada, no centro de Laz, outras cenas de violência. Em frente ao hotel, houve um confronto entre saqueadores e policiais.

Na quarta-feira (15), o Itamaraty informou que tinha tomado a decisão de resgatar os brasileiros a partir de pedidos e informações da Embaixada do Brasil em La Paz.

Lana contou que o grupo de turistas foi ontem à noite até a casa do embaixador brasileiro Antonino Mena Gonçalves. Depois, partiu até a base militar escoltado por militares bolivianos. Da base militar, seguiu para o aeroporto, onde ficou das 2h às 6h à espera do avião da FAB.

"Muitos estrangeiros ainda estão lá. Nós, brasileiros, recebemos pedidos de ajuda de muitos outros turistas", declarou Lana.

Os confrontos na Bolívia provocaram, no último mês, mais de 70 mortos, paralisaram o país e isolaram o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada --que assumiu em agosto de 2002 (já havia governado entre 1993 e 1997)--, um defensor do livre mercado que enfrentou a oposição nos últimos meses ao promover a exportação de gás em condições consideradas por seus adversários desvantajosas para o país andino.

Agora, que o presidente se mostra disposto a realizar consultas populares sobre o delicado tema do gás, a oposição exige sua renúncia.

Leia mais
  • Avião que resgatou turistas na Bolívia já está no Brasil


    Especial
  • Enquete: Você acha que a crise levará à renúncia do presidente?
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página