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01/12/2003 - 12h34

Visita de premiê a soropositivos mostra mudança no governo chinês

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da France Presse, em Pequim

O premiê chinês, Wen Jiabao, visitou pacientes com HIV pela primeira vez hoje, sinalizando o compromisso do governo de enfrentar uma epidemia que, segundo especialistas, pode explodir se não for urgentemente contida.

A visita de Jiabao ao Hospital de Doenças Infecciosas Ditan foi a primeira de um premiê chinês a pacientes com aids.

"O premiê Jiabao conversou com três pacientes que representaram outros doentes de aids", disse um porta-voz do hospital. Ele os cumprimentou e fez algumas perguntas sobre suas vidas, sua saúde e suas famílias e os encorajou a ser valentes e lutar contra a doença", acrescentou.

Determinação

Nos últimos meses, a China tem se mostrado muito mais determinada a lutar contra o HIV/Aids que, segundo estimativas, teria infectado até um milhão de pessoas no país e matado cerca de 150 mil.

Embora as autoridades de saúde estimem em 80 mil os chineses doentes, apenas 40 mil se registraram, informou o jornal "China Daily" hoje.

"A China tem hoje 1 milhão de soropositivos e o número está aumentando rapidamente", disse Ma Xiaowei, vice-ministro da saúde, citado pela agência de notícias Xinhua, durante as comemorações do Dia Mundial de Luta contra a aids.

A epidemia de HIV/Aids chegou na China mais tarde do que em outros países. A maioria dos doentes contraiu o vírus através de doações e venda de sangue sem condições de higiene e uso de drogas injetáveis.

Negação

"Três anos atrás havia um debate constante entre as organizações internacionais e o governo sobre o número (de pacientes de HIV/Aids)", disse Henk Bekedam, representante na China da OMS (Organização Mundial da Saúde). "A razão principal era que... a China não aceitava o HIV/Aids como um problema, mas nós vemos hoje que eles aceitaram a doença como um problema."

Em 2001, a OMS estimou em 1 milhão as vítimas da doença na China e fez críticas à recusa do governo chinês em enfrentar o problema.

Sem esforços governamentais para controlar a epidemia, a OMS previu que os números de chineses infectados chegaria a 20 milhões em 2010.

Hoje a OMS citou a China como um componente-chave de seu plano global "três em cinco" que prevê o fornecimento de drogas anti-retrovirais para cerca de 3 milhões de pessoas com HIV/Aids até 2005.

"A OMS escolheu Pequim para o lançamento na Ásia de sua estratégia três em cinco, por causa de sua proeminência nesta área", disse o brasileiro Paulo Teixeira, diretor da unidade de HIV/Aids da OMS.

"A China tem uma grande população, um número substancial de pessoas com HIV/Aids e a capacidade de se tornar um produtor de medicamentos anti-retrovirais. Além disso, a China já começou a fornecer drogas anti-retrovirais para cerca de cinco mil pacientes com aids no centro da China", afirmou Teixeira.

Imprensa

A imprensa estatal chinesa foi "inundada" hoje por histórias sobre a situação da epidemia, tanto no mundo quanto em seu território, refletindo a recente determinação do governo a combater a doença.

Entre as histórias estava o relato em detalhes sobre a epidemia de aids em povoados nas províncias de Henan e Anhui (centro), onde os moradores foram infectados após doar ou vender sangue em postos de coleta estatais sem quaisquer condições de higiene.

Embora a epidemia nestas duas províncias tenha começado em meados dos anos 90, a imprensa estatal sempre ignorou o fato, enquanto os doentes enfrentaram a enorme discriminação da polícia local e de autoridades sanitárias.
 

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