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10/12/2003 - 08h00

Análise: O dia-chave para a Alemanha

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KARIN FINKENZELLER
especial para a Folha Online, em Hamburgo

Esta quarta-feira é um dia-chave para a Alemanha. É o dia em que se decide se a Alemanha é capaz ou não de fazer reformas importantes. Na agenda da comissão das duas câmaras do Parlamento [Bundestag e o Bundesrat] estão a reforma fiscal e a do mercado de emprego.

A reforma fiscal é o principal tema que está sendo discutido entre o governo e a oposição. O governo do chanceler Gerhard Schröder tem a maioria no Bundestag (Câmara Baixa do Parlamento), mas a oposição, sob a liderança da Angela Merkel, presidente da União Democrata Cristã (CDU) --principal partido oposicionista-, tem mais força no Bundesrat [Câmara Alta do Parlamento --espécie de Senado--, na qual a oposição conta com quase dois terços das cadeiras].

Governo e oposição lutam a meses para impor sua opinião. Mas é importante que agora as duas partes cheguem a um acordo, caso contrário as reformas não podem entrar em vigor no dia 1º de janeiro. Se isso acontecer, vai ser desastroso para a economia de um país que por muitas décadas era sinônimo de "milagre econômico".

Qual é o problema? O governo quer juntar as reduções de impostos planejadas para os anos 2004 e 2005 e baixar as taxas de impostos a partir do 1º de janeiro. A taxa para salários máximos seria reduzida de 48,5% para 42% e a de salários mais baixos de 19,9% para 15%.

O objetivo de mexer nesses índices é o de estimular o consumo privado e pôr para trabalhar o motor da economia geral --paralisado há três anos.

Então as mudanças seriam uma boa opção para o país? Sim. Todos estariam felizes: o povo porque teria mais dinheiro nas mãos, as empresas porque o povo gastaria mais dinheiro e os partidos do governo porque captaria os votos de boa quantidade dos "contentes" nas próximas eleições regionais e nacionais.

Mas a oposição não quer tomar parte desse jogo. É claro que Merkel, que pretende substituir Schröder 2006, também gostaria de fazer a felicidade da população, mas o preço para isso, na opinião dela e de seus colegas correligionários, é alto demais.

É que a redução de impostos vai tirar mais um fatia do Tesouro. O governo quer financiar as reduções de impostos em boa parte por meio de novas dívidas. Já a oposição prefere a redução de gastos públicos e critica o governo --em 2004 já será a terceira vez que a Alemanha deve exceder o limite das dívidas públicas fixado em 3% do PIB (Produto Interno Público), limite obrigatório para os países da União Monetária Européia (Euro-Länder).

Se isso realmente se confirmar, já era a época em que a Alemanha tinha a idéia de cumprir o llimitedas dívidas públicas para disciplinar os países europeus menores.

Como sair deste beco sem saída? Esta é a pergunta que os representantes dos partidos têm de responder hoje. É óbvio que, ao final das discussões, governo e oposição terão de chegar a um acordo, caso contrário correm o risco de estrangular a recuperação econômica do país e frustrar o pedido de Natal da maioria do povo alemão.

A jornalista Karin Finkenzeller é especialista em política alemã e trabalha para o "Financial Times Deutschland"
 

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