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01/01/2004
-
20h04
da France Presse, em San Cristobal de Las Casas
Cerca de dois mil índios comemoraram nesta quinta-feira o décimo aniversário do levante dos rebeldes zapatistas no estado mexicano de Chiapas (sudeste), convocando a população a "defender as conquistas" dos municípios "autônomos" e afirmando que "a guerra é contra o esquecimento e a discriminação".
As comemorações, umas das menos animadas dos últimos anos, foram acompanhadas por uma discreta mobilização no território sob seu poder e a cautelosa vigilância do governo.
"Estamos reunidos aqui para comemorar o décimo aniversário do levante do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), porque é a parte mais importante da nossa grande história como povos indígenas e decididos a defender as conquistas dos municípios autônomos", disse um líder indígena encapuzado na aldeia de Oventic, nos Altos de Chiapas.
Índios, mestiços e estrangeiros que chegaram a esta comunidade nos últimos dias comemoram com eventos culturais o aniversário da guerrilha.
Clima festivo
A festa inclui peças de teatro, dança e música tradicional e à meia-noite estava programado um pronunciamento político do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena (CCRI), embora os zapatistas não tivessem informado a realização de mobilizações para celebrar a data.
O ato foi um dos menos concorridos dos últimos dez anos e até mesmo a presença indígena se limita a moradores da região dos Altos e a maioria é originária do município autônomo de San Andrés Sacamchen de los Pobres.
Um homem com o rosto coberto, como a maioria dos nativos do local, disse que estava contente porque "há festa e tudo está tranquilo" na região.
Subcomandante Marcos
Dez anos depois de sua rebelião com o grito de "¡Ya Basta!" (Já Chega!), o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) parece se conformar com um papel cada vez mais simbólico entrincheirado nas montanhas do sudeste mexicano, onde seu porta-voz, o encapuzado subcomandante Marcos, só rompe o silêncio esporadicamente.
No início de novembro, Marcos anunciou que as festividades zapatistas, tanto do levante como da formação do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), em 1983, seriam pacíficas e com um tom marcadamente cultural, algo que tem sido cumprido até agora.
"O EZLN completa 20 anos de nascimento. Por esse motivo, o EZLN se propõe a celebrar, na companhia dos povos indígenas em resistência, internamente e a portas fechadas", anunciou o subcomandante.
Mobilização
Em agosto passado, frente a 5.000 indígenas e simpatizantes estrangeiros, a guerrilha formalizou a passagem de seu poder a cinco Juntas de Bom Governo, que regem, com seus próprios usos e costumes, vinte municípios indígenas (37, segundo os zapatistas).
Chiapas, com 3,7 milhões de habitantes, é o Estado com maior população indígena do país.
No entanto, em San Cristóbal de las Casas, que há dez anos acordou com a surpresa de ver desfilar por suas ruas centenas de indígenas armados, o ritmo da cidade era absolutamente normal na quarta-feira, véspera do aniversário.
Turistas, cidadãos fazendo as últimas compras para as festas e os habituais objetos de artesanato indígena, além de cartazes e artigos de propaganda da guerrilha, animavam as ruas da cidade provincial, fundada em 1528 e uma das mais antigas do México.
As marcas dos 12 dias de confrontos naquele trágico janeiro de 1994, com um saldo de mais de 150 mortos, desapareceram, embora os zapatistas e seus ativos partidários garantam que a presença do exército continue sendo uma sombra ameaçadora.
A 10 km de distância, no vizinho Rancho Nuevo, sede da 31ª Zona Militar, atacada em 2 de janeiro pelos zapatistas, o Exército federal vigiava discretamente a estrada entre San Cristóbal e Comitán.
O major J. S. Vargas disse que apesar do aniversário zapatista "tudo continua normal" e que as atividades que os soldados realizam são como as de qualquer outro dia.
"Felizmente tudo está em paz em Chiapas", disse há poucos dias o presidente Vicente Fox, pouco depois de inaugurar uma nova ponte, a maior do México, que aproxima um pouco mais Chiapas da capital mexicana.
Tensão
Mas a tensão que impera na região se refletiu na tarde da última terça-feira, quando uma forte explosão acidental, provocada por um curto circuito, mobilizando as corporações policiais e de defesa civil. Só uma pessoa ficou intoxicada.
Em fevereiro e março, os zapatistas organizaram uma grande marcha que levou a uma manifestação maciça na capital mexicana.
A marcha marcou o apogeu do poder de convocação do EZLN e ao mesmo tempo, inaugurou sua lenta retirada da cena pública, enquanto o Congresso aprovava uma lei de direitos indígenas que não satisfez nem a Marcos nem o comando zapatista.
Desde então, Marcos tem recusado a se reunir com o delegado para a paz em Chiapas, Luis Alvarez, que recentemente lamentou "a resistência a negociar" dos zapatistas, que tecnicamente ainda estão em armas.
O levante zapatista conseguiu há uma década ofuscar no México a entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA).
