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15/11/2003 - 08h43

Aumenta o número de mortos em explosões em sinagogas na Turquia

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da Folha Online

Pelo menos, 24 pessoas morreram e 146 ficaram feridas na manhã deste sábado quando dois carros-bomba explodiram em frente às duas principais sinagogas de Istambul, maior cidade da Turquia, país que faz fronteira com o norte do Iraque.

Esse balanço parcial, divulgado pela mídia turca e pelos policias no local da tragédia, contradiz os dados do ministro turco do Interior, Abdulkadir Aksu, que fala em apenas 15 mortos.

Os ataques ocorreram praticamente no mesmo horário (às 9h30 em Istambul e 5h30 em Brasília). Os templos --Neve Shalom, o maior da cidade, e Bet Israel no bairro de Sisli-- estavam lotados devido às orações do sabá (dia sagrado de orações dos judeus, do pôr-do-sol de sexta-feira ao de sábado).

Em Neve Shalon, testemunhas relatam que cerca de 300 pessoas estariam no local por causa da comemoração de um bar-mitzvá [cerimônia que marca a maioridade religiosa judaica, aos 13 anos]. Normalmente, são 20 a 30.

Segundo a polícia, uma câmera de segurança teria filmado um motorista saindo de um carro após estacioná-lo diante da sinagoga pouco antes da explosão. O estacionamento era proibido diante das sinagogas. Há ainda a hipótese de motoristas suicidas terem guiado os carros.

Em frente a um dos templos, os corpos de vítimas estavam cobertos de papel no chão. A área foi isolada pela polícia. A forte explosão quebrou os vidros de dezenas de prédios vizinhos.

O governo turco afirmou que o ataque não mudará as políticas do país.

"Continuaremos com determinação a nossa luta contra o terrorismo", disse o chanceler Abdullah Gul.

"Todos na Turquia são tratados de forma igual, todos os meus vizinhos são muçulmanos", disse Edi Baruh, cujo pai estava na sinagoga Neve Shalom.

Responsáveis

Sem se identificar, uma pessoa telefonou à agência de notícias turca Anatolia e assumiu a autoria dos atentados em nome do grupo extremista turco IBDA-C ("Frente dos Cavaleiros Islâmicos do Grande Oriente") e prometeu mais ataques.

"A razão (dos atentados) é deter a opressão dos muçulmanos. Nossos atos prosseguirão", afirmou o homem.

Esse grupo foi fundado em 1985, mais ativo na região de Istambul desde 1993, quando começou a lançar ataques a bares, discotecas e igrejas.

Mas a mídia local tem dúvidas de que esse grupo possa ter arquitetado ataques dessa escala. Autoridades turcas não descartaram a possibilidade de envolvimento da rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, ou de algum outro grupo com atuação internacional.

O IBDA-A já é acusado pela polícia de um ataque a bomba que feriu dez pessoas no centro de Istambul em 31 de dezembro de 2000.

Memória

A sinagoga de Neve Shalom, atingida no atentado de hoje, já foi alvo de um ataque em 1986, atribuído a atiradores palestinos, que matou 22 pessoas durante o sabá.

Construído em 1951, o templo é o principal centro de orações de cerca de 30 mil judeus em Istambul. Muitos dos quais ainda falam uma forma medieval de espanhol conhecida como ladino.

A Turquia, majoritariamente muçulmana, tem tradição de tolerância com os judeus. Outros 5.000 judeus vivem em outras regiões turcas. O país mantém fortes laços diplomáticos e militares com Israel e é um dos destinos preferidos de turistas israelenses.

Já a sinagoga de Bet Israel, localizada no bairro de Sisli, começou a ser construída em 1920 e ampliada em 1950 com o aumento da população de judeus no local.

Lugares frequentados pelos judeus [e também ocidentais] viraram recentemente alvos de ataques, como em Casablanca (32 mortos), no Marrocos em maio, e em Djerba (21 mortos), na Tunísia em abril do ano passado. Esses atentados foram atribuídos a membros da rede terrorista de Osama bin Laden, responsável pelos ataques do 11 de Setembro nos EUA, em 2001.

Com agências internacionais

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