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21/11/2003 - 03h55

Protesto contra Bush reúne mais de 100 mil

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GERALD THOMAS
especial para a Folha de S.Paulo

Foi a passeata pacífica mais agressiva que já presenciei. Aquela de 1 milhão, em fevereiro, antes da guerra, foi silenciosa. A de ontem era de dar medo. Todos tensos, dos policiais aos participantes. Não é à toa. Londres acordou com a notícia dos atentados em Istambul. Havia rumores de que pudesse haver alguma forma de ataque aqui nessa cidade durante as manifestações.

Mas os britânicos compareceram em massa. E bota massa nisso. Segundo os organizadores, eram 200 mil pessoas; para a polícia, havia entre 100 mil e 110 mil. Vi o fenômeno humano do formigueiro se arrastando pelas ruas, buzinando, apitando, urrando contra a presença de Bush na cidade.

Eles foram desde a Universidade de Londres, passando pelo Big Ben, o Parlamento e a Downing Street (sede do governo), onde Bush estava naquele momento, indo terminar na Trafalgar Square, onde uma estátua de Bush, feita pelos manifestantes, foi derrubada, imitando aquela cena famosa de Saddam Hussein na tomada de Bagdá.

Na passeata esbarro com John Wagland, um ex-ator do grupo catalão Fura dels Baus. "Vejo Bush como a maior ameaça à paz do mundo, e olha que tenho 40 anos e peguei o fim da Guerra Fria."

Um outro tipo interessante e sóbrio, Guy Moore, editor de vídeo, veio do norte da cidade e diz que penou para chegar até aqui. "Demorei quase três horas. Driblei todos os bloqueios. Meu chefe me ameaçou de demissão, mas não pude deixar de colocar os meus princípios em primeiro lugar. Não estou protestando somente contra Bush, mas sim contra o meu próprio premiê. É muito fácil culpar os americanos por tudo isso. Mas nós mesmos entramos nessa."

Michael Lockley fazia parte de uma turma engraçada e tragicômica que se vestia conforme os prisioneiros de Guantánamo, acorrentados e amordaçados. No meio do barulho e das buzinas, ele disse: "Istambul foi só um lembrete de que estamos metidos nisso até o pescoço. Bush quer dizer vendeta. E agora Blair é sinônimo disso. Neste momento, tenho vergonha de ser britânico".

Gerald Thomas é dramaturgo.
 

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