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08/12/2003 - 12h21

Análise: Nacionalista e nostálgica, nova Duma será leal a Putin

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MICHEL VIATTEAU
da France Presse, em Moscou

Um nacionalismo um pouco nostálgico dos tempos da antiga União Soviética (URSS) e o "capitalismo social" interessado em dar ao Estado o controle do fluxo monetário gerado pela riqueza natural são aspectos dominantes do novo Parlamento russo do qual se espera, principalmente, uma lealdade total ao presidente Vladimir Putin.

Dos quatro partidos que fazem parte agora da Duma (Câmara Baixa do Parlamento), Rússia Unida (37%), Partido Comunista (12,7%), a ultranacionalista LDPR de Vladimir Jirinovski (11,8%) e a aliança nacionalista de esquerda A Pátria (9,0%), só os comunistas têm reputação de opositores ruidosos, mas marginalizados.

O principal vencedor, o partido pró-Putin, Rússia Unida (Edinaia Rosia), que hoje esperava alcançar a maioria absoluta, tem por programa a fidelidade ao presidente, o exercício do poder e a construção de uma Rússia "forte e unida".

Também oferece à Pátria e ao LDPR poder de apresentar suas próprias idéias, além de acusar seus adversários liberais --como fizeram durante a campanha eleitoral-- de estarem próximos do "nacional-socialismo".

Oligarquia

No espírito dos russos, a campanha do líder da Rússia Unida e atual ministro do Interior, Boris Gryzlov, se associa ao assunto da Iukos.

A ofensiva judicial contra o primeiro grupo petroleiro do país é percebida como um esforço para restabelecer a justiça atacando as oligarquias que enriqueceram com as privatizações dos anos 90.

Se a Rússia Unida assume tacitamente a operação, mas sem fazer disso uma bandeira, A Pátria, liderada por Serguei Glaziev e Dmitri Rogozin, se proclama como a idealizadora do caso, sem ter participado, e faz da recuperação da renda gerada pelo petróleo para o povo e por intermédio do Estado, cavalo de batalha de seu programa partidário.

Além disso, dos objetivos com arroubos demagógicos de A Pátria como duplicar o orçamento estatal e o PIB, como também os salários dos funcionários, obtendo fundos dos lucros dos exportadores de matérias primas, se unem ao discurso do chefe da terceira força da nova Duma, o partido do ultranacionalista Vladimir Jirinovski.

Mas, qual será a repercussão dessas legendas na nova Duma? Os analistas pensam que será mínima, a menos que seus projetos sejam úteis ao presidente.

"Putin pode fazer o que quiser da nova Duma", afirmou hoje Olga Krychtanovskaia, do Instituto de Sociologia da Academia de Ciências russa, acrescentando que "já existem núcleos de poder independentes, não há mais uma pirâmide de poder com czar, um secretário-geral ou um presidente. É o retorno do sistema soviético".

Nesse sentido, "Putin poderia nomear seu chofer como primeiro-ministro e a Duma aceitaria", declarou o especialista do instituto de pesquisa política Panorama, Vladimir Prybolovsky.
 

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