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24/11/2003
-
13h14
PIERRE CELERIER
da France Presse, em Moscou
A tomada do poder na Geórgia por parte da oposição é um duro golpe para Moscou, que teme que estes jovens radicais e decididamente pró-ocidentais se esforcem para criar vínculos mais fortes com os Estados Unidos e provoquem uma nova guerra civil.
"Qual seria o pior resultado para a Rússia?", questionava hoje o jornal "Izvestia', para responder em seguida que seria "a entrega de todo o poder no país à oposição radical".
Ao renunciar, o presidente georgiano Eduard Shevardnadze deixou seu lugar interinamente para Nino (pronuncia-se Ninó) Burdjanadze, 39. A ex-presidente do Parlamento afirmou em seguida que o objetivo da Geórgia é "ser membro da família européia, membro da aliança euroatlântica".
As reações americana e russa a esta mudança de regime traduzem claramente o mal-estar de Moscou e o "Izvestia" afirma que as duas potências "estão cada uma em um lado diferente da barricada".
O Departamento de Estado americano afirmou ontem que os Estados Unidos "estão dispostos a apoiar o novo governo e esperam com interesse trabalhar com a presidenta interina Burdjanadze".
Por sua vez, o ministro russo de Relações Exteriores, Igor Ivanov, advertiu para o risco de fragmentação da Geórgia ao visitar o líder pró-russo da região autônoma de Adjaria (oeste), Aslan Abachide, embora tenha deixado para este último a tarefa de denunciar a "agressividade" do novo poder georgiano.
Desde o fim da União Soviética, Moscou não tem poupado esforços para recuperar sua influência sobre a república caucásica, que oferece um acesso ao mar Negro e uma contenção ante a Turquia, membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Seu interesse aumentou ainda mais depois do apoio americano ao projeto do oleoduto que atravessará a Geórgia para levar o petróleo do Cáucaso aos mercados ocidentais, evitando a Rússia.
Moscou utilizou a política de "uma pá de cal e outra de areia" ao oferecer seu gás à Geórgia a um preço vantajoso e ao mesmo tempo apoiar secretamente os separatistas.
Vários analistas russos falavam hoje do risco de guerra civil que representaria Mikhail Sakachvili, líder da oposição a Shevardnadze, a sucedê-lo na futura eleição presidencial.
Serguei Makov, do Instituto de Estudos Políticos, qualificou-o de "radical nacionalista", capaz de "provocar um conflito entre o centro e as regiões autônomas".
Oficialmente, Ivanov apareceu ontem em Tbilisi (capital da Geórgia) como mediador de último momento entre Shevardnadze e a oposição para evitar um derramamento de sangue. Mas tudo leva a crer que também se esforçou, em vão, para salvar o cargo do presidente.
Enquanto os Estados Unidos denunciaram energicamente na última quinta-feira (20) os resultados das legislativas de 2 de novembro, falando de "fraude em massa", a diplomacia russa mencionou só "violações".
Washington deu assim um sinal de apoio inequívoco à oposição, que questionava a legalidade das eleições.
Análise: Tomada do poder na Geórgia é duro golpe para Moscou
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da France Presse, em Moscou
A tomada do poder na Geórgia por parte da oposição é um duro golpe para Moscou, que teme que estes jovens radicais e decididamente pró-ocidentais se esforcem para criar vínculos mais fortes com os Estados Unidos e provoquem uma nova guerra civil.
"Qual seria o pior resultado para a Rússia?", questionava hoje o jornal "Izvestia', para responder em seguida que seria "a entrega de todo o poder no país à oposição radical".
Ao renunciar, o presidente georgiano Eduard Shevardnadze deixou seu lugar interinamente para Nino (pronuncia-se Ninó) Burdjanadze, 39. A ex-presidente do Parlamento afirmou em seguida que o objetivo da Geórgia é "ser membro da família européia, membro da aliança euroatlântica".
As reações americana e russa a esta mudança de regime traduzem claramente o mal-estar de Moscou e o "Izvestia" afirma que as duas potências "estão cada uma em um lado diferente da barricada".
O Departamento de Estado americano afirmou ontem que os Estados Unidos "estão dispostos a apoiar o novo governo e esperam com interesse trabalhar com a presidenta interina Burdjanadze".
Por sua vez, o ministro russo de Relações Exteriores, Igor Ivanov, advertiu para o risco de fragmentação da Geórgia ao visitar o líder pró-russo da região autônoma de Adjaria (oeste), Aslan Abachide, embora tenha deixado para este último a tarefa de denunciar a "agressividade" do novo poder georgiano.
Desde o fim da União Soviética, Moscou não tem poupado esforços para recuperar sua influência sobre a república caucásica, que oferece um acesso ao mar Negro e uma contenção ante a Turquia, membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Seu interesse aumentou ainda mais depois do apoio americano ao projeto do oleoduto que atravessará a Geórgia para levar o petróleo do Cáucaso aos mercados ocidentais, evitando a Rússia.
Moscou utilizou a política de "uma pá de cal e outra de areia" ao oferecer seu gás à Geórgia a um preço vantajoso e ao mesmo tempo apoiar secretamente os separatistas.
Vários analistas russos falavam hoje do risco de guerra civil que representaria Mikhail Sakachvili, líder da oposição a Shevardnadze, a sucedê-lo na futura eleição presidencial.
Serguei Makov, do Instituto de Estudos Políticos, qualificou-o de "radical nacionalista", capaz de "provocar um conflito entre o centro e as regiões autônomas".
Oficialmente, Ivanov apareceu ontem em Tbilisi (capital da Geórgia) como mediador de último momento entre Shevardnadze e a oposição para evitar um derramamento de sangue. Mas tudo leva a crer que também se esforçou, em vão, para salvar o cargo do presidente.
Enquanto os Estados Unidos denunciaram energicamente na última quinta-feira (20) os resultados das legislativas de 2 de novembro, falando de "fraude em massa", a diplomacia russa mencionou só "violações".
Washington deu assim um sinal de apoio inequívoco à oposição, que questionava a legalidade das eleições.
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