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30/10/2003 - 16h37

Cruz Vermelha rejeita segurança dos EUA no Iraque

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PAULO NAVES
da Folha Online

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) rejeitou os serviços de segurança realizados pelas forças lideradas pelos Estados Unidos no Iraque porque o uso de armas poderia colocar em risco o trabalho da organização humanitária, declarada neutra e independente.

"Não queremos a proteção armada das forças de coalizão no Iraque porque isso colocaria em risco nossa independência e neutralidade. Somos uma organização puramente humanitária", afirmou hoje Annick Bouvier, 36, porta-voz do CICV em Genebra (Suíça), durante entrevista por telefone à Folha Online.

Na segunda-feira passada (27), um ataque suicida com um carro-bomba contra a sede do CICV em Bagdá deixou 12 mortos e 22 feridos. Duas das vítimas trabalhavam como seguranças para a Cruz Vermelha.

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, pediu ontem à Cruz Vermelha que não retire seus funcionários estrangeiros do Iraque e declarou que os EUA estavam dispostos a dar a máxima segurança possível ao CICV.

O CICV anunciou ontem que vai permanecer no Iraque, mas com medidas de segurança adicionais e redução de sua equipe de funcionários estrangeiros no país.

Problemas

"Seguimos comprometidos em dar assistência ao povo iraquiano e determinados a trabalhar no Iraque por causa dos problemas humanitários no país", declarou Bouvier.

Antes do atentado suicida, mais de 600 iraquianos e cerca de 30 pessoas de outras nacionalidades trabalhavam no Iraque pelo CICV.

Segundo a porta-voz, a organização ainda não decidiu o número de funcionários a serem retirados do Iraque ou o cronograma da operação.

Questionada sobre a decisão da ONU (Organização das Nações Unidas) anunciada hoje de retirar temporariamente sua equipe estrangeira de Bagdá, enquanto avalia as condições de segurança na capital iraquiana, Bouvier declarou que as decisões do CICV são feitas de forma independente de qualquer outro organismo.

"Nossas decisões são baseadas em nossos próprios critérios, em análises da situação, dos riscos e de nossas prioridades", disse Bouvier. "Durante todos os anos de atividade da Cruz Vermelha em zonas de conflito, nossa independência tem sido um fator essencial de aceitação."

Mensagens

Presente no território iraquiano sem interrupção desde o início do conflito Irã-Iraque (1980), o CICV permaneceu no país durante a guerra liderada pelos EUA. Em julho, um funcionário estrangeiro da organização morreu e outro ficou gravemente ferido durante um ataque no Iraque.

Após o atentado suicida de segunda-feira --o primeiro contra a sede do CICV no Iraque--, a organização recebeu mensagens de apoio de diversas entidades humanitárias e de vários governos, de acordo com Bouvier.

"São tempos muito difíceis para nós. Mas a deterioração da segurança no Iraque afeta principalmente os civis iraquianos. A grande maioria das vítimas dos últimos ataques são civis iraquianos", afirmou a porta-voz.

"É responsabilidade das potências ocupantes no Iraque criar as condições para que a população civil tenha um nível de segurança aceitável", disse.

Atividades

Entre as atividades do CICV no Iraque está a visita a prisioneiros de guerra e civis presos. A organização também ajuda no restabelecimento de contato entre iraquianos separados pela guerra e entre presos e familiares por meio da entrega de cartas.

"Para uma pessoa que não tem contato com sua família, este é o único vínculo com seus parentes", disse Bouvier.

Desde março deste ano, o CICV entregou cerca de 22 mil cartas no Iraque, incluindo 9.500 mensagens de presos iraquianos.

Segundo as forças lideradas pelos EUA, pelo menos 9.000 pessoas estão presas atualmente no Iraque.

Com agências internacionais

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