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03/02/2004
-
06h28
MÁRCIO SENNE DE MORAES
da Folha de S.Paulo
A proposta de Orçamento de George W. Bush privilegia as prioridades de sua administração (a segurança interna e a guerra ao terror), mas não negligencia o fato de 2004 ser um ano eleitoral.
Pela primeira vez, o presidente propôs sérios cortes em programas federais, visando reduzir o déficit orçamentário. Todavia nem tudo o que foi proposto será aprovado pelo Congresso. Por exemplo, a proposta de supressão de 65 programas federais num ano em que também há eleições legislativas dificilmente passará.
Ademais, já há até republicanos que se preocupam com a dimensão do déficit público projetado para 2004, US$ 521 bilhões, valor equivalente ao PIB brasileiro. E a desculpa apresentada por Bush ("Fomos atacados e estamos em guerra") já não soa mais tão bem.
Para os democratas, trata-se de um prato cheio num ano eleitoral. Bush sabe disso e busca proteger-se de eventuais ataques, segundo analistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.
"O presidente revelou uma proposta em que corre poucos riscos, já que, em tese, leva em conta a austeridade que pregava no passado. Contudo sua proposta de redução do déficit não é factível, pois ele quer manter o corte de impostos e os gastos com a guerra ao terror e com a segurança interna", analisou Matthew Crenson, da Universidade Johns Hopkins.
"Bush não pode esquecer-se de suas prioridades. A guerra ao terror pauta suas ações externas desde o 11 de Setembro. Isso não mudará agora. Internamente, ele não pode correr o risco da ocorrência de outro atentado nos EUA num ano de eleição. Assim, gasta alto para tentar proteger o território americano", disse Kenneth Waltz, autor de, entre outros, "Theory of International Politics".
Embora pareça ser cuidadosa, sua proposta será alvo de duros ataques dos democratas. Primeiro, a manutenção de uma redução de impostos que favorece sobretudo as classes mais abastadas minará a criação de empregos.
Segundo, um dos gastos mais elevados previstos é com o Medicare (espécie de seguro-saúde). O problema é que, antes de sua aprovação, no final de 2003, Bush previa um gasto de US$ 400 bilhões com o programa. Na proposta de Orçamento, o número subiu para US$ 534 bilhões.
Congressistas democratas já se dizem "enganados, como no caso da guerra", aludindo às falhas de inteligência que ajudaram a justificar a invasão do Iraque.
Finalmente, a ausência de uma previsão de gastos adicionais com o Iraque e com o Afeganistão gera dúvidas entre os congressistas. Afinal, deixa aberta a possibilidade de um pedido extra-orçamentário, o que serviria para aumentar ainda mais o déficit público.
Em ano eleitoral, Bush tenta proteger-se de ataques
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da Folha de S.Paulo
A proposta de Orçamento de George W. Bush privilegia as prioridades de sua administração (a segurança interna e a guerra ao terror), mas não negligencia o fato de 2004 ser um ano eleitoral.
Pela primeira vez, o presidente propôs sérios cortes em programas federais, visando reduzir o déficit orçamentário. Todavia nem tudo o que foi proposto será aprovado pelo Congresso. Por exemplo, a proposta de supressão de 65 programas federais num ano em que também há eleições legislativas dificilmente passará.
Ademais, já há até republicanos que se preocupam com a dimensão do déficit público projetado para 2004, US$ 521 bilhões, valor equivalente ao PIB brasileiro. E a desculpa apresentada por Bush ("Fomos atacados e estamos em guerra") já não soa mais tão bem.
Para os democratas, trata-se de um prato cheio num ano eleitoral. Bush sabe disso e busca proteger-se de eventuais ataques, segundo analistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.
"O presidente revelou uma proposta em que corre poucos riscos, já que, em tese, leva em conta a austeridade que pregava no passado. Contudo sua proposta de redução do déficit não é factível, pois ele quer manter o corte de impostos e os gastos com a guerra ao terror e com a segurança interna", analisou Matthew Crenson, da Universidade Johns Hopkins.
"Bush não pode esquecer-se de suas prioridades. A guerra ao terror pauta suas ações externas desde o 11 de Setembro. Isso não mudará agora. Internamente, ele não pode correr o risco da ocorrência de outro atentado nos EUA num ano de eleição. Assim, gasta alto para tentar proteger o território americano", disse Kenneth Waltz, autor de, entre outros, "Theory of International Politics".
Embora pareça ser cuidadosa, sua proposta será alvo de duros ataques dos democratas. Primeiro, a manutenção de uma redução de impostos que favorece sobretudo as classes mais abastadas minará a criação de empregos.
Segundo, um dos gastos mais elevados previstos é com o Medicare (espécie de seguro-saúde). O problema é que, antes de sua aprovação, no final de 2003, Bush previa um gasto de US$ 400 bilhões com o programa. Na proposta de Orçamento, o número subiu para US$ 534 bilhões.
Congressistas democratas já se dizem "enganados, como no caso da guerra", aludindo às falhas de inteligência que ajudaram a justificar a invasão do Iraque.
Finalmente, a ausência de uma previsão de gastos adicionais com o Iraque e com o Afeganistão gera dúvidas entre os congressistas. Afinal, deixa aberta a possibilidade de um pedido extra-orçamentário, o que serviria para aumentar ainda mais o déficit público.
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