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05/12/2009 - 09h53

Filipinas decreta lei marcial e prende 20 por massacre de 57 pessoas

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da Folha Online

A polícia filipina prendeu 20 milicianos, além de um poderoso governador local e três de seus filhos, no primeiro dia da lei marcial imposta na Província de Maguindanao, onde um grupo de homens armados assassinou de maneira brutal 57 pessoas ligadas a um grupo político rival no último dia 23.

Os 20 milicianos foram detidos na cidade de Mamasapano, em uma operação policial em um armazém pertencente ao prefeito Andal Ampatuan Jr., preso no fim de novembro como autor do ataque. Ampatuan Jr. é filho do governador da Província de Maguindanao, Andal Ampatuan --chefe de um poderoso clã político que controla ainda maior parte das prefeituras provinciais.

O chefe da polícia nacional, Jesus Verzosa, afirmou que os 20 homens são suspeitos de ter participado do violento massacre.

Andal Ampatuan e seu filho Zaldy, governador da região autônoma em Mindanao, que inclui Maguindanao, também foram levados sob custódia neste sábado. Dois outros filhos e cinco outros homens acusados de conexão com o crime também foram detidos.

O porta-voz militar, o major Randolph Cabangbang, afirmou que Ampatuan foi levado a um hospital na cidade de Davao por hipertensão. O hospital foi cercado pela polícia e por soldados.

A presidente Gloria Macapagal Arroyo, que era aliada do clã Ampatuan, foi acusada de exagerar na reação ao crime ao invocar a lei marcial para responder ao massacre.

Esta é a primeira vez que a lei marcial é imposta no país desde que o ditador Ferdinand Marcos a impôs há mais de 30 anos, em 1972 --como estratégia para se manter no poder.

A lei marcial permite às tropas que façam prisões sem mandados da justiça e que restaurem a ordem nacional, afirmou o chefe de gabinete de Arroyo, Eduardo Ermita, em um anúncio na televisão nacional.

Segundo a Constituição, Arroyo pode manter a lei marcial por 60 dias --a menos que o COngresso a expande ou revogue.

Ataque

No último dia 23, um grupo de cem homens armados sequestraram cerca de 50 civis que iam em um comboio apresentar a candidatura a governador provincial de Ismail Mangudadatu, que quer disputar o posto contra Andal Ampatuan --um poderoso datu ou chefe tribal muçulmano, temido em todo o sul da ilha de Mindanao.

Os pistoleiros fugiram em direção às montanhas, onde mataram aparentemente todos do grupo. Nos dias que se seguiram foram encontrados 57 corpos em até três valas comuns pela região.

Alguns dos corpos de mulheres apresentavam sinais de violência sexual e entre os mortos figuram vários advogados de direitos humanos, jornalistas locais e a mulher e duas irmãs de Mangudadatu, cuja família controla a Província vizinha de Sultan Kudarat.

A cerca de seis meses das eleições, que acontecem de maio de 2010, a extrema crueldade do massacre provocou fortes críticas contra a presidente por tolerar que o país continue sendo controlado pelos clãs ou dinastias políticas, aos quais pertencem 160 dos 265 legisladores do atual Congresso.

A Human Rights Watch expressou ainda, dois dias depois do massacre, sua preocupação pela relação pessoal da presidente filipina com os Ampatuan, apoio que lhe rendeu uma arrasadora vitória em Maguindanao no pleito de 2004.

Mais de 900 pessoas foram assassinadas por motivos políticos nas Filipinas desde que Arroyo chegou ao poder em 2001, segundo o grupo direitos humanos local Karapatan, que atribui a maioria dos casos à guerra suja que lideram as forças de segurança contra os rebeldes comunista.

Com Associated Press e France Presse

 

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