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18/10/2003
-
00h42
da France Presse, em Lima
A crise na Bolívia colocou em evidência as tensões sociais generalizadas na região andina, onde o Equador também é cenário de um crescente descontentamento por parte de setores indígenas mais desfavorecidos, e no Peru ressurgiu a guerrilha do Sendero Luminoso nas zonas mais pobres do país.
As tensões têm em comum a rejeição à política econômica neoliberal que, segundo os movimentos indígenas, é a responsável pela exclusão social e por prejudicar o desenvolvimento.
Bolívia, Equador e Peru exibem, em graus diferentes, uma notória insatisfação social derivada dos efeitos da crise que atingiu a América Latina desde 1998, com suas seqüelas de recessão e déficits fiscais.
Os três países contam com uma população majoritariamente agricultora, que forma o bolsão de pobreza que supera os 50% em cada um deles.
Em La Paz e em Quito, os indígenas estão mais bem organizados politicamente do que em Lima, onde tradicionalmente a esquerda canaliza as reclamações desses setores.
No Equador e na Bolívia eles contam, inclusive, com uma representação parlamentar destacada e, no caso boliviano, o líder cocalero Evo Morales quase obteve a presidência no ano passado, nas eleições vencidas por Gonzalo Sánchez de Lozada. No Peru, apenas uma parlamentar é indígena.
O paradoxo peruano é que o presidente Alejandro Toledo reivindica sua origem indígena, mas carece de apoio popular nesses setores que estão desagregados. Também não existe um movimento majoritário defenda suas demandas.
Toledo ressalta que é o primeiro peruano desse setor social a chegar ao poder pelas urnas desde que, há mais de 500 anos, a Espanha conquistou o Peru, e sugere que a elevada desaprovação de sua gestão esconde um componente racista.
O reaparecimento, quase marginal, do Sendero Luminoso no cenário peruano depois de vários anos de quase anonimato e com uma estratégia de propaganda voltada para as demandas dos indígenas, causou preocupação quanto ao abandono social em que vivem estes setores.
A possibilidade de que isso possa atiçar a tensão social não é descartada, levando-se em conta os crescentes protestos de cocaleros peruanos contra a erradicação de cultivos patrocinada pelo governo com o apoio dos Estados Unidos. Lima assegura que o Sendero Luminoso está por trás dos protestos.
A situação é mais tensa em Quito, onde o presidente da poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonidas Iza, anunciou esta semana iminentes protestos de rua contra o governo do presidente Lucio Gutiérrez.
Os indígenas que ajudaram o ex-coronel golpista a chegar ao poder pelas urnas há nove meses, o acusaram de ser "traidor" por exercer uma política neoliberal que "prejudica o povo".
A influente Conaie integrou o governo, até agosto passado, com o movimento Pachacutik, seu braço político. A ruptura significou que quatro ministros e 300 funcionários indígenas abandonaram seus cargos públicos.
Apesar disso, a Conaie permaneceu à margem das manifestações promovidas pela esquerda (professores, sindicatos, estudantes e donas de casa) contra Gutiérrez.
A Conaie é a principal organização indígena do Equador. Em janeiro de 2000 liderou, apoiada por Gutiérrez (então coronel do exército), a revolta que derrubou o presidente Jamil Mahuad.
Crise na Bolívia coloca em evidência tensões sociais em toda região andina
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A crise na Bolívia colocou em evidência as tensões sociais generalizadas na região andina, onde o Equador também é cenário de um crescente descontentamento por parte de setores indígenas mais desfavorecidos, e no Peru ressurgiu a guerrilha do Sendero Luminoso nas zonas mais pobres do país.
As tensões têm em comum a rejeição à política econômica neoliberal que, segundo os movimentos indígenas, é a responsável pela exclusão social e por prejudicar o desenvolvimento.
Bolívia, Equador e Peru exibem, em graus diferentes, uma notória insatisfação social derivada dos efeitos da crise que atingiu a América Latina desde 1998, com suas seqüelas de recessão e déficits fiscais.
Os três países contam com uma população majoritariamente agricultora, que forma o bolsão de pobreza que supera os 50% em cada um deles.
Em La Paz e em Quito, os indígenas estão mais bem organizados politicamente do que em Lima, onde tradicionalmente a esquerda canaliza as reclamações desses setores.
No Equador e na Bolívia eles contam, inclusive, com uma representação parlamentar destacada e, no caso boliviano, o líder cocalero Evo Morales quase obteve a presidência no ano passado, nas eleições vencidas por Gonzalo Sánchez de Lozada. No Peru, apenas uma parlamentar é indígena.
O paradoxo peruano é que o presidente Alejandro Toledo reivindica sua origem indígena, mas carece de apoio popular nesses setores que estão desagregados. Também não existe um movimento majoritário defenda suas demandas.
Toledo ressalta que é o primeiro peruano desse setor social a chegar ao poder pelas urnas desde que, há mais de 500 anos, a Espanha conquistou o Peru, e sugere que a elevada desaprovação de sua gestão esconde um componente racista.
O reaparecimento, quase marginal, do Sendero Luminoso no cenário peruano depois de vários anos de quase anonimato e com uma estratégia de propaganda voltada para as demandas dos indígenas, causou preocupação quanto ao abandono social em que vivem estes setores.
A possibilidade de que isso possa atiçar a tensão social não é descartada, levando-se em conta os crescentes protestos de cocaleros peruanos contra a erradicação de cultivos patrocinada pelo governo com o apoio dos Estados Unidos. Lima assegura que o Sendero Luminoso está por trás dos protestos.
A situação é mais tensa em Quito, onde o presidente da poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonidas Iza, anunciou esta semana iminentes protestos de rua contra o governo do presidente Lucio Gutiérrez.
Os indígenas que ajudaram o ex-coronel golpista a chegar ao poder pelas urnas há nove meses, o acusaram de ser "traidor" por exercer uma política neoliberal que "prejudica o povo".
A influente Conaie integrou o governo, até agosto passado, com o movimento Pachacutik, seu braço político. A ruptura significou que quatro ministros e 300 funcionários indígenas abandonaram seus cargos públicos.
Apesar disso, a Conaie permaneceu à margem das manifestações promovidas pela esquerda (professores, sindicatos, estudantes e donas de casa) contra Gutiérrez.
A Conaie é a principal organização indígena do Equador. Em janeiro de 2000 liderou, apoiada por Gutiérrez (então coronel do exército), a revolta que derrubou o presidente Jamil Mahuad.
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