Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/12/2003 - 10h05

Mensagem de paz do papa critica decisão dos EUA sobre Iraque

Publicidade

da Folha Online

O papa João Paulo 2º criticou hoje a coalizão liderada pelos EUA por invadir o Iraque sem a aprovação da ONU (Organização das Nações Unidas), sugerindo que ela sucumbiu à tentação de usar a lei da força em vez da força da lei.

Em sua mensagem do Dia Mundial da Paz, divulgado três dias após a captura do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, o papa também pediu que as democracias que lutam contra o terrorismo respeitem os princípios da lei internacional e dos direitos humanos.

Reuters - 12.set.2003
O papa João Paulo 2º, 83
Na mensagem, enviada a líderes de diversos países e a organizações internacionais, o papa também afirmou que a ONU precisava de uma reforma e que a comunidade internacional tinha de tratar das injustiças sociais que podem incentivar o terrorismo.

Na mensagem de 13 páginas, João Paulo 2º apelou aos terroristas, dizendo a eles que a violências era inaceitável e comprometia "a causa pelas qual vocês estão lutando".

A mensagem era dedicada principalmente ao tema da lei internacional e seu papel na resolução de conflitos entre países.

Sem mencionar qualquer país por nome, o papa lembrou que a Carta da ONU "confirma o direito natural de legitimar a defesa, para ser exercida de formas específicas e no contexto da ONU".

Ele também lembrou que o Conselho de Segurança da ONU tinha a responsabilidade da segurança coletiva com "competência e responsabilidade pela preservação da paz, com poder de decisão e ampla discrição".

Violação

O Vaticano não considerou a guerra no Iraque "uma guerra justa" porque ela não foi apoiada pela ONU e porque o Vaticano acreditava que mais negociações eram necessárias para evitá-la.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, alertou Washington uma semana antes do início da guerra que, sem o apoio do Conselho de Segurança, uma guerra para desarmar o Iraque violaria a Carta da ONU.

O papa afirmou que era necessário que os países evitassem a "tentação de apelar para a lei da força em vez de apelar para a força da lei".

Ele também declarou que percebeu que a lei internacional estava sendo "pressionada" atualmente por causa da presença de grupos terroristas que não podem ser considerados Estados no tradicional significado da lei.

"O flagelo do terrorismo se tornou mais virulento recentemente e produziu brutos massacres que colocaram mais obstáculos no caminho do diálogo e da negociação", afirmou.

Injustiça

Segundo João Paulo 2º, a força tinha de ser acompanhada por "uma lúcida e corajosa análise das razões por trás dos ataques terroristas".

A luta contra o terrorismo deveria ter como alvo a "eliminação das causas de situações de injustiça que frequentemente levam as pessoas a atos mais violentos e desesperados", afirmou o papa.

O combate ao terrorismo "não pode justificar uma renúncia dos princípios do domínio da lei", afirmou João Paulo 2º, acrescentando que decisões políticas devem consideram direitos humanos fundamentais.

Grupos de defesa dos direitos humanos criticaram novas leis antiterrorismo criadas após os atentados de 11 de setembro de 2001 que dão ao governo dos EUA o poder de grampear telefones, rastrear usuários de internet e telefones celulares, compartilhar informações secretas e deter imigrantes.

Com agências internacionais

Especial
  • Leia mais sobre o Iraque ocupado
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página