Publicidade
Publicidade
06/02/2004
-
05h33
MÁRCIO SENNE DE MORAES
da Folha de S.Paulo
As afirmações de George Tenet, diretor da CIA, não deverão ter grande impacto sobre a disputa eleitoral americana, pois a população está mais preocupada com outros temas, como a economia.
A análise é de Ole Holsti, professor na Universidade Duke (EUA) e autor de, entre outros, "Public Opinion and American Foreign Policy" (opinião pública e política externa americana). Leia sua entrevista, por telefone, à Folha de S.Paulo.
Folha - Que impacto as afirmações de Tenet terão sobre a disputa eleitoral americana?
Ole Holsti - Trata-se de uma boa questão. É normal que a CIA tente proteger-se de futuros ataques, argumentando que sua participação não foi crucial no que concerne à decisão de invadir o Iraque.
Contudo não creio que, aos olhos dos eleitores, a questão iraquiana venha a ter um papel vital na disputa pela Presidência. O eleitorado está mais preocupado com a economia, com a ausência de uma verdadeira criação de empregos, com o sistema público de saúde e com a Previdência Social, segundo pesquisas recentes.
Ademais, a eleição ainda está muito distante, e, até julho ou agosto, quando a campanha realmente vai esquentar, as alegações sobre falhas do serviço de inteligência já terão sido esquecidas.
O problema de George W. Bush é a morte de soldados no Iraque, não questões ligadas à guerra. Esta já faz parte do passado. Seu maior trunfo, por outro lado, é a prisão de Saddam Hussein.
As afirmações de Tenet só servirão para inflamar a campanha dos pré-candidatos democratas. Por ora, não haverá outras conseqüências. Vale lembrar que a comissão que investigará o caso só divulgará o resultado de seus trabalhos após a eleição presidencial.
Folha - A controvérsia atual abala a imagem internacional da CIA?
Holsti - A Guerra do Iraque abalou bastante a imagem internacional da CIA e, sobretudo, a dos EUA. O tipo de simpatia que a população da maioria dos países do mundo tinha pelos EUA após o 11 de Setembro foi se dissipando, e a imagem atual do país é péssima.
As declarações de Tenet e o escândalo relacionado aos serviços de espionagem servirão para que, internacionalmente, as pessoas tenham certeza de que a decisão de invadir o Iraque foi equivocada. Indubitavelmente, a controvérsia terá mais repercussões no exterior. Será preciso muito mais que uma campanha de relações públicas para reverter o quadro.
Folha - Todavia a CIA é importante na guerra ao terror. Até que ponto a controvérsia pode minar seu trabalho internacional?
Holsti - Quando há um grande erro, as agências de inteligência sempre levam parte da culpa, como ocorreu no caso do colapso da URSS ou no do bombardeio acidental da Embaixada da China em Belgrado, em 1999.
É claro que isso não é bom para a reputação da CIA, mas não creio que venha a minar seriamente seu trabalho no exterior. Uma verdadeira mudança existirá porque ficou claro que depender quase exclusivamente de tecnologia de ponta não é suficiente. É preciso um minucioso trabalho de campo, com agentes bem treinados.
Especial
Leia mais sobre o Iraque ocupado
Analista vê pouco impacto de declarações de Tenet em eleição
Publicidade
da Folha de S.Paulo
As afirmações de George Tenet, diretor da CIA, não deverão ter grande impacto sobre a disputa eleitoral americana, pois a população está mais preocupada com outros temas, como a economia.
A análise é de Ole Holsti, professor na Universidade Duke (EUA) e autor de, entre outros, "Public Opinion and American Foreign Policy" (opinião pública e política externa americana). Leia sua entrevista, por telefone, à Folha de S.Paulo.
Folha - Que impacto as afirmações de Tenet terão sobre a disputa eleitoral americana?
Ole Holsti - Trata-se de uma boa questão. É normal que a CIA tente proteger-se de futuros ataques, argumentando que sua participação não foi crucial no que concerne à decisão de invadir o Iraque.
Contudo não creio que, aos olhos dos eleitores, a questão iraquiana venha a ter um papel vital na disputa pela Presidência. O eleitorado está mais preocupado com a economia, com a ausência de uma verdadeira criação de empregos, com o sistema público de saúde e com a Previdência Social, segundo pesquisas recentes.
Ademais, a eleição ainda está muito distante, e, até julho ou agosto, quando a campanha realmente vai esquentar, as alegações sobre falhas do serviço de inteligência já terão sido esquecidas.
O problema de George W. Bush é a morte de soldados no Iraque, não questões ligadas à guerra. Esta já faz parte do passado. Seu maior trunfo, por outro lado, é a prisão de Saddam Hussein.
As afirmações de Tenet só servirão para inflamar a campanha dos pré-candidatos democratas. Por ora, não haverá outras conseqüências. Vale lembrar que a comissão que investigará o caso só divulgará o resultado de seus trabalhos após a eleição presidencial.
Folha - A controvérsia atual abala a imagem internacional da CIA?
Holsti - A Guerra do Iraque abalou bastante a imagem internacional da CIA e, sobretudo, a dos EUA. O tipo de simpatia que a população da maioria dos países do mundo tinha pelos EUA após o 11 de Setembro foi se dissipando, e a imagem atual do país é péssima.
As declarações de Tenet e o escândalo relacionado aos serviços de espionagem servirão para que, internacionalmente, as pessoas tenham certeza de que a decisão de invadir o Iraque foi equivocada. Indubitavelmente, a controvérsia terá mais repercussões no exterior. Será preciso muito mais que uma campanha de relações públicas para reverter o quadro.
Folha - Todavia a CIA é importante na guerra ao terror. Até que ponto a controvérsia pode minar seu trabalho internacional?
Holsti - Quando há um grande erro, as agências de inteligência sempre levam parte da culpa, como ocorreu no caso do colapso da URSS ou no do bombardeio acidental da Embaixada da China em Belgrado, em 1999.
É claro que isso não é bom para a reputação da CIA, mas não creio que venha a minar seriamente seu trabalho no exterior. Uma verdadeira mudança existirá porque ficou claro que depender quase exclusivamente de tecnologia de ponta não é suficiente. É preciso um minucioso trabalho de campo, com agentes bem treinados.
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice