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05/01/2004 - 18h50

Oposição convoca dois dias de greve geral no Haiti

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da France Presse, em Porto Príncipe (Haiti)

A plataforma democrática da sociedade civil e partidos da oposição convocaram hoje dois dias de greve geral, na quinta-feira (8) e na sexta-feira (9), e outros dois dias de manifestações para exigir a renúncia do presidente do Haiti, Jean Bertrand Aristide, 50.

O chamado, segundo os dirigentes da plataforma, tem como base a "alternativa de transição" proposta na sexta-feira (2), que prevê a saída do atual chefe de Estado e a instalação, por dois anos, de uma Presidência provisória.

O secretário de Estado de Comunicação, Mario Dupuy, rejeitou esta proposta que traduziu em "desprezo pela população".

Aristide, presidente do Haiti de 1991 a 1996 que conclui o segundo mandato em 2006, domina a vida política do país desde 1990.

Desde sua entrada na política em 1985 como um jovem sacerdote comprometido, com um discurso inflamado e partidário da teologia da libertação, Aristide superou várias provas, ajudado pela sorte e por sua habilidade de usar as forças em jogo no país.

Desencanto

Aristide enfrenta atualmente o desencanto de seus partidários e os protestos contra seu governo, por uma parte da opinião pública.

Depois de ter escapado de várias tentativas de assassinato por parte de seus inimigos "macoutes" (a milícia de Duvalier) e militares, foi excluído pela hierarquia católica da ordem dos salesianos em 1988, por "incitação ao ódio e à violência e à exaltação da luta de classes".

Dois anos mais tarde, apoiado pela base comprometida politicamente da Igreja e por milhões de pobres dos bairros marginais e das zonas rurais, foi eleito à Presidência por seu nacionalismo progressista e seu populismo abertamente antiamericano.

No dia 30 de setembro de 1991, oito meses depois de assumir, foi derrotado por um sangrento golpe de Estado militar dirigido pelo general Raoul Cédras, comandante do Exército.

Exilado na Venezuela, depois em Washington, pressionou o governo americano, que acabou por intervir militarmente no Haiti com 20 mil homens.

Liderança

Aristide voltou ao poder em outubro de 1994 graças aos Estados Unidos. Depois da dissolução do Exército, reconheceu Cuba às vésperas de deixar o poder no dia 7 de fevereiro de 1996.

Nascido no dia 15 de julho de 1953 e despojado de seu direito de exercer o sacerdócio por uma resolução do Vaticano, o ex-padre dos marginalizados tornou-se pai de família depois do casamento, em janeiro de 1996, com uma advogada haitiano-americana, Mildred Trouillot, 33, com quem teve duas filhas.

Apesar de ter-se retirado do poder de 1996 a 2001, continuou dominando a cena política durante o mandato de seu protegido René Préval, a quem mantém sob controle.

Seu movimento Lavalas ("a avalanche" em criollo) experimentou no entanto importantes defecções. A oposição acusa Aristide e seus assessores de estarem envolvidos em assassinatos políticos, enriquecimento ilícito e relações com o narcotráfico. Essas acusações foram qualificadas de "calúnias" por Aristide.

Considerando-se sempre progressista, apesar de adotar um programa de alianças com o empresariado neoliberal, se apresentou como o homem do "renascimento" do Haiti, sendo reeleito em novembro de 2000 à Presidência para um último mandato de cinco anos (fevereiro de 2001-2006), já que a Constituição que não conseguiu modificar o impede de apresentar-se a um terceiro período.
 

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