Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/10/2003 - 04h19

Cirurgiões brasileiros comemoram decisão

Publicidade

AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo

O Brasil nunca proibiu o uso de próteses de silicone, mas a provável decisão da FDA de liberar os implantes, depois de 11 anos de interdição, foi comemorada ontem na mineira Araxá. A cidade sedia até hoje a 4ª Jornada Mineira de Cirurgia Plástica, promovida pela sociedade que reúne os cirurgiões plásticos (SBCP).

"A decisão do órgão norte-americano vem tranquilizar aquelas brasileiras que ainda tinham medo", disse Luiz Carlos Garcia, presidente da SBCP, pelo telefone. "É difícil dizer se haverá um aumento das cirurgias, mas haverá um aumento de tranquilidade", diz Helton de Castilho, secretário-geral da sociedade.

A proibição pela FDA se devia a prováveis casos de deslocamentos da mama, surgimentos de tumores e câncer nos seios e o aparecimento de doenças auto-imunes. Um movimento internacional de mulheres passou a cobrar na Justiça indenizações dos fabricantes de silicone, especialmente da Dow Corning, o maior deles. Estima-se que cerca de 500 mil mulheres em todo o mundo, 5.000 delas brasileiras, tenham se envolvido nessas ações. A Dow Corning chegou a criar um fundo de cerca de US$ 3,2 bilhões às supostas vítimas, como forma de encerrar a enxurrada de ações.

Alheio à polêmica, o Brasil fez, só no ano passado, 40 mil cirurgias de implantes de silicone em seios. O país, que tem 4.200 cirurgiões plásticos, só perde em número de cirurgias plásticas para os EUA. No ano passado, fez 370 mil, contra 500 mil realizadas pelos norte-americanos.

Um projeto de lei, encabeçado pelo então senador Sebastião Rocha, proibia o implante de silicone com base "sobretudo na decisão da FDA". "Como o órgão americano mudou sua posição, o projeto perde a razão", diz Garcia.

Encabeçado pela carioca e vítima Bárbara Ferreira, 56, o projeto sofreu alterações e limitou-se a restringir seu uso em adultos, proibiu o emprego do silicone líquido e passou a exigir um consentimento assinado pelo paciente. A SBCP diz que no Brasil não há registros de danos aos organismo provocados pelo silicone. Os médicos, segundo a sociedade, só empregam silicone em gel, encapsulado por tecido especial, que impede o contato com a corrente sanguínea e qualquer risco de vazamento.

A sociedade também exige, como é de praxe, a autorização dos pais quando a paciente é menor e proíbe o uso de silicone líquido. Segundo seu presidente, a SBCP não concorda com a obrigatoriedade de um "consentimento assinado", pois o fato criaria uma espécie de "descriminação" dos implantes de silicone.

Humberto Ferreira, filho de Bárbara Ferreira, diz não acreditar na mudança de conduta da FDA e acusa a SBCP de esconder os danos provocados pelo silicone. "Minha mãe perdeu os cabelos, teve tumores nas mamas, passou a sofrer de lúpus e perdeu uma das vistas."

No Brasil, os custos de um par de próteses, dependendo do tamanho, fica entre R$ 2.000 e R$ 3.000. Todo o procedimento, incluindo médicos e hospital, varia entre R$ 6.000 e R$ 12.000, de acordo com a clínica e a região.

Segundo a SBCP, de cada dez mulheres que procuram os médicos para cirurgia nos seios, cinco querem aumentá-los com próteses e cinco querem diminuí-los. Em geral, aquelas que querem reduzi-los estão preocupadas com futuros problemas de saúde. Apesar de uma maior "valorização" do "bumbum" no Brasil, a aplicação de silicone nos glúteos vem crescendo muito lentamente.

Nas clínicas conceituadas, 2% a 5% das pacientes são americanas que vêm atraídas pelo custo menor e a habilidade dos brasileiros. Todas querem aumentá-los.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página