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20/12/2009 - 12h19

Funeral de aiatolá oposicionista do Irã será amanhã em Qom

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LAURENT MAILLARD
da France Presse, em Teerã

O funeral do grande aiatolá Hossein Ali Montazeri, ex-braço direito do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini (1900-1989), ocorrerá amanhã (21) na cidade de Qom. Montazeri morreu na noite de ontem (19), aos 87 anos, enquanto dormia, conforme a família. "Ele era diabético e tomava insulina há anos. Também tinha asma e problemas pulmonares", revelou um de seus médicos à TV estatal iraniana.

Efe
O grande aiatolá Hoseyn Ali Montazeri, na cidade sagrada de Qom, em foto sem data
O grande aiatolá Hoseyn Ali Montazeri, na cidade sagrada de Qom, em foto sem data

Segundo os familiares, Montazeri deverá ser enterrado no mausoléu de Masumeh, irmã do imã Reza, o oitavo imã do islamismo xiita. Assim que a notícia foi anunciada, estudantes se reuniram na Universidade de Teerã para ler versículos do Alcorão em homenagem ao clérigo, informou o site oposicionista Rahesabz.

"Milhares de pessoas de Ispahan, de Najafabad [a cidade onde nasceu Montazeri] e de Shiraz estão indo a Qom para o funeral", afirmou em seu site a minoria de oposição parlamentar.

O aiatolá Montazeri, um respeitado teólogo, foi um dos idealizadores da Revolução Islâmica de 1979 e participou da elaboração da Constituição da República Islâmica. Ex-aluno do imã Khomeini, ele se firmou aos poucos como um dos líderes da revolução, até ser designado publicamente o sucessor do fundador do regime, em 1985.

No entanto, Montazeri, considerado da ala mais liberal e progressista do clérigo, passou a criticar fortemente a atitude do regime em relação à oposição e acabou afastado do poder, em 1989, pouco antes da morte do próprio Khomeini. Montazeri foi, então, colocado em prisão domiciliar, onde permaneceu por quase 15 anos.

A prisão domiciliar de Montazeri foi revogada em 2003, o que lhe permitiu recuperar uma certa liberdade. Ele começou a contestar a política do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Sobre a polêmica reeleição de Ahmadinejad, em junho passado, Montazeri disse que "ninguém pode acreditar" que a votação foi justa e denunciou a repressão violenta às manifestações que aconteceram logo em seguida.

Em 16 de dezembro, em sua última declaração pública, Montazeri denunciou em seu site a "morte de inocentes", a "detenção de militantes políticos pedindo liberdade" e os "processos ilegais" de opositores. "Se as autoridades seguirem por este caminho, o povo vai se distanciar completamente do regime e a crise atual vai piorar."

Neste domingo, ao noticiar a morte de Montazeri, as agências oficiais e semioficiais se limitaram ao chamá-lo de "senhor", sem mencionar sua qualidade de grande aiatolá. Em uma biografia sucinta, a agência iraniana Irna destacou que Montazeri era "personalidade religiosa ativa para os baderneiros [opositores que protestaram contra a reeleição de Ahmadinejad]", criticando "as declarações sem fundamentos elogiadas pela imprensa contrarrevolucionária".

As autoridades já avisaram à imprensa estrangeira que ela não será autorizada a viajar à cidade sagrada de Qom, na segunda-feira, para acompanhar o funeral.

 

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