Zapatistas comemoram em paz aniversário de rebelião armada de 1994
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Cerca de dois mil índios comemoraram nesta quinta-feira o décimo aniversário do levante dos rebeldes zapatistas no estado mexicano de Chiapas (sudeste), convocando a população a "defender as conquistas" dos municípios "autônomos" e afirmando que "a guerra é contra o esquecimento e a discriminação".
As comemorações, umas das menos animadas dos últimos anos, foram acompanhadas por uma discreta mobilização no território sob seu poder e a cautelosa vigilância do governo.
"Estamos reunidos aqui para comemorar o décimo aniversário do levante do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), porque é a parte mais importante da nossa grande história como povos indígenas e decididos a defender as conquistas dos municípios autônomos", disse um líder indígena encapuzado na aldeia de Oventic, nos Altos de Chiapas.
Índios, mestiços e estrangeiros que chegaram a esta comunidade nos últimos dias comemoram com eventos culturais o aniversário da guerrilha.
Clima festivo
A festa inclui peças de teatro, dança e música tradicional e à meia-noite estava programado um pronunciamento político do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena (CCRI), embora os zapatistas não tivessem informado a realização de mobilizações para celebrar a data.
O ato foi um dos menos concorridos dos últimos dez anos e até mesmo a presença indígena se limita a moradores da região dos Altos e a maioria é originária do município autônomo de San Andrés Sacamchen de los Pobres.
Um homem com o rosto coberto, como a maioria dos nativos do local, disse que estava contente porque "há festa e tudo está tranquilo" na região.
Subcomandante Marcos
Dez anos depois de sua rebelião com o grito de "¡Ya Basta!" (Já Chega!), o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) parece se conformar com um papel cada vez mais simbólico entrincheirado nas montanhas do sudeste mexicano, onde seu porta-voz, o encapuzado subcomandante Marcos, só rompe o silêncio esporadicamente.
No início de novembro, Marcos anunciou que as festividades zapatistas, tanto do levante como da formação do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), em 1983, seriam pacíficas e com um tom marcadamente cultural, algo que tem sido cumprido até agora.
"O EZLN completa 20 anos de nascimento. Por esse motivo, o EZLN se propõe a celebrar, na companhia dos povos indígenas em resistência, internamente e a portas fechadas", anunciou o subcomandante.
Mobilização
Em agosto passado, frente a 5.000 indígenas e simpatizantes estrangeiros, a guerrilha formalizou a passagem de seu poder a cinco Juntas de Bom Governo, que regem, com seus próprios usos e costumes, vinte municípios indígenas (37, segundo os zapatistas).
Chiapas, com 3,7 milhões de habitantes, é o Estado com maior população indígena do país.
No entanto, em San Cristóbal de las Casas, que há dez anos acordou com a surpresa de ver desfilar por suas ruas centenas de indígenas armados, o ritmo da cidade era absolutamente normal na quarta-feira, véspera do aniversário.
Turistas, cidadãos fazendo as últimas compras para as festas e os habituais objetos de artesanato indígena, além de cartazes e artigos de propaganda da guerrilha, animavam as ruas da cidade provincial, fundada em 1528 e uma das mais antigas do México.
As marcas dos 12 dias de confrontos naquele trágico janeiro de 1994, com um saldo de mais de 150 mortos, desapareceram, embora os zapatistas e seus ativos partidários garantam que a presença do exército continue sendo uma sombra ameaçadora.
A 10 km de distância, no vizinho Rancho Nuevo, sede da 31ª Zona Militar, atacada em 2 de janeiro pelos zapatistas, o Exército federal vigiava discretamente a estrada entre San Cristóbal e Comitán.
O major J. S. Vargas disse que apesar do aniversário zapatista "tudo continua normal" e que as atividades que os soldados realizam são como as de qualquer outro dia.
"Felizmente tudo está em paz em Chiapas", disse há poucos dias o presidente Vicente Fox, pouco depois de inaugurar uma nova ponte, a maior do México, que aproxima um pouco mais Chiapas da capital mexicana.
Tensão
Mas a tensão que impera na região se refletiu na tarde da última terça-feira, quando uma forte explosão acidental, provocada por um curto circuito, mobilizando as corporações policiais e de defesa civil. Só uma pessoa ficou intoxicada.
Em fevereiro e março, os zapatistas organizaram uma grande marcha que levou a uma manifestação maciça na capital mexicana.
A marcha marcou o apogeu do poder de convocação do EZLN e ao mesmo tempo, inaugurou sua lenta retirada da cena pública, enquanto o Congresso aprovava uma lei de direitos indígenas que não satisfez nem a Marcos nem o comando zapatista.
Desde então, Marcos tem recusado a se reunir com o delegado para a paz em Chiapas, Luis Alvarez, que recentemente lamentou "a resistência a negociar" dos zapatistas, que tecnicamente ainda estão em armas.
O levante zapatista conseguiu há uma década ofuscar no México a entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA).
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