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Mugabe critica uso de investimentos agrícolas como "armas políticas"
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da Folha Online
O ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, pediu nesta terça-feira na reunião da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) que os recursos destinados ao desenvolvimento agrícola não sejam usados "como armas políticas" em sanções contra o país.
"Aprecio a decisão tomada pelo G8 de Áquila de destinar US$ 20 bilhões ao desenvolvimento agrícola nos próximos três anos. Espero que [a verba] seja usada unicamente para assistir os países em desenvolvimento a crescer com estratégicas eficazes contra a fome", Mugabe, que está desde 1980 no poder e cujas políticas de reforma agrária e descaso com serviços sociais são responsabilizados pelo colapso da economia do país.
Mugabe discursou na manhã desta terça-feira em Roma, no segundo dia de reuniões da Cúpula Mundial. Ele convidou os líderes mundiais a concluírem a Rodada de Doha, já que, segundo ele, "este processo deve ser realizado para permitir uma reforma justa e sustentável das políticas de comércio agrícola global".
O presidente ressaltou ainda que seu país "enfrenta intervenções muito hostis da parte de países que impuseram sanções unilaterais" e isso "causa um impacto negativo nas nossas agriculturas".
Diante disto, o mandatário solicitou que os "países ocidentais levantem as sanções ilegais e os impostos inumanos" à nação africana.
Diversos países, como Estados Unidos e Canadá, e também a União Europeia (UE), mantêm sanções econômicas e políticas ao Zimbábue devido à reeleição, no ano passado, de Mugabe. A comunidade internacional acusa o mandatário de fazer do pleito uma farsa para se manter no poder.
No discurso, Mugabe abordou ainda os desafios que os países em de desenvolvimento enfrentam, entre eles a mudança climática, para evitar que o número de pessoas que sofrem com a fome no planeta aumente. O líder destacou, porém, a situação específica do Zimbábue.
"Nós no Zimbábue tivemos que considerar que, além da natureza adversa e das ruinosas políticas agrícolas das nações poderosas, existe também o desafio de políticas punitivas por parte de certos países cujos interesses se opõem ao desejo de equidade e justiça de nossas reformas da terra", disse o ditador.
Mugabe afirmou também que a atual crise econômica e alimentícia destaca a importância do desenvolvimento de fontes de energia alternativas, como forma de evitar que o aumento do preço do petróleo siga tendo um efeito negativo na agricultura.
A Cúpula da FAO ocorrerá até esta quinta-feira. Esperam-se hoje os pronunciamentos do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, e do ministro da agricultura italiano, Luca Zaia.
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