Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/01/2004 - 05h34

Alegação sem prova pode melhorar imagem de Charles, diz biógrafo

Publicidade

FÁBIO ZANINI
Free-lance para a Folha de S.Paulo, em Londres

As alegações da princesa Diana de que seu ex-marido pretendia matá-la, em vez de dar novo fôlego às teorias conspiratórias, terão efeito contrário. Serão uma espécie de "tiro de misericórdia" em especulações de que ela foi assassinada. A análise é de Robert Lacey, um dos mais respeitados biógrafos da família real britânica, autor, entre outros, de "Majesty", sobre a rainha Elizabeth 2ª, e "Princess", sobre Diana.

"A idéia de uma conspiração já era vista pelos britânicos como surreal. Agora, passa a ser absurda", disse à Folha de S.Paulo. Em sua opinião, a acusação é um "bônus" para o príncipe Charles, que poderá extrair do episódio maior simpatia do público, o que "ele precisa desesperadamente".

Folha - O sr. leva a sério a acusação de Diana?
Robert Lacey - De maneira alguma. Não há uma evidência, um indício concreto, nada. Fica claro que é apenas o comportamento de uma personalidade perturbada, errática e ainda magoada com o fim de seu casamento.

Folha - A teoria conspiratória ganha força com a revelação da carta?
Lacey - Acredito no contrário. Antes desse episódio, as teorias de que a CIA, o governo francês ou terroristas estivessem envolvidos no suposto assassinato já eram vistas pelos britânicos como surreais. Agora, passa a ser absurda. Mesmo quem odeia Charles jamais acreditaria que ele fosse matar a mãe de seus filhos. Há outra razão para não acreditar. Eu, se fosse matar Diana, jamais tentaria um acidente de carro. Era grande a possibilidade de ela sobreviver. O segurança sobreviveu.

Folha - De qualquer forma, é mais um episódio desgastante para Charles.
Lacey - A situação dele já é péssima. A indecisão no romance com Camilla Parker-Bowles é muito prejudicial à sua imagem. Ele vai ter que tomar uma decisão em breve: ou renuncia ao trono para ficar com seu amor, como seu tio-avô fez [Edward 8º abdicou nos anos 30 para casar com uma americana divorciada], ou oficializa a união e transforma Camilla em rainha. Nesse contexto ruim, o fato de ter sido recentemente acusado de homossexualismo e agora de assassinato, ambas as vezes sem a menor prova, pode até ser que resulte numa maior simpatia do público para com ele, o que ele precisa desesperadamente.

Folha - Qual o impacto da revelação para o príncipe William?
Lacey - Isso é mais complicado. Ver os pais brigando pela imprensa sempre foi muito doloroso para ele. Que isso continue mesmo após a morte da mãe é psicologicamente terrível. Essa é uma situação preocupante para a família real, ainda mais quando tantas esperanças estão sendo depositadas sobre William para que ele salve o prestígio da monarquia.

Folha - E a rainha, como sai do episódio?
Lacey - Acho que sai bem. A população britânica diferencia a rainha do resto da família real. Ela é vista como sóbria e humana. Nesse episódio, é a imagem de Diana que sai perdendo.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página